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Opinião: A Juventus podia dar outra oportunidade a Douglas Luiz

Douglas Luiz ao serviço da Juventus
Douglas Luiz ao serviço da JuventusProfimedia

O brasileiro tem estado à margem da equipa Bianconeri desde o ano passado, e em vias de sair. No entanto, Tudor mostrou que não tem filhos e enteados como Thiago Motta, e é um jogador de plantel. Será justo dar-lhe uma nova oportunidade, talvez no papel que o treinador croata lhe atribuiu? Talvez sim, até porque foi exatamente aí que ele explodiu no Aston Villa.

Na vitória do Dortmund, que veio graças a dois belos golos de Cambiaso, a surpresa foi Douglas Luiz. O ex-jogador brasileiro do Aston Villa, considerado em baixa, entrou em campo no segundo tempo mostrando bons números, o bom toque de bola de sempre, mas, acima de tudo, foi utilizado numa nova posição em relação às partidas da temporada passada.

Substituto de Kenan Yildiz, o brasileiro actuou na zona dos três quartos, por vontade de Tudor, que explicou no final do jogo que o vê melhor no seu módulo pela sua capacidade de criar e finalizar, uma vez que também tem golos na sua bagagem técnica: "Douglas Luiz é um dos meus jogadores e vamos ver o que acontece. O Douglas estava no lugar do Yildiz, ele vê o golo, tem o golo no sangue. Se tiver de escolher neste sistema, vejo-o mais ali do que na frente da defesa, porque, na minha opinião, ele pode marcar golos. Trabalho com todos os jogadores que tenho à minha disposição, trato-os como deve ser e depois, como já disse, veremos o que acontece".

Números fabulosos no Aston Villa

Qualidades também demonstradas no Aston Villa, quando Unai Emery decidiu dar-lhe mais liberdade no meio-campo e, numa posição avançada na Premier League 2022/23, marcou 12 golos.

Na sua última época em Villa Park, Luiz disputou 53 jogos em todas as competições, marcando dez golos e fazendo  dez assistências, ocupando também o quarto lugar no campeonato em oportunidades criadas (dez) e o terceiro em passes bem sucedidos (89%), o quarto em contrastes por jogo (1,7) e ainda o primeiro em passes-chave por jogo, com uma média de 1,5.

Números que chocam com o que temos visto até agora em Turim, onde o brasileiro, que chegou por um total de 50 milhões de euros (pagos em parte com a venda de Iling Jr. e Barrenechea), também lutando com pequenas lesões (deve-se notar que em suas três temporadas no Aston Villa ele só perdeu 11 partidas), sofreu a atitude quase despótica de Thiago Motta, que de fato o colocou à margem da equipe, dando-lhe apenas sobras de partidas em finais que já haviam sido decididas.

Um ano difícil pessoal e profissionalmente

Algo que deve ter perturbado o carioca de 27 anos, que também viveu um ano pouco feliz do ponto de vista emocional, devido à separação da estrela da Juventus Feminina Alisha Lehmann, com quem havia chegado a Turim como noivo.

A chegada de Tudor não parece ter mudado muito as coisas, dada a ausência de minutos no Mundial de Clubes, e o brasileiro, cada vez mais insatisfeito, complicou as coisas com a sua ausência no primeiro dia de treinos, sancionando efetivamente uma separação às portas, com a Juventus em contacto com o Nottingham Forest e o Everton para uma transferência.

Nos últimos dias, algo mudou: Não chegaram propostas adequadas (os Bianconeri pedem 40 milhões de euros, a pagar com empréstimos onerosos e obrigações de resgate, mesmo "disfarçados" de direitos), o brasileiro pediu desculpa a toda a equipa, e Tudor - que se tem mostrado muito mais flexível mentalmente do que Motta - decidiu recebê-lo de volta, e dar-lhe uma oportunidade como a qualquer outro elemento do plantel, um pouco à semelhança do que aconteceu com Dusan Vlahovic, que está numa situação semelhante, mas com a agravante de ter um contrato a expirar.

A relação difícil com Motta está na origem dos problemas?

É claro que não será fácil subir na hierarquia, mas se falta algo a Luiz, pode ser carácter, vontade, disciplina, mas não certamente técnica, dada a naturalidade com que toca na bola, no topo de todo o plantel da Juventus.

Mesmo em relação ao rapaz, pessoalmente, tenho as minhas reservas em classificá-lo como indisciplinado, uma vez que em Inglaterra não era esse o caso, e o próprio Guardiola, que o teve no City em 2021, disse sobre ele : "É um rapaz que joga sempre. É um jogador importante para o Aston Villa. É um rapaz inteligente com a bola, muito forte fisicamente. É um rapaz adorável, adorável".

A sensação que fica é que Luiz ficou triste com o tratamento que recebeu de Thiago Motta, com quem, apesar da nacionalidade comum, não houve certamente amor, mas também não houve química, nem humana nem profissional, com o treinador a utilizá-lo muito na defesa e o médio brasileiro a dar a sua própria volta ao causar duas penalidades em dois jogos.

Uma nova oportunidade para provar a sua qualidade

A questão que se coloca agora é a seguinte: uma vez que Comolli, ao contrário dos seus antecessores, não pretende vender jogadores, mas quer receber a quantia certa, neste caso 40 milhões de euros para evitar uma mini-mergência, e essa quantia não parece estar a chegar, poderá a Juve tentar dar uma nova oportunidade a Douglas Luiz, tratando-o profissionalmente como um jogador de topo, o que o seu estatuto e a quantia paga exigiriam?

Talvez devesse ser feita uma tentativa, porque esta equipa precisa muito de um reforço de qualidade, um homem que possa fazer assistências e até golos a partir da defesa. Além disso, nessa posição, com a transferência de Mbangula para o Werder, os Bianconeri nem sequer têm um substituto natural para Yildiz. O próprio Nico Gonzalez, que também está de saída, mostrou no ano passado como é um peixe fora de água na esquerda.