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Entrevista Flashscore a Miguel Cardoso: “A minha temporada na Turquia está a correr bem”

Miguel Cardoso, extremo português do Kayserispor
Miguel Cardoso, extremo português do KayserisporKayserispor
Miguel Cardoso, avançado português, chegou à Turquia há quatro épocas (2021/22) para representar o Kayserispor. Em entrevista ao Flashscore, o jogador de 30 anos fez um balanço positivo da atual temporada, devido ao seu registo de cinco golos e seis assistências; destacou o papel dos treinadores e jogadores portugueses em solo turco e apontou ainda a um possível regresso de Bernardo Silva a Portugal, para representar o Benfica. 

A seis jornadas do final do campeonato, o Kayserispor de Miguel Cardoso luta pela manutenção, juntamente com o Bodrumspor e com o Alanyaspor dos treinadores portugueses José Morais e João Pereira, respetivamente. Num campeonato, onde o Fenerbahçe de José Mourinho ocupa a segunda posição na tabela classificativa. A presença dos portugueses na Turquia é cada vez maior, e a chegada do special one trouxe “um grande impacto” e “muita visibilidade” ao campeonato turco.

Orientado por Bruno Lage nas camadas jovens dos encarnados, Miguel Cardoso mantem-se atento ao campeonato português, considerando que a luta pelo título será “até à última jornada” entre Benfica e Sporting. Bernardo Silva, com quem partilhou balneário em alguns anos da sua formação, tem sido apontado ao Benfica, o que o jogador português ao serviço do Kayserispor vê como uma grande possibilidade, Bernardo Silva “sempre disse que gostava de voltar ao Benfica e numa boa fase da carreira”. 

- Como está a correr a temporada?

Tem sido uma temporada em crescendo. Desde o início que sabíamos que ia ser uma época muito complicada por todos os problemas que o clube está a passar, com o facto de não poder inscrever jogadores. Por não os poder contratar, temos um plantel muito curto. Tem sido uma época atribulada, já vamos no terceiro treinador… Mas creio que com este treinador que chegou, a equipa assentou. Conseguimos uma recuperação impressionante, com vinte e um pontos nos últimos onze jogos. Acho que temos tudo para acabar bem aquilo que começou mal. 

- Apesar das dificuldades da equipa, o Miguel Cardoso tem conseguido manter-se como o jogador com maior impacto ofensivo devido às suas seis assistências e aos seus cinco golos marcados. A sua temporada está acima daquilo que a equipa está a protagonizar?

- Sim, sinto que tenho importância na equipa, principalmente do ponto de vista ofensivo. Toda a gente confia bastante em mim, eu tento fazer o meu melhor. A nível de números, acho que a minha temporada na Turquia está a correr bem. Principalmente, nestes últimos dois meses, desde que chegou este treinador. Tenho vindo a melhorar bastante a minha performance, não só a nível de números mas também a nível de performance nos jogos. Penso que foi muito positivo e agora o foco é continuar a melhorar e continuar a época com a manutenção. 

- Como é que analisa o momento atual do futebol turco?

- Penso que o campeonato turco, nos últimos dois anos, tem duas equipas (Fenerbahçe e Galatasaray) que se destacam por completo, e as restantes equipas são muito equilibradas. Qualquer equipa pode ganhar em qualquer campo, como dizem os resultados. No meu ponto de visto, este é um fator muito positivo, para a qualidade do jogo e para o ambiente que se vive no estádio, pois os adeptos comparecem mais. Estes fatores ajudam à qualidade do campeonato turco, que tem vindo a aumentar. 

- É um campeonato que tem conseguido atrair treinadores de topo e alguns jogadores de topo…

- Logicamente que também é influenciado pela parte financeira, pois há clubes que conseguem chegar a bons valores para esse tipo de nomes, como é o caso do José Mourinho. É bastante positivo para o campeonato e para o resto das equipas, porque faz com que haja visibilidade no campeonato. 

“Há um respeito muito grande pela figura José Mourinho”

- É um campeonato que também tem outros portugueses, como José Mourinho, José Morais e João Pereira. Como é que o Miguel os recebe num campeonato que já é seu há algumas temporadas?

- É bastante positivo. É bom para nós portugueses. A Turquia é um país que sabe acolher estrangeiros e nós portugueses também nos sabemos adaptar a qualquer contexto. Temos jogadores e treinadores em todas as partes do mundo. Desejo o melhor sucesso ao José Mourinho e espero que ele seja campeão. O José Morais está a fazer um trabalho incrível no Bodrumspor. Antes de ele chegar era uma equipa dada como condenada, agora fizeram uma recuperação e estão acima da linha de água. O João Pereira tem uma tarefa difícil, também. Neste momento, estamos todos ali na luta e espero que todos tenhamos sucesso e consigamos os nossos objetivos que são as respetivas manutenções. Desejo o maior sucesso a todos os portugueses. 

- O que é que os turcos lhe dizem do futebol português e da chegada destes treinadores?

- Estamos muito bem vistos aqui na Turquia. Nós (portugueses) temos uma facilidade de adaptação grande. A nossa selecção tem vindo a crescer e o jogador português tem vindo a valorizar-se cada vez mais. Considero que somos jogadores bastante profissionais, os treinadores portugueses também dispensam apresentações... Isso é muito positivo para nós, porque a Turquia é um bom país e um bom campeonato e pode ajudar bastante aquilo que é o futebol português e os jogadores portugueses. 

- O José Mourinho, o José Morais e o João Pereira têm condições para atingir os seus objetivos?

- O José Mourinho está na luta, mas a tarefa será muito difícil para o Fenerbahçe, pois o Galatasaray tem cinco pontos de avanço e vantagem no confronto direto. Relativamente, ao Bodrumspor do José Morais e ao Alanyaspor do João Pereira, estão na mesma luta do que eu. Nós conseguimos dar um pequeno salto. O Bodrumspor conseguiu, desde que o mister José Morais chegou, fazer uma recuperação impressionante. Está num bom momento, não tem sofrido golos, o que é importante, e está em ascendente como nós. No Alanyaspor do João Pereira, estão ao contrário. Ele tem uma tarefa difícil mas eu considero que tem bons jogadores e que poderá ter sucesso, ainda que cada vez faltem menos jogos para o final e convém começar a ganhar. 

- Qual foi o impacto do José Mourinho no campeonato da Turquia e como é que o Miguel Cardoso vai vendo todos os comportamentos ao redor do José Mourinho?

- Teve um impacto muito grande. Um nome como o do José Mourinho traz um grande impacto, independentemente do campeonato. E aqui na Turquia, neste caso, o impacto foi enorme. Há um respeito muito grande pela figura José Mourinho e por tudo aquilo que conquistou no futebol mundial. Todas estas polémicas que têm vindo a acontecer com o José Mourinho e com o Fenerbahçe são vistas com alguma ironia por parte dos turcos. Não levam muito a sério porque sabem também qual é a forma de trabalhar do José Mourinho. Tem tido um impacto muito positivo naquilo que é o mundo Fenerbahçe e naquilo que é o campeonato turco e acho que traz muita visibilidade para toda a gente que está neste campeonato. 

Os números de Miguel Cardoso
Os números de Miguel CardosoFlashscore

“O futebol espanhol é aquele que eu gosto mais de ver e onde eu desfrutei mais jogar”

- Tem demonstrado vontade de regressar ao campeonato espanhol. É um sonho que se mantém vivo?

- Desde que joguei no campeonato espanhol que fiquei impressionado com tudo aquilo que envolve o futebol em si – a qualidade dos jogadores, das equipas técnicas, as infra-estruturas… Acho que é um campeonato com o qual eu me identifico mais. É um dos melhores campeonatos do mundo, penso que é o sonho de qualquer jogador. Pela forma de jogar, o futebol espanhol é aquele que eu gosto mais de ver e onde eu desfrutei mais jogar. Mas tenho contrato aqui, já vou fazer 31 anos e sei que não é fácil. 

- E o futebol português?

- Quero regressar. Penso que não será para breve, pelo menos não nos próximos 2/3 anos, quero continuar a desfrutar do futebol fora. Mas quero regressar ao futebol português que é o meu país e onde eu gostava de acabar a minha carreira. 

“Bernardo Silva sempre disse que gostava de voltar ao Benfica e numa boa fase da carreira”

- O Miguel Cardoso, que teve ligação ao Benfica na sua carreira, como vai seguindo a luta entre Benfica e Sporting pelo título de campeão nacional?

- A luta pelo campeonato está a ser bastante feroz entre o Sporting e o Benfica. Ainda nas últimas jornadas o Benfica empatou com o Arouca em casa e nada fazia prever esse resultado. Também as outras lutas pela manutenção estão bastante renhidas. Acompanho bastante o futebol português, vejo muitos jogos... Vamos ver quem será campeão. Acho que vai ser até à última jornada, acho que o dérbi também poderá decidir.

- Chegou a ser treinado pelo Bruno Lage. Olha também para a carreira deste treinador e para este Benfica de uma maneira diferente? 

- O mister Bruno Lage conhece-me desde miúdo. Trabalhámos duas vezes juntos no Benfica. Desejo-lhe todo o sucesso do mundo. Acompanho o seu percurso o máximo que posso. Vejo os jogos que consigo. É claro que eu olho de uma forma diferente, porque trabalhei com ele. Desejo que tenha muito sucesso. 

- Também trabalhou com o Bernardo Silva, que há poucos dias voltou a ser colocado na rota do Benfica. Está a ver o Bernardo a voltar a Portugal mais cedo do que se poderia esperar?

- Eu penso que se for o Benfica, sim. Não sei se nesta época ou na próxima mas mais cedo ou mais tarde. Ele nunca escondeu isto. Sempre disse que gostava de voltar ao Benfica e numa boa fase da carreira. Penso que havendo interesse do Benfica, acho que daria esse passo, porque sempre teve esse sonho de jogar pelo Benfica. Não digo nos melhores anos da carreira mas com uns bons anos ainda pela frente. 

- No contacto que vai tendo em jogadores que estão fora de Portugal, sente sempre esse pensamento neles? Esse carinho pelo país e pelo futebol onde se iniciaram?

- De uma forma geral, sim. Já tive oportunidade de jogar na primeira liga portuguesa, gosto muito do campeonato português. Mas nós sabemos que temos de vir ao estrangeiro para outro tipo de condições desportivas e financeiras, não vale a pena estar aqui a enumerar. Penso que todos os jogadores acabam por ter esse bichinho de regressar ao país e jogar no campeonato português.