A derrota frente ao Grimsby Town, da League Two, não só ditou a eliminação da equipa da Taça da Liga Inglesa (Carabao Cup), como deixou em aberto o futuro do treinador Rúben Amorim.
No rescaldo da partida, Ruben Amorim surgiu visivelmente abatido. As suas declarações após o encontro revelaram o tom de um homem no limite, deixando no ar a ideia de que os jogadores já não jogam por ele e dando a entender que o próprio treinador poderá estar perto da saída.
Contratado para rejuvenescer o United, ver Amorim incapaz de assistir à disputa de penáltis contra uma equipa três divisões abaixo disse tudo sobre o momento atual.
A época começou de forma desastrosa: três jogos sem vencer no campeonato e uma eliminação precoce na Taça, ainda antes do final de agosto. A equipa parece exposta, e os resultados têm sido preocupantes.
O mais grave, no entanto, é que os sinais de alerta deixados por Amorim ao longo das últimas semanas parecem ter sido ignorados.
No final da época passada, fontes próximas do balneário revelaram que Rúben Amorim transmitiu uma mensagem clara à direção: a contratação de um novo guarda-redes era prioridade absoluta.
Não apenas um, na verdade. Amorim queria ver tanto Altay Bayindir como André Onana substituídos. No entanto, iniciou a temporada com os dois ainda no plantel.
Os erros de alto nível - Bayindir no campeonato e Onana contra o Grimsby - já custaram caro ao Manchester United.
Isto não significa que Amorim esteja isento de responsabilidades. As suas decisões táticas estão sob escrutínio, e o seu historial desde que assumiu o comando não inspira confiança. Ainda assim, a estratégia de recrutamento do clube deixou-o em dificuldades.
Amorim queria um guarda-redes de confiança, mas o recém-chegado Senne Lammens, vindo do Royal Antwerp, embora talentoso, ainda não foi testado a este nível.
Queria Victor Osimhen como referência no ataque, mas o clube não aceitou as exigências pessoais do avançado e optou por Benjamin Šeško.
Queria ainda um médio defensivo para dar equilíbrio ao sistema, mas essa contratação nunca aconteceu.

Em vez disso, o United investiu pesado em Matheus Cunha e Bryan Mbeumo, dois avançados com currículo, mas incapazes de mudar a mentalidade de um plantel ainda repleto de jogadores indesejados, à espera de serem vendidos. O resultado é uma equipa desequilibrada, com lacunas gritantes em setores-chave.
Segundo fontes internas, a hierarquia do United avisou Amorim de que a qualificação para as competições europeias esta época não é negociável. Porém, passadas apenas algumas semanas, o clube ocupa o 16.º lugar na Premier League e já está fora de uma das duas únicas competições que lhe restavam.
A ironia é evidente: há apenas duas semanas, o United estava a explorar a contratação do médio do Brighton, Carlos Baleba, visto como ideal para o sistema de Amorim. Agora, o mesmo clube pondera vender Kobbie Mainoo, um dos maiores talentos da academia.
Para Amorim, o momento é delicado. As suas exigências no mercado foram apenas parcialmente atendidas, os resultados são dececionantes e o seu comportamento passou de confiante a derrotado num espaço de tempo surpreendentemente curto.
A visão de um treinador que queria construir um novo United deu rapidamente lugar à imagem de um homem que já não sabe se quer continuar.
