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Kinsky em entrevista após estreia pelo Tottenham: "Foi com isto que sempre sonhei"

Antonin Kinsky fez a sua estreia pelo Tottenham contra o Liverpool na Taça da Liga
Antonin Kinsky fez a sua estreia pelo Tottenham contra o Liverpool na Taça da LigaJavier Garcia / Shutterstock Editorial / Profimedia
Apenas duas sessões de treino, tentar lembrar-se dos nomes de todos os colegas de equipa e depois enfrentar o líder da Premier League, o Liverpool. É justo dizer que o guarda-redes Antonin Kinsky (21 anos) teve dias agitados desde que chegou ao Tottenham.

Já conseguiu contribuir para o cabedal de uma das melhores equipas do mundo.

"Foi com isto que sempre sonhei", afirmou numa entrevista à Sport Invest, a agência que representa Kinsky.

- Desde quando é que ficou definido que iria alinhar na baliza contra o Liverpool e como foi a sua preparação para o jogo?

- Por estar cá há apenas três dias, não sabia com muita antecedência. Senti-o no treino antes do jogo e na forma como os treinadores falaram comigo. Tanto durante esses três dias como, sobretudo, com o treinador de guarda-redes na véspera do jogo. Sabia que havia uma oportunidade de entrar na baliza.

Joguei o meu último jogo a 15 de dezembro e, desde então, só tive treinos de condicionamento com Lukas Stransky. Isso fez-me sentir muito bem, em termos de força e velocidade, que é o que um guarda-redes precisa. Foi bom, estava a agarrar bem. E consegui entrar no modo de guarda-redes, entrei rapidamente.

- Pareceu muito calmo desde os primeiros minutos. Não sentiu qualquer incerteza ou nervosismo antes da grande estreia?

- Pelo facto de ter sido titular no último jogo, há três semanas, já havia uma certa expetativa de como seria. Classicamente, na altura em que fui para o aquecimento, estava no mesmo modo de sempre. Concentrar-me em mim próprio, em situações individuais e tentar não reparar no ambiente, que penso ser a chave para conseguir fazer uma boa exibição. Deixar de pensar se há 60, 30 mil pessoas no estádio ou ninguém.

 Como é que se sentiu no jogo? O Liverpool pressionava cada vez mais à medida que o tempo passava...

- Foi bom. Durante as três semanas de pausa mencionadas, estive no ginásio quase todos os dias, a preparar-me fisicamente. Depois, era só fazer os movimentos de guarda-redes. E consegui-o. Graças às ótimas condições do centro de treinos e à grande atitude dos treinadores, que me ajudaram a recuperar rapidamente o ritmo. Especialmente o treinador de guarda-redes, que falou muito comigo no primeiro dia e me levou para o treino.

Foram apenas três dias, tudo aconteceu muito rápido, mas graças à atitude de todos no clube, foi possível gerir.

- Mostrou o que sabe fazer desde o início do jogo...

- Gosto de jogar com a bola e diria que tenho bastante confiança. Mas não gosto de correr riscos. Há uma diferença entre ser inteligente, confiante e correr riscos. A primeira parte ainda não foi 100%, mas na segunda parte estava confiante. Quero continuar a jogar assim. Os outros jogadores ajudaram-me muito.

- Na segunda parte, teve de fazer duas defesas difíceis contra Darwin Núñez...

- Não se trata apenas de jogar com os pés, mas também de ajudar a equipa nos momentos em que ela precisa. Tive a sorte de serem remates que podiam ser apanhados e de a bola não ter ido diretamente para a baliza, o que acontece muitas vezes na Premier League.

Concentrei-me em estar bem posicionado e ser capaz de reagir a tempo. Estou muito contente com as defesas, com o resultado e com todo o clube.

- Contra o líder da Premier League,ajudou a equipa a vencer e ainda por cima sem sofrer golos. Poderia ter feito uma estreia melhor?

- Eu diria que este é um daqueles momentos em que não dá para inventar. Foi com isto que sempre sonhei, vir para um grande clube como este e jogar grandes jogos como este. Estou grato por isso, aprecio-o. Por outro lado, sei que fui em frente.

É por isso que tenho treinado todos os dias, dando praticamente todo o meu tempo. Abdiquei de muitas coisas em detrimento disso e agora estou a recuperar. É uma questão de atitude, às vezes funciona, outras vezes não. No entanto, tenho sempre na minha cabeça que vou dar tudo por tudo e que estou a tentar fazer tudo o que posso para que resulte.

- O que achou do ambiente no estádio?

- O facto de ter vindo do Slavia, onde há muito barulho durante o jogo, ajudou-me muito. Aqui, é claro, havia três vezes mais pessoas e, quando o estádio inteiro começou a funcionar pela primeira vez, pensei: 'Meu Deus, isto é loucura'.

O ambiente é comparável ao do Eden (a casa do Slavia), embora deva dizer que este é mais elevado. Também devido às circunstâncias - para o Tottenham, contra o Liverpool, ganhar em casa, 60.000 pessoas... Estou entusiasmado com isso.

- Quais foram as primeiras reações dos seus companheiros de equipa e das pessoas do clube?

- Toda a gente estava entusiasmada. Estou muito contente porque cheguei há poucos dias. O clube é enorme, há muitas pessoas a trabalhar aqui, mas todos são muito simpáticos e prestáveis. Sem isso, não teria sido possível. Não se consegue assentar em três dias. Mas os rapazes e todos os que me rodeiam ajudaram-me. E estou especialmente contente por ter podido retribuir a todos com o meu desempenho no jogo. 

- Um vídeo do seu emocionante abraço pós-jogo com a sua irmã tem circulado nas redes sociais. O que é que conseguiram dizer um ao outro?

- Poucas palavras, foi emocionante. No aquecimento vi que elas estavam nas bancadas, fiquei muito feliz. Nem sempre se vai ter com eles. Agora o resultado do jogo ajudou. E foi bom que a minha irmã estivesse assim em baixo e, por isso, fosse a primeira pessoa com quem eu podia partilhar o momento. Já o disse algumas vezes: Ela está sempre lá para mim, tal como os meus pais. Nos momentos em que me portei bem e nos que não me portei bem. Estou grato por isso e aprecio-o.

- Já pensou num futuro mais longínquo, no que espera alcançar nesta época e nos próximos anos?

- Sem dúvida. Tenho os meus planos e objetivos. Honestamente, tenho quatro dias e 90 minutos em campo, por isso quero manter os pés no chão e não dizer que quero ganhar isto e aquilo. Vou voltar a treinar amanhã e trabalhar arduamente para estar o mais preparado possível para o próximo jogo.

Se os treinadores apontarem para mim novamente, quero estar pronto e fazer um desempenho tão bom quanto o que mostrei contra o Liverpool agora e como sempre tento fazer.