A Argélia era um dos candidatos à organização da Taça das Nações Africanas de 2025 ou 2027, que será decidida por uma votação do comité executivo da Confederação Africana de Futebol, no Cairo, esta quarta-feira.
A Federação Argelina de Futebol (FAF) declarou que a decisão de retirar a sua candidatura foi "motivada por uma nova abordagem da estratégia de desenvolvimento do futebol na Argélia".
"A FAF vai agora concentrar os seus esforços na reorganização e revitalização do futebol na Argélia, ao mesmo tempo que reitera o seu empenho inabalável no desenvolvimento do futebol africano. Nesta ocasião, a FAF agradece sinceramente à grande família do futebol africano pela compreensão da sua decisão, que não significa de modo algum um afastamento da Argélia do rei do desporto no continente", acrescenta o comunicado publicado no site oficial do organismo.
A retirada significa que a Argélia evita o embaraço diplomático de perder potencialmente para o vizinho Marrocos na votação de 2025. Argélia e Marrocos têm uma relação tensa, tanto a nível político como desportivo, com o futebol a ser frequentemente uma arena para a marcação de pontos públicos.
No início do ano, a Argélia construiu novos estádios e melhorou outras infra-estruturas para acolher o Campeonato Africano das Nações. O torneio para equipas quase nacionais, que são constituídas apenas por jogadores que jogam no seu país, foi considerado um sucesso e reforçou o argumento da Argélia para acolher a Taça das Nações, que terá 24 equipas.
Mas os especialistas em futebol africano afirmaram que a Argélia perdeu terreno na disputa por votos nos bastidores, com Marrocos a ser o grande favorito para 2025 e o Senegal para 2027.
A decisão sobre os anfitriões das edições de 2025 e 2027 é aguardada com expectativa há quase um ano, desde que a CAF retirou à Guiné, em outubro passado, o direito de acolher a edição de 2025 e, em seguida, anunciou que iria também nomear os anfitriões da edição de 2027, ao mesmo tempo que decidiria sobre um substituto para a Guiné, que se verificou estar muito atrasada nos preparativos.
A Argélia, Marrocos, Zâmbia e uma candidatura conjunta do Benim e da Nigéria estavam na corrida para a fase final de 2025.
A Argélia, o Botswana, o Egipto, o Senegal e uma candidatura conjunta do Quénia, da Tanzânia e do Uganda apresentaram propostas para acolher o torneio de 2027.
A organização da Taça das Nações tem tido uma história atribulada na última década, começando com a África do Sul a substituir a Líbia, devastada pela guerra, em 2013.
Em 2014, foi atribuído à Guiné o direito de acolher a fase final de 2023, juntamente com os Camarões (2019) e a Costa do Marfim (2021).
Mas os Camarões foram declarados não aptos para a fase final de 2019, pelo que o Egito entrou em cena. Os Camarões acolheram então a edição de 2021, adiada por um ano devido à pandemia de COVID-19.
A Costa do Marfim deveria acolher o evento de 2023 em junho, mas foi adiado por seis meses devido a preocupações com a estação das chuvas na África Ocidental.