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Altos e Baixos: O herói irlandês, a expulsão de Ronaldo e bicicleta de um... guarda-redes

Troy Parrott é o novo herói da República da Irlanda
Troy Parrott é o novo herói da República da IrlandaČTK / imago sportfotodienst / ©INPHO/Ryan Byrne/ Flashscore

A pausa internacional não está no topo das preferências dos amantes de futebol, mas esta semana trouxe-nos emoções fortes e decisões rumo ao Mundial-2026. O verão ainda vai longe, mas até lá ninguém irá esquecer o feito de Troy Parrott, o novo herói da República da Irlanda, numa semana que foi um pesadelo para Cristiano Ronaldo e a Itália. Já a Suécia continua adormecida e o pequeno Kosovo sonha com a presença em solo norte-americano no próximo verão, onde haverá uma máquina de golos à solta.

Alto: Troy Parrott

Depois de Robbie Keane, Troy Parrott. O histórico avançado irlandês já se retirou há muito tempo e a seleção continua à procura de um substituto à sua altura, que consiga conduzir a seleção rumo à fase final de um Mundial, o que não acontece desde 2002.

Quando apareceu nas camadas jovens do Tottenham, curiosamente onde Robbie Keane deixou marca, Troy Parrott prometia ser esse sucessor, mas os caminhos da carreira deste avançado, agora com 24 anos, adiaram um sonho que começa a parecer possível.

Curiosamente, o avançado do AZ Alkmaar até vinha sendo suplente de Evan Ferguson, mas uma lesão tirou o jogador da Roma da convocatória para os jogos decisivos e mudou a história do futebol irlandês.

República da Irlanda conseguiu lugar no play-off
República da Irlanda conseguiu lugar no play-offFlashscore

Numa semana que nunca irá esquecer, Troy Parrott fez os dois golos da histórica vitória por 2-0 sobre Portugal e foi substituído com os adeptos a seus pés, mas se havia quem ainda não estivesse rendido a este avançado natural de Dublin, o jogo com a Hungria iria mudar para sempre a visão sobre o jogador.

Um hat-trick decisivo na vitória épica (2-3) sobre a Hungria, já nos descontos, provocou festejos em todo o país. Parrott leva 10 golos pela seleção, metade foram marcados nos últimos dias. Haverá melhor do que isto?

Baixo: Cristiano Ronaldo

Se a semana de Parrott vai ficar na história pelos melhores motivos, a de Cristiano Ronaldo tem um efeito totalmente contrário.

O capitão de Portugal está habituado a deixar marca pelas melhores razões, mas acabou por falhar o jogo decisivo de qualificação para o Mundial, diante da Arménia, depois de ser expulso na República da Irlanda, quando Portugal já perdia por 2-0.

Apesar das justificações do selecionador português no final da partida e do apelo que a FPF vai fazer junto da FIFA, não há grandes palavras que possam desculpar Cristiano Ronaldo, que vai chegar ao Mundial com 41 anos, mas teve um momento a fazer lembrar os seus 18.

Serve de atenuante o facto de ser a primeira vez que é expulso em 226 jogos com a camisola portuguesa e de ser Cristiano Ronaldo, pois claro.

Alto: Kosovo

Voltamos aos contos de fadas e temos de falar do Kosovo. Fora da Europa, histórias como a de Cabo Verde ou Curaçau têm dado que falar pelos melhores motivos, mas a seleção kosovar não desiste de fazer história e continua viva na luta por um lugar no Mundial-2026.

No momento do sorteio, o Kosovo terá sido encarado como o parente pobre do grupo B, especialmente tendo em conta o poder ofensivo de seleções como Eslovénia (Sesko) e Suécia (Gyökeres e Isak), mas esta fase de qualificação mostrou que ainda há histórias bonitas para contar na qualificação europeia.

Kosovo conseguiu lugar no play-off
Kosovo conseguiu lugar no play-offFlashscore

Apesar de ter sido goleado (4-0) logo na primeira jornada pela Suíça, o Kosovo, que não é reconhecido por países como Sérvia, Rússia, China e Brasil, aproveitou a falta de qualidade da concorrência e, com cinco golos marcados e 10 pontos ao fim de cinco jornadas, conseguiu garantir o play-off ainda com um jogo para disputar, após derrotar a Eslovénia por 0-2.

Matematicamente, ainda é possível terminar em primeiro lugar, mas para isso era preciso golear a Suíça por seis golos de diferença. Sonhar é grátis, mas talvez seja melhor começar mesmo a pensar no play-off. Seja como for, o feito por si só é incrível.

Baixo: Suécia

Neste relato de heróis e vilões, a Suécia dificilmente podia escapar. Graham Potter foi contratado para substituir Jon Dahl Tomasson já a pensar no play-off para o Mundial-2026, no qual os suecos só vão participar graças aos méritos de... Jon Dahl Tomasson.

A equipa nórdica vinha de uma Liga das Nações motivadora, mas a fase de qualificação foi um autêntico pesadelo e só mesmo um triunfo na última jornada pode evitar que este trajeto termine sem qualquer vitória.

A forma da Suécia
A forma da SuéciaFlashscore

As birras de pré-época de Gyökeres e Isak nos respetivos clubes tiveram efeitos negativos na equipa e o mau momento dos dois avançados pesou de forma evidente a nível coletivo - três golos em cinco jogos na qualificação.

Chegar ao Mundial-2026 ainda é possível, mas caso o nível seja o mesmo da derrota por 4-1 com a Suíça talvez seja preciso refletir sobre aquilo que a equipa sueca pode fazer em solo norte-americano...

Alto: Erling Haaland

Machine de guerre, war machine, máquina de guerra ou, livremente traduzido para norueguês, Erling Haaland. Depois de uma temporada abaixo das expectativas a nível coletivo no Manchester City - onde apontou apenas 22 golos na Premier League-, o Andróide aproveitou para se vingar no palco internacional.

Num grupo teoricamente mais acessível, aproveitou as primeiras duas jornadas, ainda em março, para marcar um golo à Moldávia e outro à Itália. Mais dois em junho, contra os transalpinos e outro diante da Estónia, para deixar bem encaminhado o regresso dos noruegueses a uma fase final pela primeira vez desde 1998. 

Os últimos 15 jogos da Noruega
Os últimos 15 jogos da NoruegaFlashscore

Já de bateria recarregada neste arranque de temporada, fez 5 golos e duas assistências no triunfo por 11-1 sobre a Moldávia em setembro e um hat-trick a Israel, em outubro. Nesta reta final decisiva, Haaland ensinou a Noruega a não olhar para a calculadora ao bisar diante da Estónia, antes de fazer dois golos em dois minutos para virar o jogo em Itália e encaminhar o triunfo por 1-4 que gelou Milão. 

Com 16 golos em apenas oito jogos neste ciclo de qualificação, Haaland promete ser a máquina imparável que fará estremecer o grande palco do futebol mundial em julho de 2026, depois de 55 tentos em 48 internacionalizações. Uma máquina de fazer golos com apenas 25 anos.

Baixo: Hungria

Mais uma seleção que desiludiu nesta fase de qualificação e acabou por deixar escapar um objetivo que, a certa altura, pareceu estar garantido.

Os húngaros não vão estar no Mundial-2026, apesar de terem entrado na última jornada com hipóteses matemáticas de conseguirem o apuramento direto para a fase final da competição.

É certo que a vitória da República da Irlanda contra Portugal não estava nos planos de Szoboslai e companhia, mas um desaire caseiro diante do conjunto irlandês acabou por deitar por terra as hipóteses de play-off, sendo que o empate que se verificava no marcador aos 90+5' servia para conseguir o apuramento por essa via alternativa.

Uma desconcentração foi fatal e os húngaros vão ter de voltar a ver o Mundial pela televisão, algo que já começa a ser habitual para aqueles lados. Desde 1986 que os magiares não marcam presença na fase final de um Campeonato do Mundo.

Alto: Aurélien Deniel

Bem sabemos que esta rubrica já vai longa, mas não podíamos terminar sem uma menção honrosa ao feito de Aurélien Deniel, o guarda-redes do AG Plouvorn, da Regional 1 francesa, equivalente à sexta divisão, que foi o herói na Taça da França de uma forma pouco habitual para um jogador da sua posição.

Com a sua equipa a perder, Aurélien foi autorizado a juntar-se aos colegas de equipa na área adversária e, com um pontapé de bicicleta, empatou a eliminatória aos 90+3', levando a decisão para os penáltis. Aí, o Plouvourn eliminou o Vitre, do escalão acima, com um 3-4 que só aconteceu graças aos feitos heróicos (e acrobáticos) do seu guarda-redes.

Baixo: Itália

É certo que o sucesso italiano nesta última janela internacional seria difícil de concretizar. O triunfo ao cair do pano na Moldávia (0-2) ainda manteve vivas as esperanças da turma de Gattuso, mas para garantir a qualificação direta seria preciso vencer a (ainda) invencível Noruega por nove golos.

Matematicamente possível, na prática... nem nos melhores sonhos. Seria preciso marcar a cada 10 minutos e o jogo até começou perto dessa média: Francesco Esposito inaugurou o marcador, aos 11', mas o ímpeto baixou e o empate apareceu aos 63'. O bis de Haaland em dois minutos fez ruir o espírito transalpino e a picada de humilhação foi dada por Jorgen Strand Larsen nos descontos, numa vergonhosa e desastrosa derrota por 1-4, a pior dos últimos 40 anos em casa.

Squadra Azurra, que tanto tem brilhado na cena europeia, precisa de arregaçar as mangas e mostrar algo diferente nos play-offs para evitar falhar pela terceira vez consecutiva a fase final de um Mundial. Até porque, nas duas últimas edições, caiu precisamente na repescagem às mãos da Suécia, em 2018, e Macedónia do Norte, em 2022.

A última vez que Itália, quatro vezes campeã mundial(!), participou no grande certame foi em 2014, no Brasil, quando Haaland tinha apenas 14 anos.

Mamma mia!