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- Segunda temporada na União de Leiria, as coisas não estão a correr bem na classificação, mas a nível pessoal o balanço é positivo porque no ano em que chegou subiu de divisão. Como se sente nesta altura?
- Como disse, o balanço é positivo. Isto é algo que o mister nos diz e acreditamos, olhamos para o processo e isso é o mais importante. Se continuarmos assim, o sucesso vem a curto prazo. Temos feito as coisas bem, os resultados não têm acompanhado as exibições, estamos a ser algo penalizados nos últimos jogos com boas exibições, mas não somos eficazes. Acredito que estamos a fazer as coisas bem e vamos lá com o tempo.
- Sentem dificuldades nos jogos em casa? A equipa tem tido muito apoio, mas ainda há algo a falhar.
- Sim, temos tido muito apoio, há muita gente nos nossos jogos e gostamos de as ter a apoiar-nos. Há alguma coisa a falhar, se calhar precisamos de uma ponta de sorte para que entremos positivo, neste momento estamos um pouco ao contrário. Está a correr um bocado mal por várias circunstâncias, precisamos de uma mudança que nos catapulte e entrar numa fase positiva.
- O Leiria estava nos escalões secundários com milhares de pessoas no estádio. O Pedro já passou por outros grandes clubes, que dimensão tem este clube e como vê esta situação de tantos adeptos no estádio numa altura em que o clube está a regressar aos patamares superiores?
- Já percebi que há uma grande ligação entre o clube e a cidade, as pessoas da cidade são todas do Leiria e apoiam muito o clube. As dinâmicas que o clube tem introduzido desde o ano passado, eventos, concertos, festas à volta do estádio e dos jogos puxam mais pessoas. Isso é mérito da direção, que aliada a uma cidade que está muito com o clube, faz com que venha muita gente ver os jogos.
- Vem aí um jogo especial contra o Sporting para a Taça de Portugal, sente-o dessa forma?
- Sim, claro. Pela competição que é, jogando contra um grande todos sentimos que é um jogo especial, não há como dar volta a isso. O estádio vai estar com mais gente do que o habitual, o ambiente vai ser outro. É a chamada festa da Taça, toda a gente gosta de jogar estes jogos.

- Acredita que a segunda volta será melhor do que a primeira?
- Acredito, sem dúvida. Temos uma equipa capaz de aprender com os erros, evoluir e fazer melhor.
- Com que objetivo? Tirar o Leiria dos últimos lugares para chegar até onde neste primeiro ano na segunda liga? Acredito que dar o salto para os primeiros lugares seria demais e duvido que seja o objetivo.
- Passa por ver as coisas a curto prazo e não estamos sequer a pensar em subir. Temos que nos focar no processo, que é o que temos vindo a fazer, e colocar o Leiria numa posição estável. Este projeto tem muitas pernas para andar, acima de tudo é importante que o Leiria se mantenha na Liga 2, porque o futuro vai ser positivo. Esse é o principal objetivo neste momento.
- Individualmente, o Pedro tem jogado com regularidade. Como lhe está a correr a época?
- Tem estado a correr bem, comecei um pouco mal, tinha vindo de uma lesão do ano passado e estava a lidar com as mazelas e dores que ainda tinha. Entretanto fiquei a 100%, acabei por ter a oportunidade de jogar e tenho-me mantido no plantel, tenho feito uma época regular, mas gostaria de melhorar muito. Tenho muitos aspetos a melhorar para que esta segunda volta seja mais positiva.

- Em termos de carreira, precisava desta regularidade?
- Sem dúvida, é uma coisa que procurava há muitos anos e não tinha tido. Tem sido muito bom ter alguma estabilidade, é a coisa mais importante para um jogador. Jogar com regularidade, tanto pela nossa felicidade, como para a nossa carreira. Espero manter-me assim e fazer mais por isso.
- Tem já uma experiência no estrangeiro, o que nos pode contar sobre esse ano em Espanha?
- Foi muito bom (risos). Foi um ano cheio de experiências novas, nunca tinha jogado fora e os espanhóis são muito boa onda. Foi um ano que as coisas não correram bem, individual e coletivamente, maseu também valorizo outras coisas na vida e retirei muitas coisas boas. Muitas amizades, viver fora sozinho, falar outra língua... Houve um outro lado da moeda que também foi muito bom e me deixou muito feliz. Agora... a minha prioridade é sempre o futebol e por isso é que vim para o Leiria, porque vi uma oportunidade para o futuro.
- Mas desportivamente essa experiência fez o Pedro crescer?
- Sim, tive desafios e fez-me crescer. Lidei com circunstâncias que nunca tinha lidado, estava mais sozinho, tive que apoiar-me em mim. Se não fosse eu a lidar com as dificuldades, não sairia dali, não tinha ninguém para me ajudar e isso torna-nos mais fortes a nível desportivo.

- Trouxe alguma história que nos possa contar?
- Tenho algumas, nada muito engraçado, mas muitos dias aproveitados com passeios. Gosto muito de montanha, estava em Léon, numa zona cheia de montanhas e neve, sempre que tinha oportunidade ia explorar. Gosto muito da natureza e os meus colegas eram muito dessa onda. Por isso é que gostei muito de estar lá porque o grupo era muito parecido comigo. Andamos a fazer trilhos, de vez em quando umas festas, visitei uns amigos em Barcelona. Foi um ano com muitas experiências e muito positivo.
- E sentiu espírito de emigrante ou estava a pensar no regresso a Portugal?
- Senti espírito de emigrante e pensei em manter-me lá ou ir para outro país. Estava numa onda de retirar tudo aquilo que o futebol nos pode dar também a nível de experiências. Vinha de uns anos menos positivos a nível desportivo, queria focar-me também no outro lado. Se não podemos tirar a parte mais importante, há que tentar procurar outros pontos positivos e via aventuras no estrangeiro com bons olhos, mas sempre a um bom nível competitivo e tentar não desaparecer.
- O Pedro foi internacional pelas camadas jovens portuguesas, mas nunca foi chamado à equipa principal. Considera isso um certo falhanço na carreira - isso aconteceu a muita gente - e porque razão não chegou lá? Pelo menos ainda...
- (Risos) Isso acontece naturalmente a 90% dos jogadores porque afunila. Ser convocado para as seleções jovens a cada ano, depois é preciso lembrar que a seleção A é um conjunto dos melhores de todos esses anos para trás. É muito mais difícil, não o vejo como um falhanço porque há muitos outros que eram mais objetivos a curto antes de chegar à seleção. Não cheguei perto de ir à seleção principal, não olhava para isso como um objetivo real, porque as coisas têm de ser vistas a curto prazo. Antes disso (a seleção A), estavam outras coisas a curto prazo, como o objetivo de jogar na equipa principal do Sporting, que não consegui, ir pra um clube da Liga Portugal para me mostrar e aumentar hipóteses e isso são coisas que ainda não aconteceram, mas não vejo como um falhanço.

- O que guarda das seleções jovens?
- Tanta coisa boa, tive uma sorte muito grande de integrar seleções jovens e ir a Europeus e Mundiais. Desde logo isso deu-me um CV muito mais rico no futebol e que me fez ter oportunidades que outros não teriam. Isto está tudo relacionado, tive esse mérito e sorte, há um seleccioandor que nos escolhe um a um e acreditou que o pudesse ajudar. Isso fez com que tivesse oportunidade de renovar pelo Sporting e jogar pela equipa B numa época mutio positiva para mim. A seleção nacional foi, sem dúvida, uma das coisas mais importantes para a minha carreira até hoje.
- A seleção A vai estar no Europeu este ano, que perspetivas vê para Portugal com os atuais jogadores?
- Toda a gente olha para a seleção portuguesa como um dos favoritos a ganhar. Principalmente num Europeu, sem ser a França - que a nível individual se equipara -, não vejo outras seleções com o mesmo nível de Portugal e com um apuramento só com vitórias. As perspetivas são positivas, mas já sabemos como são estas competições, em que há oitavos, quartos e meias-finais só a um jogo em que tudo pode acontecer. É bom termos expetativas, Portugal tem condições para fazer um bom Europeu, mas no futebol são tantos fatores a influenciar o resultado e tudo pode acontecer quando há equipas tão boas.
- O Pedro foi campeõa nacional sub-23 no Estoril, vencedor da Liga 3, vencedor da Liga 2... Que balanço faz da sua carreira? Ainda é jovem, mas do que fez até agora...
- Não diria que sou jovem, já me vejo mais como um velho (risos). Tem sido positivo, tive clubes em que acabei por estar no sítio certo à hora certa, isso é muito importante no futebol e tive outras ocasiões em que foi o contrário. Ganhar uma Liga 2 e uma Liga 3 é algo que nem toda a gente pode dizer. Espero poder somar mais algumas conquistas, mas o balanço já é positivo.
- Voltar ao estrangeiro é uma hipótese?
- Sim sim, sem dúvida. Isso é sempre uma hipótese.
- Onde vê o Pedro Empis daqui a cinco anos?
- Não sei, tenho um objetivo que seria jogar na Liga Portugal, é o nível mais alto cá em Portugal e sempre foi um objetivo meu estar nesse nível. Acho que é possível e estou no clube certo para isso a curto-médio prazo porque é um projeto muito ambicioso. Essa é uma das coisas que gostaria que acontecesse, se não fosse em Portugal que seja noutro país num bom campeonato.
