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Momento Flash: Dobradinha em modo Harder

Harder celebra o golo na final da Taça de Portugal
Harder celebra o golo na final da Taça de PortugalAlexandre Sousa / Alamy / Profimedia
Todos os dias há belos momentos no desporto nacional, mas há destaques e destaques. Nesta rubrica, o Flashscore traz-lhe o melhor momento da semana, focando-se maioritariamente - mas não exclusivamente - no futebol português. Entre golos, defesas, cortes ou simplesmente um gesto, vai poder ver aqui o que realmente importa: o jogo bonito.

Uma semana depois de ter conquistado o bicampeonato, o Sporting deslocou-se até ao Estádio Nacional para tentar alcançar um feito raro neste século: uma dobradinha. Desde 2002 que os leões não juntavam o título nacional à Taça de Portugal e se há 23 anos a tarefa era relativamente mais simples (Leixões, do terceiro escalão era o adversário), desta feita estava pela frente o vice-campeão nacional Benfica.

E durante quase 100 minutos da final, a dobradinha pareceu ser um sonho impossível. Num jogo com peripécias, e polémicas, o Benfica esteve a vencer até aos 90+9 minutos, quando Renato Sanches derrubou Gyökeres na área e o avançado sueco enviou tudo para o prolongamento. E foi nesse tempo extra que surgiu uma espécie de arma secreta que os leões tiveram esta época e que muitas vezes passou despercebido.

Os holofotes da frente de ataque do Sporting estão todos virados para Gyökeres, um dos melhores avançados da Europa, e estar numa sombra tão grande não é fácil. Depois de Fotis Ioanidis ou Vítor Roque, Conrad Harder foi o nome que chegou para reforçar o ataque do Sporting no verão. Não foi a primeira opção de Amorim e cedo se percebeu porquê. Um poço de força, com energia, potente no remate, mas muitas vezes pouco ponderado na ação, o dinamarquês de 20 anos tem muito potencial, mas também muito trabalho para frente.

Amorim tentou conjugá-lo com Gyökeres, no lado esquerdo, Rui Borges olhou para ele como sucessor do sueco e apontou as falhas do jovem avançado, num momento que pareceu criar alguma tensão: “Se fosse mauzinho podia voltar atrás, nos últimos jogos que Harder entrou e deu pouco ou nada à equipa. Não segurou bolas, muito trapalhão, quis entrar muitas vezes no um contra um, porque ele não joga naquela posição. Acreditamos muito nele, acreditamos que a energia dele é boa, mas especificamente hoje, naquele momento em que o jogo estava equilibrado e que o SC Braga não criava perigo, nós precisávamos de gente para segurar o jogo, ficar com bola e pausar o jogo”, disse após o empate com o SC Braga em Alvalade. 

No entanto, Harder acabou como herói. Aos 99 minutos, fugiu a Florentino Luís e atacou a bola de cabeça, enviando o Sporting para a dobradinha e celebrando com a irreverência da juventude que demonstra sempre que entra em campo: em frente aos adeptos do Benfica, a pedir silêncio. 

Foi o 11.º golo em 47 jogos, um registo longe de ser sonante, mas ao olhar ao pormenor percebemos a importância que teve. Bisou com o Portimonense na Taça de Portugal (1-2), contra o SC Braga na Liga (2-4), empatou o decisivo jogo com o Bolonha (1-1) na Liga dos Campeões, marcou e assistiu diante do Arouca (2-2) no campeonato e fez o mesmo na final da prova rainha. Se esta dobradinha tem muito de Gyökeres, Francisco Trincão, Pedro Gonçalves ou Morten Hjulmand, também não se pode negar que foi alcançada em modo Harder.

E isso deixa boas perspetivas para um futuro do Sporting que cada vez mais se deverá fazer sem Gyökeres no ataque.

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