Recorde as incidências da partida
Há vida para além de Ruben Amorim. Esta é uma das principais ideias que fica do primeiro encontro da era João Pereira no Sporting. O novo treinador dos leões recebeu uma herança pesada do agora timoneiro do Manchester United, que ficará para sempre na história do emblema lisboeta, e um dos principais desafios da sua gestão passa por dar sequência ao bom momento do clube.
João Pereira teve uma semana e meia para preparar a equipa para o primeiro desafio, mas com a condicionante de ter um plantel muito diferente durante os primeiros treinos, em virtude da ida de vários jogadores para os trabalhos das respetivas seleções. Portanto, a expectativa era muito grande para perceber como é que o Sporting se ia apresentar no duelo contra o Amarante.
O adversário, do terceiro escalão do futebol nacional, era uma espécie de bombom para a estreia, pois a teoria, que viria a confirmar-se na prática, dizia que as dificuldades seriam poucas neste primeiro momento de transição.
Uma esquerda de oportunidades
"Vamos tentar ganhar a confiança dos jogadores. Foram quatro anos e meio de uma liderança, e isso não se muda de um dia para o outro. Vai ser preciso algum tempo, mas, no futuro, vão notar algumas diferenças". Foi desta forma que João Pereira se apresentou em Alvalade. O novo treinador sabe que não pode ser demasiado disruptivo com o passado e que deve aproveitar aquilo que de bom foi feito pela gestão anterior. Um toque mais pessoal aqui e ali, e o tempo será sempre o melhor conselheiro.
Ainda que a amostra seja muito reduzida e mesmo sem possibilidade de ouvir João Pereira de viva voz - foi o adjunto Tiago Teixeira a falar à imprensa antes e após o encontro -, a verdade é que deu para ver uma ou outra ideia para o futuro, até pelo aparecimento no onze de alguns jogadores com muito pouco espaço com Amorim. O flanco esquerdo foi o lado mais visível dessa ideia.
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Com Francisco Trincão a voar a partir da direita, João Pereira encontrou em Marcus Edwards uma possível solução para a vaga do lesionado Pote e o extremo inglês, titular apenas pela segunda vez na presente temporada, respondeu de forma afirmativa com dois golos, o primeiro de fino recorte técnico e com o seu "pior" pé.
Fresneda também mereceu oportunidade na ala esquerda, enquanto que Ricardo Esgaio surgiu no lado contrário e os dois estiveram muito presentes no processo ofensivo da turma leonina. Ainda que não tenham sido muito testados do ponto de vista defensivo, algo a rever no futuro, o espanhol reclamou mais oportunidades, enquanto o português mostrou que os alas vão continuar a ter papel importante a nível ofensivo, com presença também em zonas interiores.
No miolo, Hjulmand e Daniel Bragança pautaram o encontro pelo miolo e o segundo teve a possibilidade de aparecer em zonas mais adiantadas, somando três assistências, num processo que continua bem oleado.
Por fim, notas para as estreias de João Simões (17 anos) e de Henrique Arreiol (19 anos), mais dois produtos da Academia de Alcochete, uma prática comum na no Sporting e que vai continuar no reinado de João Pereira, até porque, neste momento, poucos conhecem a realidade (e qualidade) dos jovens da formação leonina como o novo treinador, que trabalhou com eles na equipa sub-23 e equipa B nos últimos anos.
Contas feitas, o teste foi superado com distinção, mas a amostra ainda é muito reduzida. Há novo teste na próxima terça, frente ao Arsenal, em duelo da Liga dos Campeões, e aí vai dar certamente para avaliar novas nuances, sobretudo a nível defensivo. A rever.