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Presidente do Celoricense: "Poderemos ter mais apoio do nosso lado do que o próprio FC Porto"

Leandro Gonçalves, presidente do Celoricense
Leandro Gonçalves, presidente do CeloricenseArquivo Pessoal

À beira de um dos momentos mais marcantes da sua história, o Celoricense prepara-se para defrontar o FC Porto na terceira eliminatória da Taça de Portugal. O presidente Leandro Gonçalves reconhece o peso do desafio, mas garante que o clube encara o encontro “com orgulho, humildade e coragem”, numa festa que promete mobilizar toda a vila de Celorico de Basto.

Acompanhe as incidências e o relato da partida

"Defrontar o FC Porto é algo que ficará para sempre na memória do clube"

- O Celoricense é o adversário do Futebol Clube do Porto na terceira eliminatória da Taça de Portugal, depois de eliminar o Celeirós e o Mafra. Esperava, nesta fase da competição, encontrar um dos grandes do futebol nacional? E como foi a reação dentro do clube ao saberem do sorteio?

Antes de mais, agradeço o convite. Foi com imensa alegria que recebemos este sorteio. Obviamente, não estávamos à espera, mas acaba por ser um momento muito importante para o clube, um marco histórico. Defrontar o Futebol Clube do Porto é algo que ficará para sempre na memória do Celoricense.

- O jogo vai disputar-se no Estádio Cidade de Barcelos, casa do Gil Vicente. Como foi o processo de encontrar um recinto com maior lotação? Houve dificuldades?

Já sabíamos que, se o sorteio nos colocasse frente a uma equipa de grande dimensão, não poderíamos jogar no nosso estádio, que tem uma capacidade muito reduzida. Tivemos, por isso, de procurar uma alternativa. Não foi fácil, pois somos um clube pequeno, humilde, com poucos meios, e chegar a um clube da Primeira Liga para pedir um estádio é sempre delicado. Mas o Gil Vicente recebeu-nos de braços abertos. O presidente e toda a direção foram inexcedíveis, ajudaram-nos em tudo para que o jogo pudesse ser realizado lá. Deixo o meu profundo agradecimento a todo o staff e direção do Gil Vicente.

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- Acredita que os adeptos do Celoricense vão marcar presença em peso em Barcelos, apesar da distância de cerca de 82 quilómetros?

Acredito plenamente. O feedback dos adeptos tem sido fantástico e creio até que poderemos ter mais apoio do nosso lado do que o próprio FC Porto. A mobilização tem sido enorme, e os bilhetes vendidos já apontam para cerca de seis mil adeptos do Celoricense no Estádio Cidade de Barcelos. Será uma moldura humana incrível, algo muito bonito para o nosso clube.

- Quais são as expectativas para esse jogo frente ao FC Porto? A equipa definiu algum objetivo específico?

Não. Até à última jornada do campeonato, estávamos proibidos de falar no FC Porto, pois o nosso foco era o campeonato.

Temos consciência de que será um duelo muito desigual, entre um gigante e um clube modesto como o nosso. O objetivo é simples: honrar a camisola, dignificar o clube e dar o melhor possível. Se conseguirmos marcar, ótimo, mas o mais importante é não nos deixarmos intimidar e jogar com coragem.

"Se surgir a possibilidade de lutar pela Liga 3, não a deixaremos escapar"

- Para quem não conhece o Celoricense, que clube é este e quais os vossos objetivos no Campeonato de Portugal?

O Clube Desportivo Celoricense caminha a passos largos para o seu centenário. É um clube modesto, com uma longa história no futebol distrital de Braga. Há dois anos conseguimos a proeza de subir ao Campeonato de Portugal e o nosso objetivo este ano é assegurar a manutenção o mais cedo possível. Depois, o futuro dirá. O foco é a estabilidade - estrutural, financeira e desportiva.

Celoricense prepara duelo contra o FC Porto
Celoricense prepara duelo contra o FC PortoArquivo Pessoal

- Se a manutenção for alcançada cedo, pode haver ambição de lutar pela subida à Liga 3?

O objetivo principal é uma manutenção tranquila. Se surgir a possibilidade de lutar pela Liga 3, não a deixaremos escapar, mas, sinceramente, acho que ainda é cedo. Precisamos de ganhar experiência nesta divisão, fortalecer a estrutura do clube e melhorar as condições físicas e logísticas. Quando estivermos mais preparados, porque não sonhar com a Liga 3? Seria fantástico para a nossa terra e para as nossas gentes. Por agora, o foco é apenas esta época.

- Como presidente de uma instituição desportiva, que leitura faz do atual panorama do futebol português e mundial?

- É uma pergunta difícil. Sendo eu presidente de um clube tão modesto, é complicado fazer projeções. Mas o que vejo é que o futebol se tornou uma verdadeira indústria, uma máquina de fazer dinheiro. Os valores praticados - nas transferências, nos salários - são exorbitantes, e parece não haver qualquer travão por parte das entidades que regulam as ligas. Acredito que, a curto e médio prazo, isso poderá trazer sérias dificuldades a muitos clubes, inclusive alguns dos grandes. Já hoje vemos equipas históricas com problemas financeiros e temo que essa realidade se agrave.