Brasil repudia declarações do presidente da CONMEBOL e pede ações contra racismo

Piada de Alejandro Domínguez saiu furada
Piada de Alejandro Domínguez saiu furadaDANIEL DUARTE / AFP

O governo brasileiro repudiou esta terça-feira “nos mais fortes termos” a declaração do presidente Confederação sul-americana de futebol (CONMEBOL), que afirmou que uma Taça Libertadores sem equipas brasileiras seria como “o Tarzan sem Chita (um macaco)".

As declarações ocorrem em contexto em que as autoridades da CONMEBOL têm reiteradamente falhado em adotar providências efetivas para prevenir e evitar a repetição de atos de racismo em partidas por ela organizadas, incluindo medidas para combater a impunidade e promover a responsabilização dos responsáveis”, reclamou o Governo brasileiro, em comunicado.

Durante o sorteio das fases de grupos da Taça Libertadores e da Taça sul-americana, e quando questionado sobre como seriam as competições continentais sem o Brasil, o líder da CONMEBOL, o paraguaio Alejandro Domínguez, afirmou: “Seria como Tarzan sem Chita. Impossível”.

A frase polémica foi interpretada como racista no Brasil, uma vez que a comparação com macacos é um dos insultos mais frequentes que os adeptos de outras equipas latino-americanas usam contra os jogadores brasileiros.

Alejandro Domínguez explicou que a expressão usada “é uma frase popular”, garantindo que nunca teve intenção de “menosprezar nem desacreditar ninguém”.

Reafirmo o meu compromisso de continuar a trabalhar por um futebol mais justo, unido e livre de discriminação”, afirmou.

O debate sobre uma hipotética Taça Libertadores sem equipas brasileiras surgiu na sequência de uma declaração da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, que apontou para essa possibilidade depois de criticar a fraca resposta do organismo a um recente caso de racismo.

No início de março, o jovem futebolista Luighi, de 18 anos, do Palmeiras, foi alvo de insultos racistas na visita da equipa sub-20 do Palmeiras aos paraguaios do Cerro Porteño que, entretanto, foram castigados.

Luighi recebeu mensagens de apoio de quase todos os quadrantes do futebol, a começar pelo compatriota Vinícius Jr., do Real Madrid, uma das vozes mais inconformadas com o racismo no futebol.

O jovem, que já atuou em oito jogos e marcou um golo na equipa principal do Palmeiras, treinada pelo português Abel Ferreira, foi alvo de insultos racistas por adeptos do Cerro Porteño, em jogo da Libertadores sub-20, e acabou em lágrimas durante uma ‘flash interview’ devido ao sucedido.

O incidente levou mesmo o presidente do Brasil, Lula da Silva, a manifestar apoio ao jovem futebolista e a exigir medidas punitivas.

A FIFA, a CONMEBOL e a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) precisam de agir, e que os culpados sejam exemplarmente responsabilizados”, disse.