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Feminino: Goleadora do Corinthians aos 40 anos, Gabi Zanotti já sonha com Mundial de Clubes

Gabi só encontrou o seu verdadeiro lar no Corinthians
Gabi só encontrou o seu verdadeiro lar no CorinthiansLuis ROBAYO / AFP

Capitã e melhor marcadora, Gabi Zanotti é o símbolo do Corinthians hexacampeão da Taça Libertadores feminina. Aos 40 anos, a médio-ofensiva tem ainda um sonho por concretizar na carreira: disputar o Mundial de Clubes de 2026, que reunirá as campeãs de cada confederação.

Bota de Ouro da Libertadores em 2024, com cinco golos, Gabi voltou a ser a melhor marcadora da equipa nesta temporada, ao marcar seis vezes no torneio continental pelo Corinthians,diante de Independiente del Valle, Always Ready e Santa Fe, antes de um hat-trick frente ao Boca Juniors, com três golos em apenas 34 minutos.

Nascida em Itaguaçu, no estado do Espírito Santo, Gabi Zanotti começou a jogar futebol com o apoio dos pais. Inicialmente destacou-se no futsal, até chegar ao Kindermann, de Santa Catarina. Em busca de novos horizontes, mudou-se para os Estados Unidos para estudar gestão desportiva, antes de regressar ao Brasil e conquistar, pelo Santos, o seu primeiro título de destaque: o Campeonato Paulista de 2012. Um ano depois, já ao serviço do Centro Olímpico, sagrou-se melhor marcadora do Campeonato Brasileiro de 2013.

Pela seleção, conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de 2015 e no Torneio Internacional de Yongchuan, em 2017. Representou ainda clubes da Coreia do Sul e da China.

Mas foi no Corinthians que Gabi encontrou o seu verdadeiro lar, clube ao qual chegou em 2018. Desde então, consolidou-se como uma verdadeira lenda, ao vencer sete edições do Brasileirão, cinco da Taça Libertadores, quatro do Campeonato Paulista e três da Supertaça do Brasil.

Com o troféu de melhor marcadora da Libertadores nas mãos, a médio-ofensiva celebrou mais uma conquista. Em entrevista à AFP, Gabi partilhou detalhes sobre este novo título continental e o significado de continuar a fazer história aos 40 anos.

Maior competitividade

A capitã analisou: “Não diria que foi a mais difícil, mas faltou-nos entregar um pouco mais, melhorar o nosso jogo dentro de campo, dentro do que é o nosso estilo”, admitiu.

“No final do jogo, abracei as meninas e disse-lhes que precisávamos jogar mais, com a qualidade que temos dentro do grupo. Não era necessário sofrermos tanto nem levar a decisão para os penáltis. Mas isso é algo que nos cobramos diariamente”, destacou a histórica camisola 10 do clube paulista.

“Agora temos de celebrar este momento, independentemente de termos feito o nosso melhor jogo ou não. Conseguimos uma vaga no Mundial de Clubes, que era o nosso grande objetivo”, afirmou Gabi.

“Também é importante destacar a competitividade do futebol feminino na América do Sul - as equipas colombianas, argentinas, equatorianas. O futebol feminino cresceu muito e fico muito feliz com este desenvolvimento”, acrescentou.

Questionada sobre se o futebol da região se aproxima do nível do Brasil, Gabi foi clara: “Sim, com o investimento isso melhorou. Isso ficou evidente dentro de campo, também com este formato de competição, com jogos a cada dois ou três dias. Isso acaba por nivelar. Esta final foi o nosso sexto jogo em 16 dias, e isso é humanamente muito desgastante.”

Criticar para melhorar

Sobre suas críticas à edição 2024 da Libertadores, na qual houve problemas de logística e organização, Gabi lembrou à AFP que "este ano também critiquei, mas também fiz alguns elogios, em questão de transporte, alimentação, hotel, toda a organização, acho que foi muito melhor".

Neste sentido, a experiente jogadora se referiu aos centros de treinos que as equipas puderam usar, "que estavam muito melhores. Então, temos que criticar porque queremos melhorar o futebol feminino, e estou feliz porque eles (os organizadores) escutaram".

A goleadora, vencedora do prémio "Rainha da América", dado pelo jornal uruguaio El País, afirma que continua "com a mesma ambição, muito competitiva".

Nesse sentido, Gabi falou sobre o Mundial de Clubes que será disputado em janeiro, e destacou que disputá-lo "é, sem dúvida, um dos meus grandes objetivos. Mas o meu contrato com o Corinthians vai até dezembro. Ainda temos que pensar na renovação, em contratos, enfim... Mas sim, seria um sonho jogar o Mundial de Clubes".

Líder da equipa por seu comprometimento e mentalidade vencedora, Gabi Zanotti está perto de alcançar outro objetivo, o de guiar o "seu" Corinthians à conquista de um dos mais importantes e mostrar ao mundo o crescimento do futebol feminino sul-americano.