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Presidente da Conmebol pede desculpa por declarações racistas no Brasil

Alejandro Dominguez, presidente da Conmebol
Alejandro Dominguez, presidente da ConmebolDANIEL DUARTE/AFP
O presidente da Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), o paraguaio Alejandro Domínguez, afirmou esta terça-feira que "nunca" teve a intenção de desqualificar ninguém ao utilizar a expressão "Tarzan sem Chita" para descrever como seriam os torneios regionais sem a presença do Brasil.

"A expressão que usei é uma frase popular e nunca tive a intenção de menosprezar ou desqualificar ninguém", escreveu o dirigente da Conmebol numa mensagem na rede social X, numa tentativa de apaziguar as críticas vindas do Brasil.

Na semana passada, em resposta à sugestão da presidente do Palmeiras, Leila Pereira, de que os clubes brasileiros deveriam deixar os torneios da organização sul-americana devido à alegada falta de sanções exemplares contra o racismo, Domínguez afirmou que "a Conmebol sem os clubes brasileiros seria como o Tarzan sem Chita".

O presidente do organismo pediu então desculpa pela comparação. "Em relação às minhas recentes declarações, gostaria de apresentar as minhas desculpas (...). Sempre promovi o respeito e a inclusão no futebol e na sociedade, valores fundamentais para a Conmebol", sublinhou.

Sanções menores

Leila Pereira acusou a Conmebol de ser "demasiado indiferente" perante os insultos racistas dirigidos aos jogadores do Palmeiras durante uma partida contra o Cerro Porteño, do Paraguai, em Assunção, na Taça Libertadores Sub-20, no início do mês.

O capitão do Verdão, Luighi, desfez-se em lágrimas após o jogo, em que a sua equipa derrotou o Ciclón do Paraguai por 3-0.

"Até quando é que isto vai continuar? (...). O que fizeram comigo foi um crime", afirmou o avançado de 18 anos. "O que é que a Conmebol vai fazer?", questionou.

Imagens televisivas mostram um adepto do Cerro Porteño a imitar um macaco na direção de vários jogadores do Palmeiras enquanto estes deixavam o campo após serem substituídos na reta final da partida.

O presidente da Conmebol abordou a questão do racismo durante o sorteio dos grupos das Taças Libertadores e Sul-Americana de 2025, em Assunção, na segunda-feira, e reconheceu que as sanções são insuficientes. "A Conmebol decidiu convocar os governos nacionais para trabalharem contra qualquer ato com estas características", disse, sem mencionar diretamente o incidente mais recente envolvendo adeptos paraguaios.

A Conmebol multou o Cerro Porteño em 50 mil dólares (45.7 mil euros) e ordenou que o clube promovesse campanhas contra o racismo nas suas redes sociais. A sanção foi considerada "insignificante" pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que expressou a sua "total indignação com a decisão da Comissão Disciplinar da Conmebol devido à sua completa ineficácia", num comunicado.

A comissão "lamentavelmente incentiva a prática de novos atos criminosos devido à ineficácia das penalidades aplicadas", acrescentou a CBF.

A polémica promete continuar, uma vez que o sorteio da Taça Libertadores, realizado na segunda-feira, colocou Cerro Porteño e Palmeiras no mesmo grupo, juntamente com o Sporting Cristal e o Bolívar de La Paz.