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Fernando Diniz: O "Guardiola brasileiro" quer fazer história no futebol sul-americano

Diniz na chegada a Assunção
Diniz na chegada a AssunçãoDANIEL DUARTE / AFP
Fernando Diniz, apelidado de "Guardiola brasileiro", fará história no sábado se vencer a Copa Sul-Americana, tornando-se apenas o terceiro técnico a ganhar a Libertadores e a Sul-Americana, e o segundo a fazê-lo em dois anos consecutivos.

O treinador deu ao Fluminense sua primeira Libertadores no ano passado, depois de vencer o Boca Juniors no Maracanã com uma estética ofensiva que atraiu elogios de todo o continente. Agora no Cruzeiro, de Belo Horizonte, tentará dar a mesma alegria ao enfrentar o Racing, da Argentina, em Assunção, no sábado.

Apenas o brasileiro Tite, campeão da Sul-Americana em 2008 e da Libertadores em 2012, e o argentino Marcelo Gallardo, campeão da Sul-Americana em 2014 e da Libertadores em 2015 e 2018, conseguiram levantar os dois troféus continentais.

Apesar das expectativas, Diniz, 50 anos, teve um ano dececionante, com duas demissões.

Em janeiro, ele foi demitido da seleção brasileira em dificuldades, que treinava ao mesmo tempo que o Flu e que não conseguiu reverter durante a qualificação sul-americana para a o Mundial-2026.

Saiu em junho, após uma série de maus resultados que deixaram o atual campeão da Libertadores na zona de despromoção.

Dinizismo

Uma vitória contra o Racing seria um grande passo para acalmar os ânimos no clube, onde o início do treinador não foi nada esperado.

Contratado em setembro, o treinador não conseguiu lançar o emblema de Belo Horizonte: em nove jogos disputados entre o Brasileirão e a Sul-Americana, ele tem apenas duas vitórias (uma delas no jogo da segunda mão da meia-final contra o Lanús, que permitiu a presença para a final da competição continental), três empates e quatro derrotas.

Com uma formação 4-2-3-1, Fernando é obcecado pela posse de bola e pelo ataque, com os seus jogadores a movimentarem-se constantemente com passes curtos para tentar atrair o adversário e surpreendê-lo rapidamente.

Mas o dinizismo, que tem sido comparado ao jogo ofensivo de Pep Guardiola, não é fácil de assimilar, como se viu na seleção brasileira e na longa lista de clubes que dirigiu.

Jogador profissional que passou por Fluminense, Flamengo, Palmeiras, Corinthians, Santos e Cruzeiro, F. Diniz começou sua carreira no banco em 2009, aos 35 anos, pouco depois de pendurar as chuteiras.

A sua primeira equipa, o modesto Votoraty, trouxe-lhe os primeiros êxitos: conquistou o Campeonato Paulista da Série A3 e a Taça Paulista, embora os donos do clube tenham decidido mais tarde dissolver a equipa.

O experiente treinador passou por equipas modestas de São Paulo antes de chegar em 2018 ao Athletico Paranaense, com o qual se estreou na Série A brasileira e em competições internacionais, disputando a Sudamericana.

O Paranaense foi o trampolim de Diniz para a elite do futebol brasileiro, já que desde então treinou as equipas de topo Fluminense, São Paulo, Santos e Vasco da Gama.

O golpe do Manchester City

Mas a catapulta definitiva só aconteceu quando ele assumiu o comando do Fluminense, em maio de 2022.

Além de vencer a Libertadores e ser contratado como técnico interino da seleção nacional, os tricolores venceram sua primeira Supertaça Sul-Americana contra a Liga de Quito, em fevereiro, novamente no Maracanã.

O trabalho foi reconhecido ao ser eleito o melhor técnico da Libertadores e da Sul-Americana no ano passado.

Mas, no meio da glória, viveu também um momento difícil, quando o Flu foi humilhado pelo Manchester City de Guardiola na final do Mundial de Clubes (4-0), em Jeddah, em dezembro de 2023.

De carácter aparentemente calmo e controlado, Diniz transforma-se no banco de suplentes, onde os seus gritos e repreensões aos jogadores são comuns, assim como os seus protestos aos árbitros, que lhe custam muitas vezes expulsões e suspensões.

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