Recorde as incidências da partida
A violência descontrolada entre adeptos no futebol sul-americano continua a deixar imagens de vergonha. Nesta ocasião, graves confrontos entre adeptos do Independiente e Universidad de Chile nas bancadas do Estádio Libertadores de América obrigaram a dar por encerrado o duelo da segunda mão dos oitavos de final da Taça Sul-Americana entre ambos os clubes, recém-iniciado o segundo tempo.
Como costuma acontecer nestes casos, as imagens dos confrontos espalharam-se como pólvora nas redes sociais. Nelas, é possível ver vários corpos estendidos no chão, enquanto outros (sobretudo adeptos chilenos) são empurrados para o vazio a partir das bancadas mais altas do recinto.
Os primeiros relatos apontam para falhas na organização e inação da polícia como fatores desencadeantes do surto de violência. Cerca de 3.000 adeptos visitantes foram inexplicavelmente colocados na parte superior das bancadas, acima dos locais.
Com esse caldo de cultivo, a comitiva que acompanhou a U até à Argentina começou a atirar pedras, cadeiras em chamas e até um artefato explosivo (aparentemente um petardo de grande potência) para a zona rival, o que acabou por provocar um verdadeiro massacre pouco depois, já que parte da barra brava do Independiente conseguiu entrar no setor visitante e deixar imagens de terror.
Com a segurança privada e a polícia a evitarem atuar, os de Avellaneda encurralaram os poucos chilenos que restavam na bancada e iniciaram o linchamento, despindo-os, espancando-os e atirando-os para o vazio de alturas até 10 metros.
Nos vídeos é possível observar pelo menos três corpos abandonados nos degraus e dezenas de chilenos ensanguentados, embora nos comentários da rede social X haja pessoas que indicam que poderá haver mortos, incluindo um adepto visitante de 14 anos (não confirmado).
Indignação absoluta no Chile
O que foi confirmado pelo embaixador do Chile na Argentina, José Antonio Viera Gallo, é que "há pelo menos um chileno em estado grave".
O presidente da República do Chile, Gabriel Boric, pronunciou-se no X assim que os distúrbios ocorreram: "O que aconteceu em Avellaneda entre os adeptos do Independiente e Universidad de Chile está errado em demasiados aspetos, desde a violência nas barras até à evidente irresponsabilidade na organização. A justiça deverá determinar os responsáveis", afirmou.
"Agora, a nossa prioridade como Governo é conhecer o estado dos nossos compatriotas que foram agredidos, assegurar a sua assistência médica imediata e garantir que os que estão detidos tenham as suas garantias respeitadas. Para isso estamos a trabalhar com a Embaixada, Consulado, Ministério dos Negócios Estrangeiros e Ministério do Interior", acrescentou.
Cerca de 350 adeptos da U foram detidos após o confronto na zona de Puerto Madero, no centro de Buenos Aires. Por outro lado, segundo informou a rádio chilena ADN, muitos visitantes que não conseguiram escapar receberam abrigo nas casas de alguns vizinhos de Avellaneda.
Na Universidad de Chile não acreditam: "Terrível, é inacreditável isto. Está sempre a acontecer-nos alguma coisa. É também uma questão de organização: não podem colocar a claque da U acima da barra do Independiente. Aqui há problemas de todos. Isto virou um circo", disse Daniel Schapira, dirigente da entidade.
"Vão-nos proibir de ser visitantes. Vamos ser sancionados, não há dúvida nenhuma. Vão ser sanções duras. É uma questão social, cultural; isto é muito mais do que futebol", acrescentou.
Por sua vez, a CONMEBOL, por meio da sua Direção de Competições e Operações, confirmou o cancelamento do jogo de madrugada, aguardando novas medidas "em função da falta de garantias de segurança por parte do clube local e das autoridades locais de segurança que garantam a continuidade". "O caso será encaminhado aos Órgãos Judiciais da CONMEBOL para futuras determinações", prosseguiu o comunicado do organismo. "Toda a informação dos factos ocorridos dentro e fora do estádio será enviada à Comissão Disciplinar da Confederação Sul-Americana de Futebol", concluíram.