Sul-Americana: Atlético-MG transformado por Sampaoli procura título inédito num ano de desilusões

Sampaoli recolocou o Galo na rota de bons resultados
Sampaoli recolocou o Galo na rota de bons resultadosPedro Souza / Atlético

O Atlético-MG vai enfrentar o Lanús, da Argentina, este sábado, com a oportunidade de fechar o ano de 2025 com um título que pareceu distante em muitos momentos.

Se for considerada a temporada atual do Atlético-MG, a taça do segundo torneio mais importante da América do Sul pode ser comemorada como algo bem além disso. Em muitos momentos do ano, o Galo desiludiu os adeptos, que pode ver o clube se garantir na Libertadores do ano que vem, fazendo companhia ao rival Cruzeiro, que segue voando sob o comando de Leonardo Jardim.

A última e mais recente desilusão veio após sofrer sete golos nos últimos três jogos do Brasileirão (dois deles com equipas a lutar pela manutenção), desperdiçando chances de chegar com a mesma moral elevada do Lanús, que sofreu apenas uma derrota nos últimos 13 jogos. 

Na sua história, o Atlético ainda não foi campeão da Sul-Americana, tendo no currículo a Libertadores de 2013, a Copa Conmebol de 1992 e 1997, além da Recopa Sul-Americana de 2014, diante do mesmo Lanús.

Depois de começar a temporada sob o comando do técnico Cuca, o Atlético não engrenou. Sem passar confiança e longe de mostrar um esquema de jogo consistente, os resultados que frustraram a torcida aconteceram em sequência.

O título do Campeonato Mineiro serviu para mascarar erros da Direção, que viu grandes apostas não funcionarem, caso do atacante Rony, vindo do Palmeiras, depois de uma longa negociação, com o Fluminense a pressionar também. 

No Campeonato Brasileiro, o conjunto acumulou deslizes, com a demissão de Cuca a ser inevitável. Para piorar o cenário, a gestão precisou de lidar com Rony a pedir rescisão de contrato e atletas a notificarem o clube extrajudicialmente por salários atrasados. Na Sul-Americana, o favoritismo ficou pelo caminho, com o conjunto  terminando a primeira fase no segundo lugar e a precisar dos play-offs para continuar em prova. 

Sampaoli como salvador

Depois de considerar a contratação de nomes como Pedro Caixinha, Luis Zubeldía e ficar perto de fechar com o argentino Martín Anselmi, ex- FC Porto, a Direção ouviu a claque e trouxe Jorge Sampaoli, favorito da Massa, que retornou ao clube depois de comandar o Galo entre 2020 e 2021, quando o conjunto tinha um estilo de jogo envolvente e agressivo.

Sob o comando de Sampaoli, com algum custo, o emblema  engrenou, com uma forma de jogar não tão parecida quanto a primeira passagem. Logo após a chegada do novo treinador, o Galo flertou com a eliminação na Sul-Americana, ao confirmar classificação para as meias-finais com um golo de Bernard, nos acréscimos, contra o Bolívar

Nos três primeiros jogos com Sampaoli, o Galo não venceu, apesar de jogar com um homem a mais, accionando um sinal de alerta que o sofrimento demoraria a passar.

Redenção de nomes importantes

O atacante Hulk, principal nome do plantel, amargou o banco ao enfrentar sua pior fase no clube antes de reencontrar bom momento, chegando recentemente aos 500 golos na carreira. 

Com o argentino, nomes até então apagados, como Dudu, voltaram a mostrar algum potencial, com o ex-treinador da Albiceleste a encontrar espaço para o meia Igor Gomes ter figura mais frequente no time titular, atuando como segundo homem no meio. 

Outro nome que teve uma sequência para começar a mostrar seu valor, depois de muito tempo, foi o meia Bernard, campeão pelo clube em 2013, e que voltou ao Galo depois de rodar pelo futebol internacional. Dos seus pés, saíram gols nas fases mais recentes da Sul-Americana para começar a dar um esperado retorno para a torcida. 

Coletivamente, em muitos momentos, deu certo a ideia de Sampaoli colocar extremos abertos pelas laterais, deixando jogadores da posição como opção, trazendo uma maior versatilidade, sem a teimosia que Cuca insistia em aplicar. Alexsander, Scarpa e até Alan Franco foram usados como alas. 

A taça, mesmo se levantada, não pode apagar os erros de planeamento e contratações.

Além disso, a ausência de um médio defensivo foi uma constante durante todo o ano, com o meio-campo Alan Franco precisando assumir uma função que não era sua especialidade.

O risco de despromoção, que foi real mesmo após a chegada de Sampaoli, foi embora, com a claque e o plantel a respirarem aliviados para deixar uma das duras missões para trás. Resta agora, o outro e maior desafio: terminar o ano com um título internacional inédito que fará o saldo de 2025 ser muito mais positivo do que muitos poderiam imaginar.