Definido como um dos cinco pilares da "Posição global contra o racismo da FIFA", aprovada por unanimidade pelas 211 federações-membro no 74.º Congresso da FIFA em Banguecoque (Tailândia) a 17 de maio de 2024, o Painel sobre a posição conjunta dos futebolistas é composto por 16 lendas do futebol masculino e feminino que se comprometeram a erradicar o racismo no futebol.
"Estou aqui para mostrar ao mundo que o racismo não tem lugar. Devemos desfrutar do desporto rei, entrar juntos no estádio, cantar em conjunto e, quando perdermos, tentar novamente. Isso é futebol, aproveitem-no", afirmou o antigo internacional liberiano Weah, que foi presidente da República da Libéria durante seis anos, entre 2018 e 2024, e é o capitão honorário do Painel sobre a posição conjunta dos futebolistas.
"Creio que o mais importante é esquecer os insultos, acolher os outros de braços abertos e fazer amigos, isso é o mundo. A guerra não traz nada de bom. O racismo é uma doença. Não podemos continuar a tolerar o racismo nos espaços públicos, especialmente no relvado, onde todos deveriam trabalhar juntos, divertir-se juntos, (por isso) divirtam-se, aproveitem o melhor que o futebol tem para oferecer".
Weah, que conquistou inúmeros prémios ao longo de uma carreira em clubes como o AS Monaco, Paris Saint-Germain e AC Milan, acrescentou que quer "agradecer ao presidente da FIFA, Gianni Infantino, por me incluir nesta equipa. Considero importante para o papel que desempenho na sociedade. Como ex-futebolista e ex-líder da República da Libéria, a minha voz é fundamental, porque joguei futebol e vivi o racismo durante a minha carreira. Por isso, acredito que sou um dos jogadores que está em posição de dizer 'Não' ao racismo".
Infantino empenhado na luta contra o racismo
Weah presidiu ao workshop, que contou com a presença de Gianni Infantino, responsável pelas palavras finais. Entre os participantes estiveram também Mattias Grafström, secretário-geral da FIFA; Jill Ellis, diretora de Futebol; e Gelson Fernandes, subdiretor das Federações Membro, além de outros elementos da administração da FIFA.
"A causa que nos une aqui é, sem dúvida, a mais importante pela qual devemos lutar e enfrentar da forma correta. Só conseguiremos isso se trabalharmos todos juntos, apenas como equipa podemos vencer", afirmou Infantino perante o Painel. "Já falámos o suficiente, agora é tempo de agir. Claro que não é fácil. E, por vezes, o mais simples é não dizer nada e aceitar o que está a acontecer e seguir em frente. Mas esse tempo já passou".
Acrescentou ainda que "fizeram um excelente trabalho nestes dois últimos dias. Vamos continuar este trabalho em conjunto. Este é o início das nossas ações, e vamos garantir que a nossa voz, que a vossa voz, a voz dos jogadores, seja ouvida".
A sessão realizou-se após várias conversas desde que esta iniciativa foi anunciada em setembro de 2025, mas marcou a primeira vez que os membros se reuniram presencialmente, depois de encontros virtuais anteriores.
Mercy Akide (Nigéria), Iván Córdoba (Colômbia), Khalilou Fadiga (Senegal), Jessica Houara (França), Maia Jackman (Nova Zelândia), Lotta Schelin (Suécia) e Mikael Silvestre (França) foram os membros do Painel que se juntaram a Weah em Rabate.
O objetivo do Painel
Com representantes de 14 federações-membro da FIFA das seis confederações, a missão é monitorizar e aconselhar sobre estratégias de combate ao racismo, participar em iniciativas educativas e fornecer contributos para implementar reformas.
Neste contexto, ouviram as intervenções da Federação Inglesa de Futebol e da Federação Alemã de Futebol sobre boas práticas, bem como de Piara Powar, da Fare Network, sobre o trabalho dos observadores antidiscriminação nos jogos de futebol.
Os membros do painel foram informados sobre as ações realizadas pelos seus elementos nas cinco áreas de atuação da Posição global contra o racismo da FIFA, com especial destaque para o escalão jovem, onde se dá particular atenção à formação dos jogadores. O antigo internacional argentino Juan Pablo Sorín tornou-se o primeiro membro do painel a falar aos mais jovens sobre racismo num torneio ao fazer uma apresentação à seleção argentina no Mundial Sub-20 da FIFA no Chile, em outubro deste ano. Além disso, outros membros realizaram sessões educativas com equipas no Mundial Feminino Sub-17 da FIFA 2025 e no Mundial Sub-17 da FIFA 2025, que decorrem atualmente em Marrocos e no Catar, respetivamente.
Progresso nos cinco pilares
O Painel sobre a posição conjunta dos futebolistas aproveitou também a oportunidade para dialogar com representantes das seis confederações e recebeu informações sobre o progresso dos cinco pilares da Posição global contra o racismo da FIFA. Além disso, analisou o plano operacional para 2026 e 2027 antes de assistir à final do Mundial Feminino Sub-17 da FIFA 2025 entre a RPDC e os Países Baixos.
"Tantas pessoas de todo o mundo viajam de um lado para o outro para ver um grupo de pessoas exemplificar o verdadeiro significado do futebol: é paz, é amor, é diversão; eu vivi isso. Vivi o amor, a paz. E também, o que estamos a tentar fazer é eliminar o racismo do desporto. Não faz bem ao desporto. Este é o esforço que estamos a fazer para garantir que todos lutamos, de forma universal", acrescentou Weah, que elogiou as iniciativas de combate ao racismo promovidas por Infantino.
"Tantas coisas mudaram simplesmente devido à diversidade. E é a diversidade que faz da FIFA o que ela é. Temos um líder forte, um presidente forte, (Gianni) Infantino, que ouve toda a gente, e é essa imagem que queremos transmitir. Ele ouve todos, e todos precisam de embarcar para que possamos levar o barco. Num barco, somos uma família que navega rumo à prosperidade, solidariedade e paz. É fundamental".
