“Bases do sucesso? É talento associado a muito e bom trabalho feito nos clubes e com a colaboração da federação, que nos tem permitido ambicionar a estar nesta alta roda da ginástica de trampolins. Esses esforços têm dado bom resultado, já que verdadeiramente só estão presentes 16 ginastas. Até há algum tempo, havia países que, se tivessem dois finalistas em Mundiais, podiam levar dois ginastas aos Jogos Olímpicos. Nesta altura, em que até temos dois finalistas, isso já não acontece”, notou à agência Lusa Carlos Matias.
Portugal garantiu hoje uma vaga no trampolim individual masculino dos Jogos Olímpicos Paris-2024, na sequência das qualificações de Pedro Ferreira e Gabriel Albuquerque para a final da categoria nos Mundiais, que decorrerá no domingo, em Birmingham, Inglaterra.
“Penso que esta vaga estaria dentro dos nossos objetivos mais imediatos. A intenção de haver dois ginastas, que são a quota máxima por país, nas finais também era um objetivo a procurar e foi atingido”, frisou o treinador, sem esquecer o quarto lugar alcançado horas depois na final masculina por equipas, concurso que Portugal arrebatou no ano passado.
Pedro Ferreira foi sexto colocado na qualificação dois para a final do trampolim individual masculino, com 59.890 pontos, ficando logo acima de Gabriel Albuquerque, sétimo, com 59.870, enquanto Diogo Abreu, olímpico no Rio2016 e em Tóquio2020, foi 22.º (23.730).
“Temos uma equipa com quatro ginastas fantásticos (incluindo Lucas Santos, que já tinha ficado pelo caminho), que andam na tentativa de apuramento olímpico através das Taças do Mundo e, naturalmente, tentaram garanti-la nos Mundiais. Bastava termos um finalista para garantir uma vaga nos Jogos Olímpicos. É sempre um objetivo que nos agrada ver cumprido, porque temos estado sempre presentes desde 2004”, recordou Carlos Matias.
Portugal coloca pela primeira vez dois ginastas numa decisão da categoria em Mundiais, mas recebeu apenas uma quota para Paris-2024, visto que a limitação de uma vaga por nação recai sobre cada um dos oito finalistas dos concursos individuais em Birmingham.
O técnico admite que a escolha do representante nacional nos Jogos Olímpicos, que se realizam de 26 de julho a 11 de agosto do próximo ano, na capital de França, “ocorrerá a posteriori, de acordo com um sistema já estabelecido” entre os quatro candidatos atuais.
“A virtude desse sistema é que nós vínhamos cá procurar os resultados dos Mundiais. A forma como esse apuramento olímpico vai ocorrer acontecerá após o somatório de todos os resultados até ao final do processo e não até hoje. Isso quer dizer que nenhum deles vinha defender o seu próprio resultado, mas defender o resultado de Portugal”, explicou.
Portugal passou a ter 21 quotas asseguradas em oito modalidades para Paris-2024, mas Carlos Matias alimenta o ‘sonho’ de haver mais uma vaga nos trampolins, dependente da presença de lusos nos três postos cimeiros do ranking acumulado das Taças do Mundo.
“Não vai ser muito fácil, mas (ir aos Jogos Olímpicos) nunca foi fácil para nós, sempre o conseguimos fazer e vamos estar nessa mesma guerra. Nesta fase, dentro daquelas três primeiras posições do ranking, temos um ginasta em sexto e outro em sétimo. Como só contam duas provas e restam duas por realizar, não há impossíveis para nós”, apontou.
Diogo Abreu foi o único representante luso nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, disputados em 2021, face à pandemia de covid-19, ao ficar no 11.º lugar, após ter acompanhado no Rio2016 Ana Rente, que esteve com Diogo Ganchinho em Londres2012 e Pequim2008.
O melhor resultado português nos trampolins, que integram o programa olímpico desde Sydney-2000, foi o sexto lugar obtido logo na estreia por Nuno Merino, em Atenas-2004.