A prolífica 16.ª etapa da Volta a Itália, em que Lorenzo Fortunato entregou o triunfo ao seu compatriota e companheiro da XDS Astana, foi também aquela em que o camisola rosa Isaac del Toro (UAE Emirates) perdeu a sua confortável vantagem, sucumbindo aos ataques de Simon Yates (Visma-Lease a Bike), agora segundo, a 26 segundos, e, sobretudo, Richard Carapaz (EF Education-EasyPost), que subiu a terceiro, a 31.
Ao alto de San Valentino, após 203 quilómetros desde Piazzola sul Brenta, chegaram isolados Scaroni e Fortunato, com os dois a cortarem a meta de mãos dadas, em 05:35.05 horas, antes do também italiano Giulio Pellizzari (Red Bull-BORA-hansgrohe), terceiro, a 55 segundos.
“Estou muito feliz. No final, falámos e ficou decidido que ele ficava com a camisola da montanha e eu com a etapa. Foi um companheiro incrível, esta vitória é para a equipa”, relatou o vencedor da tirada, que ganhou pela primeira vez numa grande Volta e somou o sexto triunfo da carreira, dando um novo fôlego à Astana, agora bem longe da zona de despromoção do WorldTour.
Com um verdadeiro dilúvio e quase 5.000 metros de acumulado pela frente, resultantes de uma contagem de segunda categoria e três de primeira, a última das quais a coincidir com a meta, a fuga tinha tudo para ser bem-sucedida e, por isso, foram vários os pretendentes que se lançaram na frente da corrida.
Wout van Aert (Visma-Lease a Bike) integrou o grupo pioneiro, assim como Joshua Tarling (INEOS), o primeiro dos muitos azarados da jornada, que abandonou quando ainda nem estavam decorridos 30 quilómetros.
Aos seis fugitivos iniciais juntaram-se, depois, mais 17 ciclistas, entre os quais Fortunato, Scaroni, Pello Bilbao (Bahrain Victorious), David Gaudu (Groupama-FDJ) ou Jefferson Cepeda (Movistar), que ganharam uma vantagem inalcançável – chegou a ultrapassar os nove minutos – após uma sucessão de quedas ter apanhado os nomes da geral.
O sempre azarado Roglic, que já tinha caído na nona etapa e no reconhecimento do crono da 10.ª e estava em “modo sobrevivência”, como o próprio admitiu, sofreu nova queda, numa descida a cerca de 95 quilómetros da meta, e abandonou.
Mais sorte do que o campeão do Giro2023 e quatro vezes vencedor da Vuelta, que desistiu dos últimos três Tour em que participou, teve Carapaz, que conseguiu retomar a marcha, assim como Egan Bernal (INEOS), vítima de uma queda pouco depois.
Numa jornada de verdadeira eliminação de candidatos, a EF Education-EasyPost destruiu o pelotão na subida a Santa Barbara, com Juan Ayuso (UAE Emirates) a descolar logo nos primeiros quilómetros – perdeu quase 15 minutos para o vencedor, chegando na companhia de Afonso Eulálio (Bahrain Victorious), o português que ascendeu a 81.º da geral, a 02:09.33 horas do ‘maglia rosa’.
Depois, foi a Tudor a entrar ao trabalho para Michael Storer e a condenar Bernal, irremediavelmente afastado da luta pela geral, ao ceder 02.31 minutos na meta.
O grupo de candidatos acabaria por ficar reduzido ao camisola rosa Isaac del Toro, Caparaz, os irmãos Yates, Antonio Tiberi e Damiano Caruso (Bahrain Victorious) ou Derek Gee (Israel-Premier Tech), que foram recebendo a companhia de ciclistas que descaíam da fuga.
Já dentro da ascensão final, destacaram-se Scaroni e Fortunato, o virtual vencedor da camisola da montanha, enquanto Simon Yates (Visma-Lease a Bike) separava os homens da geral, antes de Carapaz sacudir a corrida, distanciando o camisola rosa.
O campeão do Giro-2019 e vice da edição de 2022 rapidamente ganhou mais de um minuto e meio ao jovem mexicano, mostrando-se imparável no seu assalto ao pódio, sendo quarto na etapa, a 01.10 do duo da frente.
Gee foi quem mais perto ficou do equatoriano, perdendo, ainda assim, um minuto para o vice-campeão da Vuelta2020 e terceiro classificado do Tour2021, que parece ser agora o principal candidato a vestir a maglia rosa em Roma, no domingo.
Na quarta-feira, a 17.ª etapa liga 155 quilómetros entre San Michele all’Adige e Bormio, com passagem no terrível Mortirolo, de primeira categoria.