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Golfe: Scheffler domina o golfe mundial, mas continua em dívida na Ryder Cup

Scottie Scheffler com a mão na cabeça.
Scottie Scheffler com a mão na cabeça.Jared C. Tilton/ Getty Images via AFP

Scottie Scheffler terminou a sua participação na Ryder Cup com uma prestigiante vitória em singulares sobre Rory McIlroy, mas as suas quatro derrotas em pares pesaram no desaire americano frente à Europa (15-13). A gestão do capitão Keegan Bradley fica claramente em xeque.

O indiscutível número 1 do mundo, vencedor de dois Majors em 2025 (USPGA e The Open), com 17 presenças no top-10 esta temporada, mostrou-se irreconhecível na Ryder Cup. No exigente Black Course de Bethpage State, Scheffler nunca se encontrou nos jogos de pares, perdendo todos, um desempenho raro para um jogador do seu calibre.

Quer ao lado de Russell Henley, quer de Bryson DeChambeau, o texano foi uma sombra de si próprio e acabou por simbolizar uma equipa americana em crise, que apenas conseguiu salvar a honra na sessão de singulares, onde quase operou uma reviravolta épica.

Bradley falhou na gestão

A forma como Bradley lidou com Scheffler foi um retrato do seu naufrágio como capitão. Após duas derrotas na sexta-feira, insistiu em mantê-lo ao lado de Henley no sábado de manhã, esperando um resultado diferente, que, naturalmente, não apareceu.

Depois arriscou ainda mais: emparelhar Scheffler com DeChambeau. O contraste de estilos era demasiado evidente e o resultado, previsível. O incidente no buraco 16, quando o caddy de DeChambeau pisou a linha de Justin Rose antes de este converter um putt decisivo, ilustrou bem o ambiente caótico. Scheffler manteve-se distante, como se alheado da situação, enquanto a própria equipa europeia parecia mais próxima dele do que o seu parceiro.

A alternativa ignorada

E poderia ter sido pior. Enquanto aguardava o final das últimas partidas, Scheffler foi filmado em conversa com Justin Thomas, de costas voltadas para DeChambeau. A cumplicidade com Thomas, o seu amigo mais próximo no circuito (a par de Tiger Woods), levantou uma questão óbvia: porque não foram emparelhados desde o início?

Tiger nunca foi um craque da Ryder Cup (13 vitórias, 21 derrotas e 3 empates em 8 participações), mas o seu carisma continua incomparável. Scheffler, menos exuberante mas igualmente implacável, teria beneficiado de uma parceria sólida com Thomas, jogador experiente (7-4-2 em quatro presenças) e capaz de o apoiar.

Consolação tardia

Sem surpresa, Scheffler brilhou na partida de singulares. Frente a Rory McIlroy, número 2 mundial, resistiu até ao fim e venceu por 1UP. Uma vitória de prestígio que teria ganho dimensão caso os Estados Unidos conseguissem virar a Ryder Cup num domingo de loucos.

Não foi o caso. E, neste cenário, a forma como Bradley geriu o seu número 1 terá pesado decisivamente no desaire americano, em plena casa.