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Gran Camiño: O início de época motivador de Joaquim Silva

Gran Camiño: O início de época motivador de Joaquim Silva
Gran Camiño: O início de época motivador de Joaquim SilvaFacebook/Joaquim Silva
Joaquim Silva é o melhor ciclista das equipas nacionais no Gran Camiño, como já o foi na Volta ao Algarve, um início de temporada “motivador” para o homem da Efapel, perante um pelotão WorldTour que se prepara “muito melhor”.

“Eu gosto de entrar sempre bem na temporada. Gosto de fazer a temporada sempre muito regular e gosto de entrar bem, porque mentalmente fica-se mais descansado, apesar de, às vezes, custar mais, porque, por exemplo, este inverno foram dois meses seguidos de chuva”, contou à agência Lusa.

Apesar de “um inverno que custou muito a fazer”, Joaquim Silva é 12.º no Gran Camiño, a 52 segundos do dinamarquês Jonas Vingegaard (Jumbo-Visma), a mesma posição que ocupou na sexta-feira na segunda etapa, com final no alto do Monte Trega.

“Depois, chega-se aqui, ao período das corridas, e entra-se bem, tem-se a sensação que o corpo está a responder bem e isso acho que é o mais importante. Para mim, o importante é isso: é entrar bem e depois basta manter ali a consistência. Claro que umas corridas vão sair melhor, outras corridas pior, mas mentalmente para mim é motivador”, acrescentou.

Para Quim, “é muito bom estar a partilhar as estradas” com o pelotão do WorldTour, porque há “sempre ciclistas” com os quais os corredores das equipas nacionais “raramente” se cruzam.

“Apanhar o Vingegaard, que acabou de vencer a Volta à França há menos de meio ano, acho que é muito motivador”, confessou o vencedor do Grande Prémio Jornal de Notícias de 2021 e da Clássica de Viana na temporada passada.

Apesar de entusiasmante, esse encontro com as estrelas do pelotão, quer nas estradas galegas, quer na Algarvia, implica também maior sofrimento para os corredores das formações continentais lusas.

“O que eu costumo dizer é que, às vezes, basta (uma prova) ter uma equipa ou duas WorldTour e, principalmente no início do ano, que o andamento já é WorldTour. E pronto, isso torna sempre muito mais difícil, mas também temos que encarar isso como uma oportunidade de nós conseguirmos evoluir. Estar com eles ou estar o mais próximo possível deles, acho que é nisso que temos que nos focar e saber que conseguimos evoluir só correndo com os melhores”, avaliou.

A diferença para a elite do pelotão é abissal e o corredor da Efapel, que em 2018 representou a espanhola Caja Rural, explica-a com as regalias que os ciclistas da primeira divisão têm.

“Bem, em primeiro lugar, eles preparam-se muito melhor do que nós. Eles chegam já à primeira competição em janeiro, final de janeiro, fazem se calhar dois ou três estágios e um deles em altitude, de 20 dias, e acho que isso faz muita diferença”, notou.

Falando especificamente da Volta ao Algarve, onde foi 32.º classificado, o ciclista de 30 anos apontou também o problema de colocação dos portugueses num pelotão com 12 formações do WorldTour.

“Na etapa do Malhão, nós fizemos a etapa toda fora dos 100 primeiros do pelotão e quando fazes isso durante 170 quilómetros, vais a gastar muito mais do que os que vão a puxar. Fizemos médias muito altas, nessa etapa principalmente, e, claro, vais sempre no elástico, sempre a sprintar, sempre a fechar buracos. Ciclistas que abrem à frente e tens de fechar o buraco e depois, quando chegas à hora que eles apertam mais um bocadinho a subir, já não levas gás”, detalhou.

Além do menor ritmo com se inicia a época em Portugal, também não é fácil “entrar no meio das equipas World Tour”.

“Eles, às vezes, olham um bocadinho para nós como se fôssemos fracos, mas a verdade é que muitos de nós temos qualidade para estar numa equipa WorldTour, só não tivemos a oportunidade”, defendeu o antigo campeão nacional sub-23 de fundo (2014), que também foi segundo classificado da Volta a Portugal do Futuro desse mesmo ano, atrás de Ruben Guerreiro (Movistar), atualmente segundo classificado na geral do Gran Camiño.