O bicampeonato nacional de hóquei em patins foi conquistado no limite - e, para o técnico espanhol, foi talvez o mais sofrido, mas também o mais especial.
A travessia começou nas meias-finais, frente ao Sporting, num jogo 4 dramático no Dragão. Os azuis e brancos estiveram a perder por dois golos e o título pareceu escapar, mas a equipa reagiu, levou o jogo ao prolongamento e venceu nos penáltis, num dos momentos mais marcantes da era Ares.
Mais do que a estratégia, o treinador destacou a necessidade de lidar com a instabilidade emocional da equipa. “Parecíamos nervosos, a perder muitas posses. Era uma questão mental”, reconheceu, acrescentando que o seu foco passou por transmitir serenidade, dividir o jogo em pequenos objetivos e recuperar a estabilidade ainda dentro da própria partida.
Na final, o adversário foi o Óquei de Barcelos, equipa que já vencera o FC Porto em três ocasiões na época, incluindo na final da Liga dos Campeões.
Havia um peso psicológico evidente, mas também uma vontade inabalável de dar a volta à história. Ares sublinha que não se tratava apenas de uma questão de contas por ajustar, mas de uma obrigação competitiva.
“Não podíamos perder, de maneira nenhuma. E a equipa focou-se de forma séria, com ambição”, frisou.
O FC Porto respondeu com autoridade e maturidade. Com o fator casa a favor, a equipa assumiu o favoritismo e selou o título com uma exibição de controlo e eficácia.
Para Ares, o desempenho nos jogos decisivos - nomeadamente o jogo 5 das meias e o jogo 4 da final - mostrou aquilo que sempre procurou: uma equipa capaz de atacar, defender e adaptar-se com inteligência às exigências do jogo.
As derrotas sofridas ao longo da época, nomeadamente na Liga dos Campeões, funcionaram como catalisador. “Fomos calculistas, eficazes, resilientes. Aprendemos com as perdas e, nos momentos-chave, jogámos com cabeça”.
O bicampeonato foi também, nas palavras do técnico, “uma vitória de todo o FC Porto”, clube em que, desde o início, se sentiu integrado na estrutura do clube, em sintonia com as outras modalidades e com os valores de exigência e ambição.
A despedida, embora emocional, aconteceu no cenário ideal: com um troféu entregue ao Museu e a certeza de que a missão foi cumprida.