A entrada em falso da turma de Paulo Freitas na segunda-feira precisava de uma resposta convincente frente a um adversário que tem crescido a olhos vistos nos grandes palcos do hóquei. Liderados pelo trio de irmãos Di Benedetto, Roberto (Benfica), Bruno (Oliveirense) e o capitão Carlo (FC Porto), os franceses têm colocado vários jogadores no campeonato português, o melhor do mundo.
Ainda mal a buzina tinha soado e já havia quezílias entre jogadores. Roberto di Benedetto e Rafael Bessa chocaram e houve troca de mimos entre vários jogadores, resolvida com cartões azuis para o português e para o irmão do francês, Carlo. O lance parece ter motivado os gauleses que estiveram melhor, principalmente quando o duelo entrava em disputas físicas.

Parecia uma questão de tempo para ver a equipa de Nuno Lopes marcar, até porque Pedro Chambell - filho do antigo internacional luso António Chambel - estava bem seguro entre os postes da baliza francesa. Com 10 minutos de jogo, Marc Rouzé tentou a sorte do meio da rua e enganou Xano Edo que não viu a bola no meio da floresta de pernas.
O marcador eletrónico ia constantemente tal como os lusos, apagados e com laivos de reação. Aliás, valeu a atenção de Xano Edo que evitou o 0-2 a um minuto do descanso num lance que foi um rastilho explosivo. No contra-ataque, Hélder Nunes entrou pela baliza adversária adentro e o empate foi bem anulado, embora tenha havido grande penalidade sobre o capitão português. Enquanto isso, nova picardia entre Rafael Bessa - que viu o segundo cartão azul - e um dos irmãos Benedetto. Sanada a questão, destaque para os índices de concentração de Rafa Costa que, a 14 segundos do intervalo, recuperou o esférico no meio-campo, enganou Pedro Chambell no um para um e fez o empate.
O descanso chegou na altura certa, Portugal precisava de acalmar a agressividade e deixar de se envolver na troca de galhardetes que favorecia os franceses, tal como disse o especialista no assunto Ângelo Girão, lenda das balizas que se reformou esta época e tem sido o comentador da prova na RTP. Mentalmente recuperados, os portugueses voltaram com tudo e só um excelente corte de Rémi Herman impediu a reviravolta de Alvarinho.

Pouco depois, foi Pedro Chambell a segurar uma bomba de Zé Miranda e Hélder Nunes a falhar a recarga, num momento de aperto para os gauleses, que obrigou Nuno Lopes a pedir um desconto de tempo. Leitura perfeita do treinador português, já que no minuto seguinte, a sua formação voltou à vantagem com a receita da primeira parte: Roberto di Benedetto armou o remate ainda atrás do meio-campo e a bola encontrou o caminho entre os vários corpos para entrar no ângulo superior. Xano Edo pouco pôde fazer e o pavilhão voltou a esmorecer.
O ímpeto podia mudar logo a seguir, mas Chambell voltou a agigantar-se para travar o livre direto e as duas recargas de Miguel Rocha. Tal como contra a Itália, Portugal partiu completamente o jogo à procura do empate, sem criar grandes oportunidades, enquanto do outro lado valia Xano Edo a segurar a equipa com três grandes defesas. A dois minutos do fim, os irmãos Bruno e Carlo combinaram entre si, com o gigante do FC Porto a encostar perante um indefeso Edo para assinalar o resultado final (1-3).
Ao fim de dois jogos da nova geração portuguesa, a boa notícia é que todas as equipas dos grupos avançam para os quartos de final, caso contrário Portugal já estava arredado do título na fase de grupos, num torneio que disputa em casa. Há muitas lições a serem tiradas...
Síntese do Europeu de hóquei em patins:
A Espanha, que venceu as últimas três edições, manteve-se 100% vitoriosa, depois de derrotar a Itália, por 3-1, num encontro em que os transalpinos, que tinham derrotado Portugal na véspera (3-2), se adiantaram no marcador aos 12 minutos, por Francisco Ipiñazar.
Contudo, na segunda parte, a seleção espanhola deu a volta ao resultado, com golos de Sergi Aragonès (36 minutos), Martí Casas (38) e Nil Roca (50).
No Grupo B, Andorra lidera, com quatro pontos, depois de empatar a quatro golos com a Suíça, que tem dois, os mesmos da Áustria e mais um do que a Alemanha, que empatou com os vizinhos austríacos (1-1).
A Suíça esteve quase sempre em vantagem até seis minutos do final, quando Bernart Picanyol (44) empatou, com Jan Schober (05), Lorenzo Rui (06 e 37) e Jonathan Brand (31) a marcarem para os helvéticos, enquanto Nil Dilmé (15 e 37) e Bernart Picanyol (32) a fazerem os restantes golos dos andorrenhos.
Tal como a Suíça, a Áustria ainda só conseguiu empatar e hoje teve de esperar pelos 45 minutos para, com um golo de Kilian Laritz, empatar com a Alemanha, que tinha perdido com Andorra e que se tinha adiantado aos 36, por Lukas Karshchau.
A primeira fase do Europeu serve apenas para definir os confrontos dos quartos de final, sem que qualquer seleção seja eliminada.
