Final antecipada, duelo de gigantes, Golias contra Golias... como lhe quiserem chamar. Um Portugal-Espanha nunca deixa ninguém indiferente, ainda para mais quando o que está em causa é um lugar na final. A prestação portuguesa nesta edição não tem sido a melhor, somando três derrotas, inclusive com nuestros hermanos (1-3, recorde aqui), mas a goleada nos quartos de final frente a Andorra (11-2, recorde aqui) ajudou a encher o balão da confiança.
Edo e Ballart, muros ilimitados
E foi mesmo a turma de Paulo Freitas que entrou melhor na partida, somando três boas oportunidades para marcar nos instantes iniciais perante um guarda-redes, Càndid Ballart, que não iria ser fácil de ultrapassar. Orientados por Pere Varias e com alguns jogadores que atuam no campeonato português, os espanhóis equilibraram a partida, com Xano Edo a somar intervenções importantes, incluindo uma defesa de recurso em cima da linha e outra intervenção com o capacete depois de um ricochete.

Depois do quarto de hora inicial, os índices de agressividade subiram e houve muitos duelos físicos com rédea larga por parte da equipa de arbitragem. Num desconto de tempo, Paulo Freitas pediu à equipa para cair em cima de Eloi Cervera, Gonçalo Alves fez isso mesmo e abriu a caixa de Pandora dos lances durinhos, que culminou num cartão azul precisamente para Cervera, que atingiu, inadvertidamente, Zé Miranda com o stick. O espanhol viu o cartão azul, mas o empate manteve-se ao descanso.
Havia ainda 22 segundos de superioridade numérica no reatamento, mas os espanhóis fecharam bem os espaços da baliza. Ainda assim, Portugal continuou a carregar, sem incomodar em demasia Càndid Ballart, segurando a posse de bola e os espanhóis responderam em contra-golpe. Xano Edo ia parando o que conseguia, inclusive com as costas, e vencendo os duelos individuais. No entanto, a 14 minutos do fim, Sergi Aragonès conseguiu esquivar-se dentro da grande área e colocar a bola por baixo do corpo do guardião português, inaugurando o marcador.
Conexão Barcelos e o estóico Hélder Nunes
A resposta foi imediata: um minuto depois, Luís Querido rematou rasteiro e Miguel Rocha colocou o stick no sítio certo para desviar na cara de Ballart e restabelecer a igualdade. A ligação entre os dois campeões europeus pelo Óquei de Barcelos soltou uma explosão de alegria nas bancadas. Voltou o encaixe tático, sem correr riscos em demasia e a aposta na meia distância.
A uma falta de conceder livre direto, Portugal esteve bem na gestão dos duelos físicos e, num ataque lento sem grande perigo, Hélder Nunes arranjou espaço para armar o remate, o esférico desviou num defesa e passou entre as pernas de Ballart para carimbar a reviravolta. Faltavam apenas oito minutos para chegar à final do Europeu. Pouco depois, Zé Miranda ficou muito perto do terceiro em duas ocasiões, primeiro falhou o desvio, depois valeu o corte decisivo de um defesa quando já ia encostar para a baliza deserta.
Meio minuto e um desvio para o prolongamento
O pavilhão animou-se para empurrar a equipa até à final, enquanto Hélder Nunes saiu lesionado e não voltou a entrar na quadra durante os últimos minutos. A frustração era tal que deslocou uma das tabelas e obrigou à interrupção da partida. A um minuto do fim, os espanhóis colocoram o guarda-redes avançado e assim continuaram mesmo quando os portugueses tiveram a bola. A 30 segundos do fim, César Carballeira disparou do meio-campo, o esférico sofreu um grande desvio no stick de Rafa Bessa e traiu Xano Edo... Como uma faca, o empate entrou no coração do pavilhão e dali tirou todo o ar que estava prestes a explodir. Seria preciso o prolongamento.
No arranque da etapa complementar, Ballart voltou a brilhar ao defender com a ponta da luva o desvio infeliz de um colega de equipa. Enorme intervenção a marcar a primeira parte. A segunda parte começou com duas transições perigosas de Portugal, mas Gonçalo Alves não tomou a melhor decisão em ambas e as duas equipas limitaram-se a controlar danos até chegar ao desempate por grandes penalidades.
AbençoEdo Xano!
Sérgio Aragonès deu o melhor início à Espanha, enquanto Miguel Rocha foi negado pelo poste. Depois, brilhou Xano Edo ao travar os remates de Sergi Aragonés, Martí Casas e Sergio Llorca, enquanto a picadinha de Alvarinho e o tiro de Gonçalo Alves fizeram a reviravolta. Zé Miranda podia ter carimbado o bilhete, mas acertou na trave e Roc Pujadas marcou. Luís Querido teve o remate decisivo para uma defesa incrível de Ballart com o capacete.
A morte súbita começou com mais uma grande defesa de Xano Edo a Pol Manribua. Portugal chamou o bombardeiro Gonçaço Alves para colocar um ponto final na eliminatória e foi isso mesmo que fez o jogador do FC Porto com um tiro colocadíssimo.
Com este resultado, Portugal vai lutar pelo título diante da França no sábado, às 21:45. De recordar que, na fase de grupos, a equipa comandada pelo português Nuno Lopes e que conta com o trio de irmãos Di Benedetto venceu a seleção nacional por 1-3.