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Hugo Martins: "O mercado português não tem capacidade para absorver todos os bons treinadores"

Hugo Martins tem tido sucesso em Chipre
Hugo Martins tem tido sucesso em ChipreArquivo Pessoal, Flashscore
O Omonia Aradippou regressou ao escalão máximo do futebol cipriota 29 anos depois da última presença e, na época 2024/25, garantiu a manutenção. Um feito alcançado com o contributo decisivo e a liderança firme do treinador português Hugo Martins.

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Hugo Martins não treina apenas equipas - constrói ideias, desafia contextos e acredita no poder transformador do jogo. Com cerca de 15 anos de carreira, o treinador português vive hoje o reconhecimento em Chipre, um país onde se sente “em casa”, depois de liderar o Omonia Aradippou à subida e garantir a manutenção na primeira liga cipriota com o orçamento mais baixo do campeonato.

Fiel à sua identidade, defende um futebol de posse, bem jogado, sem nunca abdicar da sua ideia — mesmo em cenários de dificuldade extrema. Recusa o antijogo e acredita que o rigor e o detalhe podem vencer orçamentos milionários. “Estou no futebol por amor, não é paixão”, resume, enquanto se prepara para o curso de Nível IV de treinador, consciente de que, hoje, o seu lugar está fora de Portugal.

Hugo Martins cumpre segunda época no Omonia
Hugo Martins cumpre segunda época no OmoniaArquivo Pessoal

Da subida histórica à manutenção: "Nunca abdiquei da minha ideia"

- Como surgiu esta oportunidade de regressar ao Chipre?

- Já tinha estado no país e, na altura, houve muitos elogios à forma como jogávamos. Tínhamos uma primeira fase de construção e criação muito elaborada, diferente do estilo mais direto típico da segunda divisão cipriota. A minha ideia era introduzir um tipo de jogo diferente, mais pensado, que nos permitisse vencer mais vezes.

Esse primeiro projeto acabou por ser interrompido devido a alguns incumprimentos e dificuldades estruturais e financeiras do clube. No entanto, deixei ali uma primeira semente. Quando o Omonia Aradippou decidiu mudar de treinador, por causa de uma série de maus resultados, as pessoas lembraram-se de mim.

Tinha acabado de regressar de Moçambique e estava em Portugal há pouco tempo. Não hesitei. Já conhecia o campeonato e alguns jogadores da equipa. Acreditei que podia voltar a construir uma equipa com uma forma de jogar diferente da maioria e, com isso, provar que, mesmo com um estilo distinto, era possível ter bons resultados. Desde o primeiro jogo — que vencemos — o processo foi evoluindo até à subida.

- A subida de divisão era um objetivo definido desde o início pela direção do clube?

- A mensagem foi: 'Não temos um orçamento muito elevado e não sabemos se será possível, mas é um desejo.' Fui o primeiro treinador estrangeiro do clube, era uma situação nova, mas tinham gostado muito do que tinham visto na minha primeira passagem.

Antes de aceitar, fiz algumas chamadas para saber mais sobre a equipa. O que me disseram foi: 'Vem, porque é mesmo a tua cara.' O clube estava há 29 anos sem chegar à primeira divisão — foi acreditar num sonho. Houve uma grande crença por parte dos jogadores. Rompemos com o tradicional, trouxemos uma ideologia e uma metodologia de treino diferentes, o que foi desafiante para eles. Mas perceberam que, jogando um futebol de melhor qualidade, podiam vencer mais vezes.

Hugo Martins é fiel à sua ideia
Hugo Martins é fiel à sua ideiaOpta by Stats Perform, Omonia Aradippou

- Qual é o maior desafio: subir ou manter-se na primeira liga?

- Ufff... Foi muito, muito mais difícil e desgastante este desafio na primeira liga. Estamos a falar de um clube que esteve quase 30 anos fora do escalão principal — não estava, de todo, preparado para os desafios desta realidade. Depois, há a questão do orçamento. Trabalhamos com um budget que não nos permite verdadeiramente competir. Em comparação é um orçamento de uma equipa de Liga 3 em Portugal...

- Como se compara isso com as grandes equipas da liga?

- Há dois clubes que jogam noutra realidade: o Pafos e o Aris. Ambos têm proprietários de origem russa, com uma capacidade financeira muito superior. Estamos a falar de orçamentos de 23 e 17 milhões de euros. Nós, por comparação, rondamos os 600 mil.

Basta olhar para o nosso recrutamento: jogadores como o Sidónio, o Carlos (Peixoto), o Saná ou o Mika (Borges) — todos vinham da Liga 3. E, mesmo assim, estão a competir num campeonato onde encontramos nomes como o Pêpê (Rodrigues), El-Arabi, Kokorin ou Pizzi. Estas equipas do top 6 não só têm orçamentos muito superiores como, naturalmente, vivem uma realidade completamente diferente da nossa.

- Então, quais foram os momentos-chave para garantir a permanência?

- Transcendência e superação diária. Foi isso que nos guiou, sobretudo devido às dificuldades estruturais e às condições com que trabalhávamos. Tivemos um grande espírito coletivo. É verdade que contra as equipas do top 6 fizemos apenas três pontos — com o AEK. Conseguimos competir com o Apollon e com o Aris, apesar das derrotas. Tenho, aliás, alguma responsabilidade por não termos somado mais pontos, porque nunca abdiquei daquilo que é a nossa identidade de jogo.

Os nossos jogadores conquistaram respeito pela forma como jogámos. É verdade que não conseguimos ter o domínio que gostávamos — como acontecia na segunda liga —, mas mantivemos a nossa ideia até ao fim, e isso teve custos.

Quando jogas com o Pafos, que tem um orçamento de 23 milhões, eles podem mudar 10 jogadores e a qualidade mantém-se. Sei que, nessas condições, posso perder 90% dos jogos — por isso escolho a forma como quero perder. Isso ajudou a criar identidade.

- Portanto, a abordagem foi sempre a mesma, seja na primeira ou na segunda divisão?

- Há várias formas de ter sucesso. Não digo que a minha seja a melhor, mas é aquela em que mais acredito.  Fui fiel à minha ideia. Acreditei que era possível atingir os nossos objetivos sem recorrer ao erro do adversário, sem baixar linhas — que é um caminho legítimo, claro. 

Já tive outras abordagens. Quando comecei, no Sertanense, gastava muito tempo a trabalhar a organização defensiva e a transição defesa-ataque. Hoje, e especialmente desde que vim para o Chipre, comecei a dar muito mais ênfase ao momento ofensivo, a querer dominar e controlar o jogo.

Hugo Martins garantiu manutenção na liga cipriota
Hugo Martins garantiu manutenção na liga cipriotaArquivo Pessoal

"Existe muito a perceção de que o jogador cipriota é calão"

- Como decorreu o processo de adaptar-se ao plantel e adaptar o plantel às suas ideias?

- Já conhecia muitos jogadores. O Omonia Aradippou era uma equipa que já jogava bem quando estive no Chipre pela primeira vez. Sabia que, com treino, aqueles jogadores podiam jogar da forma que idealizo. Tudo passa pela liderança: pela forma como procuras convencer os jogadores de que este é o caminho certo. O processo de treino é fundamental nisso. Eles mudaram radicalmente a forma como treinavam.

Aqui ainda existe muita separação entre o treino físico e o técnico-tático. Nós, portugueses, temos uma visão mais integrada, onde tudo está ligado. Não há separação entre as componentes. Eles gostaram disso.

O nosso trabalho é 98% com bola — e os jogadores, naturalmente, gostam. Fomos a equipa com mais cipriotas na liga. (...) A realidade no Chipre é que há clubes que quase não jogam com jogadores locais. O Pafos, por exemplo, não utiliza nenhum. Pagam multas todas as semanas porque é obrigatório jogar com dois cipriotas. O APOEL também não utiliza, o Apollon às vezes sim, outras não. No nosso caso, tínhamos mesmo de jogar com eles.

Os últimos resultados do Omonia Aradippou
Os últimos resultados do Omonia AradippouFlashscore

- Alguma explicação?

- Sim, existe muito a perceção de que o jogador cipriota é “calão”. Estamos numa ilha, sem uma cultura de aposta consistente no jogador local, e isso faz com que, muitas vezes, eles se acomodem. Mas a verdade é que, se forem desafiados, se lhes for exigido e se sentirem que acreditamos neles, têm capacidade para jogar a este nível.

Trabalhei com o Vrontis e com o Koutsakos no POX, ainda com 17 anos. Quando subi à primeira liga, fui buscá-los. Estamos a falar de jovens e cipriotas — e isso, aqui, ninguém faz.

- Eles precisavam de confiança?

- Sem dúvida. Têm qualidade — e já fiquei surpreendido com muitos jogadores cipriotas. O problema é que os clubes ignoram, em grande parte, os escalões de formação. Falta acompanhamento e aposta a sério.

- Quais são as principais diferenças do futebol cipriota?

- Apesar de haver muitos estrangeiros — jogadores e treinadores — o jogo tende a partir-se com facilidade. Na minha primeira experiência aqui, isso era muito evidente. Este ano, notei mais organização, mas ainda há essa tendência.

O AEK (Larnaca), com o Berg, tem um processo bem definido, com muitos jogadores envolvidos na construção e no momento ofensivo. O Pafos também. Já o Aris prefere partir o jogo, explorar a profundidade — foi uma equipa criada com base nas características do próprio campeonato.

Hugo Martins aceite no nível IV de treinador
Hugo Martins aceite no nível IV de treinadorArquivo Pessoal

"Nós portugueses, somos extremamente ligados ao detalhe"

- O que leva sempre consigo do futebol português para os diferentes contextos onde trabalha?

- Tem muito a ver com o nosso rigor tático, que nasce da forma como treinamos. O treinador português dá muita atenção ao aspeto tático — isso vem da nossa formação. Quando vamos para fora, tentamos passar essa influência.

Acredito muito no treino. Somos extremamente ligados ao detalhe. Individualmente, os nossos jogadores tinham qualidade inferior à da maioria dos adversários. Só tínhamos um com experiência de primeira liga — depois chegou o Jorginho, que trouxe alguma maturidade —, mas os restantes vinham da segunda divisão ou até da 3.ª liga portuguesa.

Isso cria um desafio enorme. Tivemos de fazer um trabalho muito forte a nível individual para que, no coletivo, conseguíssemos crescer. Trabalhámos detalhes: cortar corridas em transição, os médios a receber com os apoios paralelos e a “scanear” o jogo, tabelas, apoios, finalização com os dois pés...

Eu costumo chamar a isso os “tostões”, aquelas pequenas moedas pretas. Detalhes quase invisíveis, mas que, somados, valem muito dinheiro. São esses pormenores que fazem a diferença.

- Quando não se tem as armas (poderio financeiro) dos outros, o perfecionismo e detalhe são inevitáveis?

- Temos de ir por aí. Já é difícil competir — se não formos ao detalhe, torna-se praticamente impossível. É preciso fazer uma boa gestão do treino, analisar bem o que é essencial e prioritário. Às vezes, temos de cortar um pouco do treino coletivo para conseguir tocar em aspetos individuais. Essa gestão do tempo é fundamental. Nós, portugueses, também gostamos muito de analisar o adversário — não para mudar a nossa forma de jogar, mas para perceber onde podemos criar dificuldades.

- Acredito que essa dificuldade também acaba por ser estimulante para si...

- Muito. Lembro-me, por exemplo, do jogo contra o AEK. Uma equipa muito bem estruturada, com padrões claros e uma identidade forte. Ele não altera praticamente nada — mantém a construção, o posicionamento, cria superioridade num dos lados, e o extremo do lado contrário aparece muitas vezes em zona interior, como um número 10.

Isso cria desequilíbrios, especialmente nos médios, porque há sempre um homem extra. Para lidar com isso, optei por marcações individuais. O meu lateral fechava no extremo que entrava por dentro, e o meu extremo baixava para fechar o corredor.

Sabia que o Berg não ia mudar nada — e por isso adaptei-me. E funcionou. Ganhámos um jogo e perdemos o outro. Foram jogos que me deram muito gozo. Aquilo que projetámos acabou por acontecer.

Hugo Martins deixou marca no Omonia Aradippou
Hugo Martins deixou marca no Omonia Aradippou@omonoiaaradippou

"Senti que não fui valorizado como devia em Portugal"

- Como se tem sentido nestes três anos fora de Portugal?

- Quando terminei contrato com o Belenenses, após termos conseguimos a subida de divisão, senti que não fui valorizado como devia, e por isso, quando acabou a época, decidi sair. Ir para fora era uma ambição antiga.

Porquê o Chipre? Porque há uma forte tradição de jogadores portugueses, e já existia uma marca deixada por alguns treinadores portugueses. Tentei trazer aquilo que falámos anteriormente — rigor, identidade, processo. E quando acreditas nisso e o colocas em prática, acabas por ser recompensado.

O que mais ganhei foi experiência e capacidade de me adaptar a diferentes contextos. Mas, acima de tudo, cresci a nível humano e cultural. Nem todos têm capacidade para sair. Muitos preferem o conforto de Portugal, mas esta experiência fora traz uma riqueza humana enorme.

- O Hugo está na lista para o curso de treinadores Nível IV em Portugal. Foi uma conquista difícil?

- Muito. O trajeto foi duro. Tive dificuldades já para entrar no Nível III. Quando tirei o UEFA B, surgiu a oportunidade de ir para a seleção sub-17 da Índia, num projeto ligado ao Mundial. Tive de interromper a parte do estágio. Quando regressei, terminei o curso, mas quando tentei entrar no UEFA A, não me foi permitido — por ter suspendido o curso durante seis meses. Portanto, só o UEFA A foi extremamente difícil de concluir.

Já a trabalhar na Liga 3, percebi que dificilmente conseguiria tirar o Nível IV. O desafio no Chipre foi também com essa ambição — subir de divisão e cumprir os critérios para poder entrar no curso, como aconteceu com o (Tiago) Margarido ou o Vasquinho (Vasco Matos). E foi isso que aconteceu. Felizmente, conseguimos subir de divisão, o que me permitiu trabalhar na primeira liga e abrir a porta para continuar a minha formação em Portugal.

A forma recente do Omonia Aradippou
A forma recente do Omonia AradippouFlashscore

- Há quantos anos dura este percurso?

- 15 anos.

- Força, perseverança e disponibilidade para sair do país foram essenciais?

- O mercado português não tem capacidade para absorver todos os bons treinadores. Se acreditas em ti, mas percebes que o contexto não te favorece, tens de procurar alternativas. Se continuares a fazer o mesmo, vais receber o mesmo. Então, decidi fazer diferente. Fui atrás do meu espaço — aqui ou ali. Fui para Moçambique porque sempre tive o sonho de trabalhar em África. Gosto muito do jogador africano, e fui à procura disso.

Tive sempre coragem. Sou pai, o meu filho vai fazer cinco anos em agosto. E abdiquei de parte do crescimento dele para investir na minha carreira. Nem toda a gente está disposta a isso. Mas espero que, um dia, quando ele olhar para o meu percurso, sinta orgulho. Isso também é uma forma de educação: se acreditas em ti, segue em frente.

- Que balanço faz do seu percurso até agora? O que lhe diz o passado?

- Sinto que tudo isto me tornou mais forte. Tenho uma grande satisfação pelas conquistas, mas talvez porque foi tudo difícil, isso tenha ainda mais valor. Se voltasse atrás, faria tudo igual. É fácil dizê-lo agora, porque tive sucesso — mas mesmo que não tivesse tido, não me arrependeria. Estou no futebol por amor — e não por paixão. Paixões posso ter muitas: por uma flor, por um gato… mas pelo futebol tenho amor. E isso é outra coisa.

Hugo Martins não pensa no regresso a Portugal
Hugo Martins não pensa no regresso a PortugalArquivo Pessoal

"Regresso a Portugal? Acredito que sou mais necessário noutros países"

- O que espera que este novo capítulo na sua carreira lhe traga? Um regresso a Portugal ainda está nos seus planos?

- Antes de mais, acredito que esta formação me vai tornar um melhor treinador. Vai ser um grupo com cerca de 20 treinadores, todos com ideias e experiências diferentes, mas com muita qualidade. Falo, por exemplo, do Luís Pinto, do Tiago Margarido, do António Barbosa, do Vasco Botelho da Costa e do Vasco Matos — pessoas que conheço e de quem gosto muito. O Fábio (Pereira), do Vizela, não conheço pessoalmente, mas admiro imenso o trabalho dele. Acredito que esta partilha me vai potenciar ainda mais.

Sobre o futuro, sinceramente, não sei. Sempre fui associado a alguns clubes aqui, como o Anorthosis, e acredito que a formação pode abrir algumas portas no Chipre — ou até noutros mercados. Mas, com honestidade, não me vejo a voltar a Portugal para treinar.

- Por algum motivo especial?

- Acho que há tantos bons treinadores em Portugal, estão sempre a aparecer novos nomes com grande qualidade, que sinto que o futebol português não precisa do Hugo Martins. Acredito que sou mais necessário noutros países — para levar novas metodologias, influenciar de forma diferente. Penso que posso ser mais útil fora.

- Não pensa um dia ter a oportunidade de trabalhar na Liga?

- Não. Sinceramente, não. Gosto muito de estar no Chipre. As pessoas reconhecem-me, não só como treinador, mas como pessoa. Sinto-me muito bem tratado. Sinto o Chipre quase como a minha pátria.

- Imagine que eu sou um diretor desportivo de um clube e que estou a estudar a possibilidade de contratar o Hugo. O que vai ter para me apresentar?

- A primeira pergunta que faço é: qual é o orçamento para a equipa técnica? (risos) Isso define quantos elementos posso trazer comigo. Se não houver limitações, posso prometer: muita qualidade no treino e um compromisso total para sermos uma das equipas mais organizadas do campeonato.

Peço para conhecer os jogadores do plantel, apresento vídeos do trabalho diário, explico o papel de cada treinador. A ideia é construir uma equipa organizada, intensa, que procure controlar e assumir o jogo. Acredito muito nisso. Sou muito ligado à parte estética do jogo, mas não sou radical. Se puder fazer um golo com três passes, também faço. No fundo, procuro mostrar a minha ideia através do vídeo — deixar que o trabalho fale.

- O que gostaria que dissessem sobre si no dia em que decidir terminar a carreira?

Gostava que me lembrassem como alguém com fair-play constante, com uma grande ética desportiva. Uma pessoa que ama o jogo, que o protege, que é contra o antijogo. Se conseguir manter isso até ao fim, sei que o meu filho vai ter orgulho em mim. E isso, para mim, já vale tudo.

Nota: Poucos dias depois da entrevista concedida ao Flashscore, o Omonia Aradippou anunciou a saída de Hugo Martins, que foi entretanto confirmado como novo treinador do Ethnikos Achnas, também da primeira liga cipriota.