Na equipa de Inglaterra, liderada por Harry Kane, Kieran Trippier foi a escolha para o lado direito de uma defesa que contou ainda com o tantas vezes criticado Harry Maguire, merecedor da confiança de Gareth Southgate. No meio-campo, Jude Bellingham - com 19 anos e 145 dias - tornou-se no terceiro jogador mais jovem de sempre a atuar como titular pelo país num Mundial, apenas batido por Michael Owen, em 1998, e Luke Shaw, em 2014.
Pelo Irão, Sardar Azmoun foi suplente. O avançado do Bayer Leverkusen vem de lesão, é certo, mas esteve recentemente no centro da polémica pelas críticas feitas ao regime autoritário do país, que levaram a uma alegada pressão sobre Carlos Queiroz para a retirada do jogador da lista de convocados para o Mundial-2022. Mehdi Taremi e Alireza Jahanbakhsh fizeram dupla no ataque, com a baliza guardada, ainda que por pouco tempo, por Alireza Beiranvand, guarda-redes que na época passada representou o Boavista e que detém o recorde do Guinness pelo lançamento de 61 metros e 26 milímetros da bola com a mão.

O jogo arrancou com natural tendência atacante da Inglaterra, mas com pouco perigo. E esfriou logo ao minuto 7, curiosamente na sequência do primeiro lance de registo. Depois de um live curto, cobrado de forma rápida, Kane teve espaço para cruzar, mas Alireza Beiranvand saiu dos postes para desviar a bola, evitando remate triunfante de Maguire. Contudo, o guarda-redes chocou com Majid Hosseini e ficou muito mal tratado, precisando de assistência durante cerca de 10 minutos. Depois, ainda tentou continuar em campo, mas não conseguiu, deixando o terreno de jogo de maca.

A paragem não afetou os Três Leões, que, aliás, voltaram ainda mais focados, aproximando-se com cada vez maior perigo da área iraniana. Mason Mount, aos 29 minutos, deu o primeiro aviso, com um remate à malha lateral depois de cruzamento de Bukayo Saka, e Maguire, três minutos volvidos, cabeceou à trave após canto desde o lado direito do ataque, fazendo prever o que chegava.
A pressão era grande e à terceira foi de vez. Depois de boa jogada de envolvimento do ataque inglês, Luke Shaw colocou a bola no coração da área com conta, peso e medida, e viu Jude Bellingham, livre de marcação, cabecear para o primeiro golo do encontro. Estavam jogados 35 minutos e o que se seguiu foram dez minutos absolutamente demolidores dos comandados de Southgate.

Aos 43, Maguire voltou a superiorizar-se ao seu marcador direto depois de canto pela esquerda, tocou de cabeça e assistiu Saka, que, com um grande remate de pé esquerdo, aumentou a vantagem.

O jogo corria de feição aos ingleses, que tinham pela frente um Irão perdido. O foco passava por defender, mas as dificuldades eram notórias e ficaram comprovadas quando, dois minutos depois, Kane segurou a bola no último terço, encontrou forma de cruzar e deu a Raheem Sterling a oportunidade de ampliar a distância no marcador, garantindo total conforto para os Três Leões.

Sem ideias nem capacidade para contrariar o domínio inglês, o Irão só conseguiu aproximar-se da área adversária com um remate Jahanbakhsh ao décimo minuto dos 14 de compensação dados pelo árbitro na primeira metade, o que espelha bem o filme da primera parte.
Mexidas pediam-se e Carlos Queiroz fez três ao intervalo, lançando Saeid Ezatolahi, Ali Gholizadeh e Hossein Kanaani para os lugares de Ali Karimi, Alireza Jahanbakhsh e Roozbeh Cheshmi. Mas, apesar dos primeiros 15 minutos sem grande história, a toada dominante da Inglaterra manteve-se e Saka voltou a fazer o gosto ao pé a cerca de meia-hora do fim, quando, assistido por Sterling e depois de "trocar as voltas" a dois defesas contrários, rematou calmamente para dar contornos de goleada à vitória.

A resposta do Irão chegou quatro minutos depois e trouxe um golo naquele que foi o primeiro remate da equipa enquadrado com a baliza contrária. Mehdi Taremi, pois claro, foi muito bem servido por Ali Gholizadeh e aproveitou para reduzir a desvantagem, dando novo ânimo às bancadas.

Ainda assim, a alegria durou pouco, já que, aos 70, Marcus Rashford entrou... e marcou. Na primeira vez em que tocou na bola, o avançado recebeu de Kane, tirou um adversário da frente com classe e, na cara do guarda-redes contrário, atirou a contar.

Com domínio total e absoluto, a Inglaterra "voou" em campo e não rendeu armas. As mexidas mantiveram a dinâmica e o certo é que os Três Leões voltaram a festejar em cima dos 90 minutos, numa jogada terminada por dois homens que saltaram do banco: Callum Wilson entregou e Jack Grealish encostou para o sexto.

A história parecia contada, mas nem tudo é o que parece. Com mais 10 minutos de descontos, Azmoun atirou à trave ao oitavo de compensação e, ao décimo, o VAR descortinou uma grande penalidade a favor do Irão. Chamado a marcar, Taremi enganou Pickford e fixou o 6-2.

Homem do jogo Flashscore: Jude Bellingham (Inglaterra)