Mais

Irmãos Afonso e Dinis Costa defendem opção olímpica pelo remo de mar após Paris-2024

Afonso Costa assume a felicidade por ver que o fim dos ligeiros não significou a perda de quotas no remo
Afonso Costa assume a felicidade por ver que o fim dos ligeiros não significou a perda de quotas no remoFacebook/FPR
Os irmãos Afonso e Dinis Costa já esperavam o fim do double-scull ligeiro no remo olímpico, pelo que querem aproveitar a derradeira oportunidade em Paris2024 antes de decidirem o seu futuro desportivo.

“Já estávamos à espera que o peso ligeiro terminasse em Tóquio2020 e continuar em Paris2024 foi um bónus. Aproveitámos que atrasaram a decisão. Esfregámos as mãos e vamos aproveitar ao máximo a última oportunidade na história de ir aos Jogos Olímpicos como ligeiro”, confessou Afonso Costa.

Em declarações à Lusa, o olímpico em Tóquio, juntamente com Pedro Fraga, comentava a decisão da comissão executiva do Comité Olímpico Internacional de, a partir de Los Angeles2028, as provas do remo ligeiro serem substituídas por competições de remo de mar.

“Consigo compreender a decisão de uniformizar o desporto, é tudo pesados e não há cá ligeiros. Faz diferença na performance o tamanho, peso e potência dos atletas, mas no basquetebol também tens de ser grande para jogar, ponto final. É a realidade do desporto”, resignou-se.

Ainda assim, Afonso Costa assume a felicidade por ver que o fim dos ligeiros não significou a perda de quotas no remo, antes a sua substituição por uma nova vertente, de mar.

“Fico contente por não acabar somente a quota ligeiros e conseguir introduzir o remo de mar, que é super interessante, bom de ser ver. Competitivo. Vai dar mediatismo ao remo, que pode ser algo chato enquanto desporto em linha de dois quilómetros. O remo de mar é muito mais vivo, a modalidade vai ganhar com isso”, garante.

Dinis Costa, que procura a estreia olímpica em Paris, entende que Portugal até já deveria estar a “apostar há mais tempo” no remo de mar, considerando que, face à imensa costa do país, haveria uma “vantagem” para explorar; elogia, por isso, os exemplos de antecipação de Espanha e Itália e diz que agora é preciso “andar mais rápido e apanhar a carruagem”.

Uma vez que a mudança vai ocorrer somente em 2028, os irmãos estão unicamente focados em ir juntos a Paris no double-scull, depois de terem falhado este ano a qualificação, com uma época marcada por várias lesões, uma das quais impeditiva de assegurar o ‘passaporte’ olímpico no Mundial, após uma temporada de resultados internacionais de excelência.

“Esta época foi a mais atribulada de sempre, com várias lesões. Uma no joelho no início da época, mais tarde o Dinis no joelho. Posteriormente, em plena fase competitiva, a um mês do Mundial, tive uma fratura de stress na costela. Isto tudo afetou os nossos planos de apuramento, mas continuamos motivados, a treinar muito bem”, assegurou Afonso.

Dinis encarou os infortúnios como uma ocasião para “construir uma base maior”, uma vez que não pararam de treinar, embora separados e a solidificar áreas diferentes.

Em abril de 2024, querem garantir um dos dois lugares em aberto na repescagem europeia que vai decorrer em Szeged, Hungria, o penúltimo momento para serem bem-sucedidos, uma vez que volvidas três semanas, em Lucerna, na Suíça, serão atribuídas as derradeiras duas vagas mundiais.

“Para já, só temos cabeça para apurar. Depois de Paris, não faço ideia. Há demasiadas hipóteses em aberto”, assume Afonso, que lembrou o facto de ambos serem “lingrinhas”, algo com imenso impacto na modalidade, face a clara desvantagem física numa classe aberta.

Já Dinis reconhece que, “se calhar, a jogada mais segura seria manter na pista”, contudo revela “alguma curiosidade pelo remo de mar”.

“Ainda não sabemos como será o sistema de qualificação. Se o de pista consegue desdobrar. Até poderei ter de jogar nas duas vertentes. Em breve dirão como será e logo veremos”, concluiu Dinis Costa.