“Estou muito feliz, não tenho palavras para descrever a felicidade que estou a sentir. Estou literalmente a um combate, três ‘rounds’ e nove minutos de conseguir um passaporte para Paris-2024. É o meu maior sonho. É um trabalho não só meu, mas de toda uma equipa técnica, apoiantes e família”, diz à Lusa a ‘boxeur’ de 31 anos.
A lutadora do Privilégio Boxing Club tem hoje pela frente Laura Fuertes Fernández, primeira espanhola a ganhar uma medalha em Mundiais de boxe, em 2022, e bronze nos Jogos do Mediterrâneo Oran-2022, num combate que sabe “ser muito difícil, mas que está ao alcance” dos seus punhos.
De Lisboa a Paris são duas horas e meia num voo direto, mas Rita Soares insiste em carimbar o “passaporte” para os Jogos Olímpicos, no próximo verão, em nove minutos.
“Tenho esta motivação, para já, de ir aos Jogos, e ela teve um combate muito difícil e equilibrado hoje. Está tocada no nariz. Poderá ser um ponto a meu favor”, lembra.
Ainda assim, alerta, perdeu os dois combates com a jovem nascida em 1999, ainda que possa hoje jogar “com a lesão que tem” e o cansaço acumulado de um combate mais desgastante.
“Sinto-me muito bem fisicamente e é uma atleta a quem nunca consegui ganhar. Até pode ser superior tecnicamente, mas estou motivada”, insiste.
Antes, nos quartos de final, afastou a azeri Anakhanim Ismayilova após conseguir desqualificá-la, com três penalizações do árbitro por bloqueio de combate, e deixou por terra uma atleta com presenças em Jogos Olímpicos, Mundiais e Europeus, e ainda por cima “uma canhota”, mais difícil de contrariar com guarda ortodoxa, que Soares emprega.
Essa experiência, perante uma atleta “muito técnica, rápida e forte”, foi a de uma vitória “em inteligência e pressão”, aplicando jogo de curta distância para criar dificuldades à adversária, que recorreu a agarrá-la para bloquear.
Agora, entre si e Paris-2024 está uma espanhola pioneira no seu país com um nariz magoado e a ‘fome’ de pôr fim a um jejum português que dura desde Moscovo-1980, quando João Manuel Miguel foi o primeiro – e até aqui único – representante luso em Jogos Olímpicos.
Portugal soma de momento 13 pódios em Cracóvia-2023, nomeadamente três ouros, sete pratas e três bronzes.
A terceira edição dos Jogos Europeus decorre até domingo em Cracóvia e na região polaca de Malopolska, com 30 modalidades no programa e 48 países participantes, entre eles Portugal, que tem uma delegação com mais de duas centenas de atletas.