Jornalista francês Christophe Gleizes condenado em recurso a 7 anos de prisão na Argélia

O jornalista Christophe Gleizes condenado em recurso a 7 anos de prisão
O jornalista Christophe Gleizes condenado em recurso a 7 anos de prisãoHANDOUT / SO PRESS-RSF / COURTESY OF THE GLEIZES FAMILY / AFP

O Tribunal de Recurso de Tizi Ouzou, na Argélia, confirmou esta quarta-feira a condenação a sete anos de prisão do jornalista francês Christophe Gleizes, detido desde junho por "apologia do terrorismo".

"O tribunal confirma a sentença proferida em primeira instância", declarou o presidente da jurisdição no final deste novo julgamento, um anúncio que gerou consternação na sala, segundo um jornalista da AFP presente no local.

Christophe Gleizes, acusado de manter contactos com pessoas ligadas ao movimento separatista MAK (Movimento para a Autodeterminação da Cabilia), classificado como terrorista na Argélia desde maio de 2021, foi igualmente considerado culpado de "posse de publicações com fins de propaganda suscetíveis de prejudicar o interesse nacional". "Estamos devastados", reagiu à AFP o seu sogro, Francis Godard.

"Estou em choque. Em todos os cenários que imaginei, nunca pensei que o veredito fosse confirmado. Todos os sinais apontavam para um apaziguamento das relações" entre os dois países, acrescentou Sylvie Godard, mãe do repórter.

O advogado francês do jornalista, Emmanuel Daoud, manifestou a sua "enorme desilusão e grande incompreensão". "Vamos continuar a lutar, porque quando se defende um inocente, luta-se até ao fim", disse à AFP.

Mostrou-se surpreendido, afirmando "raramente ter visto um processo tão vazio terminar com uma condenação tão severa". Christophe Gleizes tem oito dias para recorrer para o Supremo Tribunal, segundo o presidente do Tribunal.

Colaborador das revistas francesas So Foot e Society, Christophe Gleizes deslocou-se à Argélia em maio de 2024 para escrever um artigo sobre o clube de futebol mais titulado do país, a Jeunesse Sportive de Kabylie (JSK), sediada em Tizi Ouzou, a 100 km a leste de Argel. Ficou sob controlo judicial num hotel até ao primeiro julgamento em junho, mas encontra-se detido em Tizi Ouzou desde a condenação em primeira instância.

Reação do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França

A França "lamenta profundamente" a confirmação em recurso da pena de sete anos de prisão na Argélia e "apela à sua libertação", reagiu esta quarta-feira o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros francês.

"Apelamos à sua libertação e esperamos um desfecho favorável para que possa reencontrar rapidamente os seus familiares", acrescentou o porta-voz, referindo-se ao jornalista detido desde junho por "apologia do terrorismo".


Menções