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Jovens em idade primária já despertam atenção de clubes e empresários do futebol brasileiro

Coátio saiu do Distrito Federal para tentar a sorte no Atlético Mineiro
Coátio saiu do Distrito Federal para tentar a sorte no Atlético MineiroArquivo pessoal
Apesar de terem muita pouca idade, jogadores de 8, 9 e 10 anos já chamam atenção de grandes clubes brasileiros e são disputados por agentes. O que antes era uma simples brincadeira na rua ou em associações, hoje em dia já atingiu um novo patamar, com medalhas e troféus a adornar o quarto dos miúdos, algo que mostram onde podem chegar em poucos anos. 

O sonho de ser um jogador profissional está presente dentro de cada um, e também nos familiares e responsáveis pelas carreiras que estão apenas a começar, com o mundo da bola ainda a apresentar realidades duras e conquistas prazerosas. 

O talento precoce faz com que as brincadeiras e a responsabilidade por tirar notas boas na escola, ainda em idade primária, sejam divididas com a rotina de treinos e jogos, além da missão de corresponder dentro de campo para fortalecer os sonhos. Os responsáveis por cuidar do início da carreira destes jovens garantem que o cuidado existe para que etapas não sejam atropeladas. 

Talento de Coátio teve a atenção de grandes emblemas
Talento de Coátio teve a atenção de grandes emblemasArquivo pessoal

"Já tivemos contatos de vários agentes, muitos de renome. Mas o que faz a diferença não é o estatuto, mas sim o abraço fraterno de quem vê que o atleta é um ser em fase de desenvolvimento psicossocial e que a presença e segurança da família é muito importante nesta fase", comenta Alesandro de Souza Coátio, pai do jovem Coátio, de apenas 11 anos, que defende o Atlético Mineiro.

"O agente precisa ser uma pessoa próxima, comprometida e que integre a família como sendo um membro dela. O que não quer dizer que não precisamos de suporte financeiro. Precisamos sim, mas o suporte é somente um dos requisitos analisados no momento da escolha", indica. 

Colocando os jovens em evidência

Madelon Aguiar é uma das responsáveis por gerir a carreira do avançado, que começou a jogar aos 4 anos no Distrito Federal. O talento fez logo grandes clubes, como Grémio, Fluminense e Cruzeiro, mostrarem interesse no jogador, que acabou por chegar a acordo com o Atlético Mineiro, graças aos contatos da agente. 

Famílias confiam nos agentes para que futuro dos filhos seja mais bem direcionado
Famílias confiam nos agentes para que futuro dos filhos seja mais bem direcionadoArquivo pessoal

"Acho que por ser mulher, esta relação se torna fraternal. Uma relação de mãe, de tia. Pelo meu jeito com os meninos, alguns pais me indicam para outros. Tenho um parceiro técnico que faz, para mim, a validação da qualidade do jovem. É um trabalho de quatro mãos, com respeito, carinho e muita responsabilidade", pontuou.  

"Tenho em conta onde o jovem se vai sentir feliz, sem esquecer que ainda faz parte de um mundo ainda muito lúdico. É importante que ele esteja onde se sinta bem. O maior desafio é não ultrapassar a linha ténue entre atuação do agente e a presença da família. Essa torna-se a nossa maior virtude, pois os pais sentem-se seguros, facilitando a interação", explicou.

Por serem menores de idade, os jogadores não podem ser contratados. O que existe são condições negociáveis entre agente e clube. "Aos 16 anos, quando podem ser profissionalizados, o cenário muda. A assinatura dos pais constam nos contratos que são registrados na Confederação Brasileira de Futebol (CBF). É gratificante ver e fazer parte da evolução do menino e atleta", comentou Wagner Ribeiro, agente experiente com muitos anos de trajetória, que hoje foca-se em jovens depois de sucesso ao lado de referências como Robinho, Neymar e Kaká.

Recentemente, Wagner concedeu entrevista exclusiva ao Flashscore falando deste mercado e de alguns dos momentos mais importantes da sua carreira. 

Contatos dos agentes com clubes facilitam transferência dos jovens para grandes clubes nacionais
Contatos dos agentes com clubes facilitam transferência dos jovens para grandes clubes nacionaisArquivo pessoal

Talento chama atenção da Adidas

Madelon também ajudou na transferência do médio Dom Cândido Carneiro, de 8 anos, para o Galo, vindo de Brasília. Apareceu no futsal antes de rumar para os relvados, despertando interesse de clubes como Cruzeiro, Corinthians, Santos, São Paulo e Palmeiras. Logo após ter chegado ao clube mineiro, Dom foi procurado pela Adidas Brasil para fechar acordo de patrocínio. 

O interesse da gigante alemã mostra o potencial do miúdo, com os pais tendo a missão de deixar o filho bem afastado de qualquer tipo de pressão, por mais que uma futura transformação na vida da família seja bem-vinda. 

Dom Cândido já chamou atenção de fornecedora internacional de material esportivo
Dom Cândido já chamou atenção de fornecedora internacional de material esportivoArquivo pessoal

"Não colocamos essa responsabilidade nele, nós, adultos e pais, somos os responsáveis pela educação, pelo amor e toda parte financeira. Não somos ricos e essa responsabilidade não lhe destinamos. Privamos o Dom de muitas informações que não condizem com a sua idade", garante a mãe, Juliana Carneiro dos Santos Cândido. 

"As prioridades são a escola, a religião e a formação integral. Procuramos ferramentas para melhorar o seu desenvolvimento no campo, na parte mental e emocional. Ele tem tido suporte nutricional, tudo isso alinhado a faixa etária e sem esquecer que ainda é uma criança. Nada é feito sem o nosso conhecimento e consentimento", reforçou.