O americano LeBron James faz 40 anos na segunda-feira e continua a um nível estratosférico com os Lakers. "LeBron James é algo fora do comum. Continua a ser um líder porque foi um ultra-líder", disse à AFP Adrien Sedeaud, investigador em ciências do desporto no Instituto Nacional do Desporto (Insep).
A curva de desempenho físico dos atletas de alto nível progride para um pico e depois cai novamente de forma mais ou menos escalonada ou vertiginosa, dependendo da idade ou da modalidade.
"Monstruoso"
Mas para aqueles que continuam ao mais alto nível para além dos trinta anos, "se traçarmos as suas curvas individuais, aos 25 anos era monstruoso", resume o investigador.
É o caso da superestrela da ginástica Simone Biles, que desafiou as leis da física, e também as leis da passagem do tempo, conquistando três medalhas de ouro aos 27 anos, nos Jogos Olímpicos de Paris. Uma proeza e tanto numa disciplina em que os adolescentes com menos de 20 anos reinam frequentemente. "Ela está a um nível tão elevado que pode continuar", sublinha o especialista.
No ténis, a americana Serena Williams jogou até aos 40 anos e o suíço Roger Federer disputou o seu último torneio de singulares em Wimbledon quando tinha quase 40 anos.
Aos 45 anos, Mélina Robert-Michon, porta-bandeira da delegação francesa nos Jogos Olímpicos de Paris, participou na sua sétima final olímpica de disco no último verão europeu. E apesar de um dececionante 12.º lugar, a mãe de dois filhos diz que quer continuar a sua carreira de atleta.
Um caminho que inevitavelmente traz à memória a ciclista francesa Jeannie Longo, campeã mundial de contrarrelógio aos 43 anos.
"Experiência"
Autor de um livro sobre a formação e o desempenho acima dos 40 e 50 anos, Romuald Lepers, investigador da Universidade de Bourgogne Franche-Comté, explica qu e"os desportistas que têm uma longa carreira a um nível constante são exceções". Sublinha também que a "experiência de jogo" de um atleta, num desporto coletivo por exemplo, que pode acumular mais de 25 anos de prática aos 40 anos, também entra na equação.
Aos 43 anos, o piloto espanhol Fernando Alonso disputou 400 Grandes Prémios de Fórmula 1. Uma situação em que "a experiência, a capacidade de ter corrido muitas vezes e o conhecimento dos circuitos" entram em jogo, diz Adrien Sedeaud.
Há também "todos os novos métodos de recuperação" que permitem "benefícios marginais" e que também podem "fazer-nos durar mais alguns anos do que há 10 ou 20 anos", disse Romuald Lepers à AFP.
Banhos quentes, banhos frios, crioterapia, fisioterapia, modulação das cargas de treino, utilização de dados para otimizar o regresso de uma lesão?
Alguns, como o tenista sérvio Novak Djokovic, têm as suas próprias receitas: a eliminação do glúten e a meditação estão entre os ingredientes. Aos 37 anos, tornou-se campeão olímpico no último verão e ocupa o sétimo lugar no ranking ATP num desporto tão exigente. LeBron James também leva uma vida higiénica rigorosa. "Não o vemos a festejar depois das suas vitórias", recorda Adrien Sedeaud.
Embora sejam necessárias qualidades invulgares para se manter ao mais alto nível durante muito tempo, também é necessário evitar lesões. "Quanto mais um atleta se lesionar no início da carreira, mais comprometerá as suas hipóteses de se manter por muito tempo", explica. Aos 38 anos, e com uma ladainha de lesões ao longo de 20 anos, Rafa Nadal acaba de pendurar a raquete.