Desde o início do ano, o francês de 23 anos participou em três competições, mas não esteve presente nos Campeonatos de França, dos quais foi dispensado.
- A última participação de Léon Marchand em competição foi no final de junho, nos Estados Unidos. Como avaliou as suas prestações?
- Foi interessante porque pôde competir em algumas provas que não fazia há algum tempo. Sabemos também que o Léon é um verdadeiro canivete suíço, no sentido em que pode ser usado em vários estilos de estafetas. É capaz de nadar 100 metros bruços numa estafeta 4x100 estilos, 200 metros livres numa estafeta 4x200 metros… É bom que, de vez em quando, volte a ganhar referências nessas provas. A ideia era fazer uma competição com várias provas, incluindo algumas que ele não tinha feito muito este ano, porque não teve muitas competições em piscina longa.
- A sua ausência nos Campeonatos de França foi bastante comentada. Porque é que pediu dispensa?
- São vários fatores. Ele precisa de treinar, mas também de estudar e fazer exames. Tem ainda obrigações académicas, porque quer continuar os estudos. Havia também a necessidade de evitar viagens em excesso e de fugir ao contexto francês, onde é constantemente solicitado. Foi uma forma de se proteger também.
- As solicitações continuam assim tão frequentes?
- É constante, em todo o lado e por qualquer motivo. A dada altura, até dizer ‘não’ cansa. O Léon é um ser humano... Poder atravessar a rua, chegar a casa em paz — se isso não é possível, torna-se mesmo cansativo. Sempre que abre o telemóvel, metade das mensagens são solicitações. Por isso, é bom poder afastar-se de tudo isso e recentrar-se. É necessário, a certa altura, focar-se em si mesmo para voltar a ter um bom desempenho. Porque no fim de contas, é isso que todos queremos — que continue a fazer-nos sonhar e a ter bons resultados. Se é isso que desejamos, então temos de aceitar que, por vezes, ele se afaste e cuide de si, para poder treinar ao nível que o evento exige. Mesmo estando bem acompanhado, é importante que ele, da parte dele, possa ter uma vida, entre aspas, normal. Quando se é quatro vezes campeão olímpico, não se tem uma vida normal. Por isso, às vezes, voltar a sentir alguma normalidade sabe mesmo bem.