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Léon Marchand precisa de se "recentrar em si próprio", diz o seu treinador

Léon Marchand em maio
Léon Marchand em maioCARMEN MANDATO/Getty Images via AFP

Solicitado de todos os lados desde os seus feitos olímpicos, Léon Marchand sentiu necessidade de "se recentrar" em si próprio para poder ter um bom desempenho nos Campeonatos do Mundo de Natação em Singapura, explicou o seu co-treinador Nicolas Castel numa entrevista à AFP.

Desde o início do ano, o francês de 23 anos participou em três competições, mas não esteve presente nos Campeonatos de França, dos quais foi dispensado.

- A última participação de Léon Marchand em competição foi no final de junho, nos Estados Unidos. Como avaliou as suas prestações?

- Foi interessante porque pôde competir em algumas provas que não fazia há algum tempo. Sabemos também que o Léon é um verdadeiro canivete suíço, no sentido em que pode ser usado em vários estilos de estafetas. É capaz de nadar 100 metros bruços numa estafeta 4x100 estilos, 200 metros livres numa estafeta 4x200 metros… É bom que, de vez em quando, volte a ganhar referências nessas provas. A ideia era fazer uma competição com várias provas, incluindo algumas que ele não tinha feito muito este ano, porque não teve muitas competições em piscina longa.

- A sua ausência nos Campeonatos de França foi bastante comentada. Porque é que pediu dispensa?

- São vários fatores. Ele precisa de treinar, mas também de estudar e fazer exames. Tem ainda obrigações académicas, porque quer continuar os estudos. Havia também a necessidade de evitar viagens em excesso e de fugir ao contexto francês, onde é constantemente solicitado. Foi uma forma de se proteger também.

- As solicitações continuam assim tão frequentes?

- É constante, em todo o lado e por qualquer motivo. A dada altura, até dizer ‘não’ cansa. O Léon é um ser humano... Poder atravessar a rua, chegar a casa em paz — se isso não é possível, torna-se mesmo cansativo. Sempre que abre o telemóvel, metade das mensagens são solicitações. Por isso, é bom poder afastar-se de tudo isso e recentrar-se. É necessário, a certa altura, focar-se em si mesmo para voltar a ter um bom desempenho. Porque no fim de contas, é isso que todos queremos — que continue a fazer-nos sonhar e a ter bons resultados. Se é isso que desejamos, então temos de aceitar que, por vezes, ele se afaste e cuide de si, para poder treinar ao nível que o evento exige. Mesmo estando bem acompanhado, é importante que ele, da parte dele, possa ter uma vida, entre aspas, normal. Quando se é quatro vezes campeão olímpico, não se tem uma vida normal. Por isso, às vezes, voltar a sentir alguma normalidade sabe mesmo bem.


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