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Medalhista olímpica argentina denuncia abusos sexuais por parte do seu antigo treinador

Eugenia Bosco, com o seu parceiro Mateo Majdalani, em Paris
Eugenia Bosco, com o seu parceiro Mateo Majdalani, em ParisALEX LIVESEY / GETTY IMAGES EUROPE / Getty Images via AFP
A medalhada olímpica argentina Eugenia Bosco, medalha de prata em vela nos Jogos de Paris-2024, denunciou ter sido abusada sexualmente pelo seu antigo treinador quando tinha 12 anos, num caso em que várias outras alegadas vítimas se apresentaram para testemunhar, confirmou à AFP o procurador do caso.

A notícia foi divulgada esta sexta-feira, numa entrevista da velejadora a um órgão de comunicação social local, mas a queixa foi apresentada em outubro, dois meses depois de ter alcançado a glória desportiva na categoria Nacra 17, em dupla com Mateo Majdalani.

"Não sei como explicar, mas foi algo que aconteceu, que eu não controlei, eu tinha 11 ou 12 anos e mantive isso fora da minha vida até alguns anos atrás, quando pude ver", disse Bosco, 27 anos, ao jornal La Nación.

A atleta explicou que o acusado, identificado por fontes judiciais como Leandor Tulia, foi seu "treinador por alguns anos" quando ela treinou nas categorias de formação de vela em um iate clube em Olivos (Buenos Aires).

Como a sua cidade natal, San Pedro (a norte de Buenos Aires), ficava a mais de 150 quilómetros de distância, ela e outros rapazes e raparigas dormiam no clube sob os cuidados de Tulia.

"As coisas são geradas num pequeno círculo que talvez não controlássemos e que essa pessoa controlava muito. E depois, com o passar dos anos, à medida que vamos envelhecendo, vemos isso (...). Gestos, situações, momentos...", recordou Bosco, referindo-se ao alegado comportamento inadequado do seu antigo treinador.

A procuradora Lida Osores Soler, que está a investigar o caso como "abuso sexual simples", disse à AFP que, depois do depoimento de Bosco, está a "incorporar mais testemunhos de mais vítimas".

"Há pelo menos seis (mulheres) que comunicaram formalmente, e haveria mais", disse, aludindo ao facto de que, após a entrevista mediática, a onda de denúncias pode estar apenas a começar.

Osores Soler salientou que os testemunhos recolhidos até à data indicam que todos os casos terão ocorrido quando as mulheres "eram menores".

O advogado que representa Tulia, Daniel Mazzocchini, também disse a esta agência que, na sua opinião, o caso tem "uma dificuldade probatória muito singular".

"São factos que datam de há mais de 15 anos", justificou Mazzocchini, acrescentando estar confiante de que, por essa razão, o processo "irá para a rejeição".

O advogado explicou que Tulia permanece em liberdade à disposição da justiça, tendo sido afastado preventivamente pelo clube de regatas onde trabalhava há duas décadas.