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Médio Oriente: Federação Palestiniana de Futebol exige sanções contra Israel

Presidente da Federação Palestiniana de Futebol (à esquerda) ao lado do presidente da FIFA, Gianni Infantino, em 2024
Presidente da Federação Palestiniana de Futebol (à esquerda) ao lado do presidente da FIFA, Gianni Infantino, em 2024NOUSHAD THEKKAYIL / NurPhoto / NurPhoto via AFP

A Federação Palestiniana de Futebol (PFA) acusou as organizações desportivas internacionais de "dois pesos e duas medidas" e exige "sanções" contra Israel pela "limpeza étnica" que está a levar a cabo em Gaza.

"Israel não tem o direito de fazer o que está a fazer e ainda jogar futebol em competições internacionais. É absolutamente necessário impor sanções. É o que afirmam os estatutos da Federação Internacional de Futebol (FIFA) e a Carta Olímpica. Não pode haver dois pesos e duas medidas", denunciou o presidente da PFA, Jibril Rajoub, na apresentação do encontro particular entre o País Basco e a Palestina, que se vai disputar no próximo 15 de novembro em Bilbau, no pavilhão multiusos de San Mamés.

A cerimónia de apresentação realizou-se no Museu da Paz de Guernica, e foi presidido pelo presidente da Câmara local, José María Gorroño, juntamente com Iker Goñi, presidente da Federação Basca de Futebol (FVF), de Rajoub, e de Susan Shalabi, vice-presidente da PFA.

Participaram ainda no evento Yaser Hamed, jogador com 34 jogos pela Palestina e atualmente ao serviço do Al-Gharafa, do Catar, onde partilha o balneário com Álvaro Djaló, Joselu Mato e Sergio Rico, entre outros. Estiveram também presentes Nerea Ortiz, vice-presidente do Athletic Club, Joseba Ibarburu, membro do conselho da Real Sociedad, e Xabi Ruiz, representante do Deportivo Alavés.

O autarca basco enfatizou o "carácter solidário" deste jogo entre o País Basco e a Palestina, cujas receitas reverterão integralmente para "organizações humanitárias que trabalham na Faixa de Gaza", e anunciou que planeiam começar a vender bilhetes em meados de outubro.

"Vamos viver algo histórico e muito especial. O País Basco sempre apoiou profundamente a causa palestiniana. E, para mim, que joguei pelas duas seleções, jogar agora em San Mamés será uma onda de emoções", enfatizou Yaser Hamed sobre os seus sentimentos em relação ao que será o primeiro jogo da Palestina contra uma seleção europeia.

"Esperamos que San Mamés esteja lotado para esta causa e sirva para nos dar uma voz global. Que todos vejam o que se passa lá e que tudo isto acabe. Obrigado em nome de todos os palestinianos. Que a Palestina nos ajude", acrescentou o emocionado defesa, que foi jogador das equipas jovens do Athletic Club e, depois de jogar em Espanha na Segunda Divisão B e na Terceira Divisão, desenvolveu a sua carreira no Bahrein, Egito, Kuwait, Índia e Qatar.

O presidente da PFA agradeceu à Liga Nacional Basca de Futebol a organização de um jogo que tem "uma profunda mensagem política para o mundo inteiro", por um lado, de "esperança", mas também dirigida "ao governo fascista israelita, de que não pode continuar com esta limpeza étnica".

"O jogo tem uma dimensão muito profunda. Vamos lembrar à comunidade internacional e também aos Estados Unidos que este é também um assunto deles. Diz respeito a todos", alertou Jibril Rajoub, que lembrou ainda a figura de Suleiman Al-Obeid, o icónico futebolista palestiniano conhecido por "Pelé", morto em Gaza em agosto passado num ataque do Exército israelita "quando ia buscar comida perto de sua casa".

No passado dia 26, o presidente da PFA tinha já dirigido um pedido urgente à FIFA e à UEFA para quebrarem o silêncio, tomarem medidas concretas contra Israel.

O futebol não pode manter-se neutro face ao genocídio e à ocupação contínua" e os seus estatutos e os precedentes da própria história do futebol “exigem ação”, referia a PFA em cartas enviadas separadamente aos dois organismos.

Portugal, França, Reino Unido, Andorra, Austrália, Bélgica, Canadá, Luxemburgo, Malta e São Marino reconheceram o Estado Palestiniano no final de setembro, defendendo a solução dos “dois Estados”.

O grupo, considerado terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, atacou Israel no dia 07 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e raptando mais de duas centenas.

A resposta militar israelita de grande escala provocou até ao momento mais de 65 mil mortos.