“Estive no Governo, fui secretário de Estado durante dois anos, com muito orgulho, faz parte do meu currículo, mas não é algo que me defina, digamos assim, porque, antes de estar no Governo e depois de estar no Governo, o meu envolvimento com o desporto e com o movimento olímpico, em particular, já era muito”, notou o advogado.
Alexandre Mestre respondia a uma questão da agência Lusa sobre o risco de as eleições para a presidência do COP, agendadas para 19 de março, poderem vir a ser politizadas por contarem com dois antigos secretários de Estado – o outro é Laurentino Dias – entre os candidatos.
“Estive três mandatos na Academia Olímpica de Portugal, (tive) muito envolvimento anos a fio com a Academia Olímpica Internacional. Estou há vários anos no Comité Internacional Pierre de Coubertin, estive, muito antes do Governo, em duas comissões criadas pelo COP, tendo em vista a criação do Tribunal Arbitral do Desporto, que se veio concretizar quando estive no Governo (…). Nos livros que já escrevi, nos artigos que já escrevi, nas aulas que dou de Direito Olímpico, enfim, o mundo olímpico é a minha vida, foi antes, foi durante e será depois”, reiterou.
Ex-secretário de Estado do Desporto e Juventude do Governo de Pedro Passos Coelho, o lisboeta de 50 anos rejeitou a ideia de que as federações podem olhar para si como uma voz ‘concordante’ com o Governo atual, liderado pelo também social-democrata Luís Montenegro.
“Não tenho tido essa perceção. Já falei mesmo com muitas federações, inclusivamente com alguns presidentes que até cessaram funções. Tenho procurado sempre ouvir o máximo de pessoas e não me tem sido apontado isso”, pontuou.
Contudo, Alexandre Mestre assumiu que “obviamente” irá colaborar “o mais possível” com este executivo, como com qualquer outro.
“Um Comité Olímpico tem de ser colaborante, construtivo, exigente, naturalmente, ou seja, os interesses do Comité Olímpico de Portugal e do olimpismo estarão sempre em primeiro lugar, mas obviamente que se tem que trabalhar em articulação e em harmonia, não há outra forma de se conquistar um objetivo que é de todos”, salientou.
O jurista subscreveu “em absoluto” a reivindicação antiga de José Manuel Constantino, o pensador do desporto que presidiu ao COP desde 2013 até 11 de agosto, quando morreu vítima de doença prolongada, e que pugnou por um projeto a longo prazo para o setor do desporto.
Questionado sobre se a sua experiência governativa poderá ajudar a uma maior articulação com o Governo na definição de políticas e legislação desportiva, um dos 20 eixos programáticos da sua candidatura, Mestre preferiu evocar o seu percurso profissional como jurista e advogado.
“Sempre trabalhei na área do Direito do Desporto, leciono também essa área e pode ajudar para a sensibilidade, mas, como digo, isso terá de ser sempre um trabalho conjunto ir ao encontro das necessidades das federações. Com muitas federações com quem tenho falado, têm-me chamado a atenção da necessidade de também olharmos novamente para o Regime Jurídico das Federações Desportivas e, portanto, empenhar-me-ei e a experiência governativa de todo o processo legislativo, obviamente que vai ser positiva, penso eu”, declarou.
O candidato lembrou também que os atletas “têm reivindicado muito também a necessidade de olhar para a sua situação laboral, para a sua situação ao nível da segurança social”, considerando que neste tema “a parte jurídica é fundamental”.