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Morreu Agnes Keleti, a campeã olímpica mais antiga do mundo

Agnes Keleti em Budapeste, em setembro passado
Agnes Keleti em Budapeste, em setembro passadoATTILA KISBENEDEK/AFP

A ginasta húngara Agnes Keleti, a mais antiga campeã olímpica do mundo, morreu na quinta-feira aos 103 anos, segundo o seu assessor de imprensa, após uma vida de êxodo marcada pelo trauma do Holocausto.

Agnes Keleti morreu num hospital de Budapeste, disse à AFP Tamas Roth, confirmando uma notícia do principal diário desportivo do país, Nemzeti Sport. Na semana passada, Agnes Keleti foi hospitalizada com pneumonia, a poucos dias do seu 104.º aniversário.

Cinco vezes medalhada de ouro nos Jogos Olímpicos e com uma carreira excecional, esta incansável desportista nascida a 9 de janeiro de 1921 teve uma vida extraordinária. Ganhou um total de dez medalhas olímpicas, incluindo cinco ouros nos Jogos Olímpicos de Helsínquia (1952) e Melbourne (1956), tudo isto depois dos 30 anos de idade.

A Hungria estava então atrás da Cortina de Ferro, sob controlo soviético. " Pratiquei desporto não porque me fazia sentir bem, mas para ver o mundo", disse à AFP em 2016.

Agnes Keleti nasceu em Budapeste com o nome de Agnes Klein, antes de adotar um apelido de origem húngara. Convocada para a seleção nacional em 1939, a rainha das rotinas foi rapidamente banida de todas as atividades desportivas devido às suas origens judaicas.

Após a ocupação da Hungria pelo Terceiro Reich, em março de 1944, escapou à deportação obtendo documentos falsos e assumindo a identidade de uma jovem cristã, em troca de todos os seus bens. Enquanto esteve escondida no campo, trabalhou como empregada doméstica, mas treinava secretamente nas margens do Danúbio, quando tinha algum tempo livre.

O seu pai e vários membros da sua família foram deportados e exterminados em Auschwitz, enquanto a sua mãe e irmã foram salvas graças ao diplomata sueco Raoul Wallenberg.

Tal como muitos atletas húngaros, Agnes Keleti não regressou a casa após os Jogos Olímpicos de Melbourne de 1956, que se realizaram algumas semanas após o fracasso da revolta anti-soviética na Hungria, e instalou-se em Israel. Só regressou definitivamente à Hungria em 2015.