"Nunca pensou que tinha chegado ao fim e é fundamental ter a força necessária para continuar e manter a vontade de vencer", avaliou o antigo piloto, 15 vezes campeão do mundo, oito delas na categoria principal.
O último título de Agostini foi conquistado em 1975 e, apesar de terem passado 50 anos desde então, continua a deter os recordes de títulos mundiais, em parte porque, na sua época, um piloto podia competir em diferentes categorias todos os fins de semana.
"Estou satisfeito, mas enfim, os recordes existem para serem batidos, no final de contas. Valentino (Rossi) esteve perto, mas não conseguiu. Márquez ainda é jovem (32 anos), pode ser que o consiga ou talvez não", comentou o italiano sobre o seu legado.
"Talvez eu tenha sido o melhor", responde Agostini entre risos, quando lhe perguntam porque é que ninguém conseguiu ainda superar os seus números.
"Tem talento, venceu muito e merece-o"
"Durante muitos anos também tive boas motos, tive a MV Agusta com a qual conquistei 13 títulos (em 350cm3 e em 500cm3, categoria antecessora da MotoGP). Depois escolhi a Yamaha, com a qual ganhei mais dois títulos (em 500cm3)", recorda, embora não desvalorize o trabalho.
"Depois de um título, nunca se deve pensar 'Agora sou o melhor, paro de me preparar'. Todos os anos dizia a mim próprio que o ano seguinte poderia ser ainda mais difícil, e por isso preparava-me sempre a 100%, porque não sabia se apareceriam pilotos mais rápidos do que eu", atirou.
Cinco décadas depois, vários dos seus recordes já foram superados por Márquez, um piloto que o italiano admira.
"É um grande piloto, muito rápido, tem talento, venceu muito e merece-o. Admiro-o porque desperta emoções em pista. Toda a gente aprecia pessoas assim, que fazem aquilo que muitos outros não conseguem, seja qual for o desporto. Depois de um acidente, é difícil voltar, mas ele trabalhou muito, nunca pensou que tinha chegado ao fim e é fundamental ter a força necessária para continuar e manter a vontade de vencer. Tem fome de vitórias, quer ganhar como todos os grandes pilotos", avaliou Agostini sobre o regresso de Márquez ao topo após as inúmeras lesões que sofreu desde a sua queda em 2020.
"Teve a força para sair da Honda"
Além da recuperação física e mental, Agostini também valoriza a decisão de Márquez de trocar a Honda pela Ducati.
"Teve a força de sair da Honda, que é a maior marca do mundo. Não é fácil deixar uma marca como a Honda para ir para a Ducati. Mas ele disse a si próprio 'quero vencer' e, para ganhar, é preciso ter a moto que te dá essa possibilidade. Rasgou um contrato milionário para ir para uma equipa satélite, é algo admirável", afirmou sobre a transferência de Márquez para a Ducati-Gresini na época passada, antes de passar para a equipa de fábrica este ano.
Com a época de 2025 prestes a terminar, a dúvida que paira sobre o futuro da MotoGP é se Márquez alcançará um oitavo título para igualar a lenda italiana. "Sim, é possível, ainda é jovem, tem ainda muitos anos pela frente", respondeu Agostini sobre se acredita que o espanhol conseguirá igualar o seu recorde de títulos na categoria principal.
"Mas se falarmos dos 15 títulos no total, será um pouco mais complicado", concluiu, já que Márquez soma nove contando com as categorias inferiores.
