De chinelos, bermudas e um pólo verde-salva - a cor da sua nova equipa, a Dacia- o alsaciano de 50 anos fala à AFP entre duas verificações técnicas numa tenda no poeirento acampamento de partida do Dakar-2025 em Bisha, no sudoeste da Arábia Saudita.
"Penso que uma corrida inteligente, evitando os excessos e as tretas, seria certamente compensadora", filosofa o campeão de olhos azuis gelados, que teve numerosos problemas nas edições anteriores.
Para a sua nona participação na mais famosa prova de rally-raid, que se realiza de 3 a 17 de janeiro ao longo de 8.000 km através da Arábia Saudita, Sébastien Loeb espera finalmente alcançar o degrau mais alto do pódio, que tantas vezes lhe escapou por uma margem tão estreita (3.º em 2019 e 2024, 2.º em 2017, 2022 e 2023).
Mas para esta edição de 2025, os organizadores complicaram a tarefa dos carros, separando a sua rota da das motos em 45% da quilometragem das etapas especiais (secções cronometradas que contam para a classificação).
As motos mais rápidas deixam rastos na areia do deserto que facilitam a navegação dos veículos de quatro rodas que seguem atrás delas.
"Nos anos anteriores, era possível ver que o ataque compensava, mesmo quando se abria a estrada atrás das motas. Há dois anos, ganhei seis etapas seguidas abrindo a estrada. Com o traçado das motas, em certos tipos de terreno, isso era suficiente", explica o piloto.
Uma corrida "aberta"
Mas nas novas condições, abrir a estrada no carro, como o vencedor da etapa anterior teve de fazer, pode, pelo contrário, revelar-se uma desvantagem. Na ausência de pontos de referência, os erros de navegação podem multiplicar-se entre os concorrentes.
"Como não haverá qualquer pista, não creio que os desvios sejam por segundo ou por minuto como antigamente. Os primeiros carros podem perder vários minutos para os que partem atrás", teme.
Para Sébastien Loeb, que apanhou o bichinho da velocidade quando era adolescente, a história mostra que o Dakar é um "rali de regularidade".
"Foi o Carlos (Sainz) que nos deu a lição. Ele não ganhou nenhuma etapa no ano passado e ganhou o rali", observa o francês, ainda amargurado com o seu terceiro lugar em janeiro de 2024, apesar das cinco vitórias em etapas.
Para esta edição, o francês vai fazer equipa com o navegador belga Fabian Lurquin e vai conduzir um novo veículo, o Dacia Sandrider.
Tirando lições dos seus problemas mecânicos anteriores, foram introduzidas melhorias técnicas em relação aos seus carros anteriores, como o reforço das semi-pistas e a eliminação dos tubos de escape que aqueciam os pneus. No entanto, o seu Prodrive Hunter do ano passado "foi perfeito. Ganhámos muitas etapas com ele. Não era necessário tentar revolucionar tudo só para fazer algo estúpido", acrescenta.
O concorrente que mais teme nas areias sauditas? O seu colega de equipa na Dacia, Nasser al-Attiyah do Catar, já cinco vezes vencedor do Dakar. "É o tipo com mais experiência neste tipo de rali e de deserto. Mas em termos de marcas, está em aberto".