Numa etapa onde alguns dos principais candidatos geriram o andamento fruto da previsível difícil navegação da etapa de amanhã, João Ferreira optou por mostrar o seu talento, chegando ao Start Camp, em Bisha, sem problemas registados e com uma posição de partida, ainda assim, boa para o dia de amanhã.
“Dever cumprido. Primeira etapa sem problemas e com um ritmo que nos deixa numa posição boa para encarar a etapa 48h que amanhã iniciamos. Fizemos uma etapa limpa, sem problemas, e o Filipe fez um excelente trabalho na navegação. É muito bom ver tantas bandeiras portuguesas ao longo destes primeiros 400km de especial. Sentimos sempre esse empurrãozinho, que nos levou hoje até ao sexto lugar. Amanhã a etapa promete ser dura e por isso está na hora de irmos descansar e recuperar energias para amanhã, depois destas primeiras 4h30 de tirada”, afirmou o leiriense.
O formato inovador da etapa crono de 48h foi introduzido na edição de 2024 com um conceito simples na sua essência: obrigar os pilotos a enfrentar duplos desafios de resistência e desempenho enquanto percorrem mais mil quilómetros de deserto em dois dias. Amanhã, depois das 17:00 locais, os participantes terão de parar na próxima das seis zonas de descanso que fazem parte do percurso da prova.
Na manhã seguinte, depois de uma noite debaixo do céu estrelado, os pilotos podem completar o resto da etapa. Uma experiência de rally-raid por excelência. Esta dupla etapa será também o primeiro momento em que as especiais FIM e FIA decorrem em percursos diferentes, o que acontecerá ao longo de toda a especial. Quem abre a pista nos Autos terá de navegar verdadeiramente, sem aproveitar os trilhos das motos.
Precisamente a pensar nessa etapa de 48 horas e sem assistência, pilotos como o francês Sébastien Loeb (Dácia) optaram por perder tempo para não serem os primeiros em pista a abrir caminho para os restantes.
“O objetivo era não sermos os mais rápidos pelo que parámos uns minutos antes de cortarmos a meta”, explicou o antigo campeão mundial de ralis de 2004 a 2012.
Nas motas, Rui Gonçalves (Sherco) foi o melhor português nesta primeira etapa, ao terminar na 16.ª posição, a 34.50 minutos do vencedor, o australiano Daniel Sanders (KTM). Vencedor do prólogo de sexta-feira, Sanders bateu o norte-americano Ricky Brabec (Honda), vencedor em 2024, por 2.22 minutos, com Ross Branch (Hero), do Botswana, em terceiro, a 2.38.
O luso-germânico Sebastian Bühler, também da equipa Hero, gerida pelo português Joaquim Rodrigues Jr., abandonou após sofrer uma queda ao quilómetro 69, que o deixou magoado num ombro.
Já António Maio (Yamaha) foi apenas 34.º, depois de ficar com a mota presa nas pedras e perdeu 15 minutos.
“Fui o terceiro a arrancar. Entendi-me bem com a navegação até ao quilómetro 300. Houve um ou outro erro que fez com que perdesse tempo, mas era natural. Durante muito tempo tinha apenas uma marca no chão, mas fiquei bastante contente com o ritmo. Depois do reabastecimento, ao quilómetro 300 fiquei preso numa ravina, com a moto encaixada entre duas pedras numa zona trialeira”, contou o piloto alentejano. que admitiu ter perdido “imenso tempo”.
“Estive ali quase 15 minutos. Depois houve um piloto, o Nosiglia, que me ajudou a tirar a mota porque sozinho não conseguiria. Depois disso tentei entrar num bom ritmo, mas já estava no meio de outros pilotos e havia pó. Foi pena este percalço que me fez perder bastante tempo, mas estou contente por ter chegado ao fim”, resumiu o militar da GNR.
Bruno Santos (Husqvarna) foi o 36.º. Ambos ocupam idênticas posições na classificação geral.
Domingo começa uma especial com 48 horas e 947 quilómetros cronometrados, em que os pilotos ficarão isolados do mundo e sem assistência, dormindo em tendas no meio do deserto da Arábia Saudita, também em redor de Bisha.