A intimação judicial, consultada pela AFP, solicita a um tribunal de Paris "que ordene a suspensão da eleição presidencial da FIA até que seja tomada uma decisão" sobre o litígio.
A eleição está marcada para decorrer no Uzbequistão a 12 de dezembro e a audiência em tribunal foi agendada para 10 de novembro.
"Devido à natureza do processo, a FIA não pode comentar esta ação judicial e não irá prestar mais esclarecimentos sobre o assunto", informou a organização à AFP.
Os regulamentos eleitorais exigem que os candidatos nomeiem vice-presidentes de cada uma das seis regiões globais, escolhidos a partir de uma lista aprovada pela FIA.
No entanto, apenas uma pessoa está listada para a América do Sul, a brasileira Fabiana Ecclestone – esposa do antigo chefe da Fórmula 1, Bernie Ecclestone. Ela já aceitou integrar a equipa de Ben Sulayem.
"Nestes termos, nenhuma lista concorrente poderia incluir um vice-presidente para a América do Sul entre os seus sete vice-presidentes, visto que essa região já está representada na lista do presidente cessante", refere o pedido de urgência.
O prazo para apresentação de candidaturas terminou a 24 de outubro.
"A eleição presidencial da FIA é um processo estruturado e democrático, que visa garantir justiça e integridade em todas as fases", afirmou um porta-voz da FIA.
"Os requisitos relativos à representação regional dos vice-presidentes... não são novidade. Estes critérios já se aplicaram em eleições anteriores", acrescentou.
Num comunicado enviado à AFP, Villars afirmou que "tentou por duas vezes iniciar um diálogo construtivo com a FIA sobre questões essenciais como a democracia interna e a transparência das regras eleitorais".
"As respostas que recebi não corresponderam à importância do tema. Não estou a agir contra a FIA, estou a agir para a preservar. A democracia não é uma ameaça para a FIA, é a sua força", acrescentou a suíça.
Sediada em Paris, a FIA é responsável pela organização dos campeonatos mundiais de F1 e de ralis, além de promover a segurança rodoviária. Conta com mais de 240 clubes em 146 países, representando cerca de 80 milhões de membros.
"Obtivemos autorização para apresentar uma intimação urgente", disse o advogado de Villars, Robin Binsard. "O que demonstra que o poder judicial está a levar a sério as graves falhas democráticas dentro da FIA, bem como várias violações dos estatutos e regulamentos que estamos a denunciar", acrescentou.
"Ilusão de democracia"
A questão de não poder concorrer à eleição foi levantada no início deste mês no Grande Prémio dos Estados Unidos, em Austin, pelo americano Tim Mayer, filho do antigo chefe da equipa McLaren, Teddy Mayer, que também pretendia candidatar-se à presidência.
"Só haverá um candidato, o atual presidente", afirmou Mayer. "Isso não é democracia – é uma ilusão de democracia", criticou.
Villars, de 28 anos, disse recentemente à AFP numa entrevista que queria "trazer uma nova energia" à organização e esperava tornar-se a primeira mulher presidente da FIA, fundada em 1904.
A influenciadora belga Virginie Philippot era outra das quatro potenciais candidatas.
Ben Sulayem, antigo piloto de ralis, sucedeu ao francês Jean Todt como presidente da FIA no final de 2021. O seu mandato à frente do desporto motorizado tem sido marcado por polémicas.
O emiradense, de 63 anos, foi criticado pelo sete vezes campeão mundial Lewis Hamilton por utilizar linguagem estereotipada ao comentar os insultos proferidos por pilotos nas comunicações de rádio das equipas.
Os pilotos entraram em conflito com a FIA devido ao endurecimento das regras sobre palavrões. As diretrizes foram reforçadas em janeiro, provocando uma reação indignada dos pilotos.
As multas controversas foram posteriormente reduzidas após protestos no pelotão.
Em abril, o vice-presidente da FIA, Robert Reid, demitiu-se, deixando críticas contundentes a Ben Sulayem, apontando falhas na governação e falta de transparência.
