Fórmula 1: O colapso difícil de explicar que pode custar o Mundial a Piastri

Oscar Piastri tem um duro teste em Las Vegas
Oscar Piastri tem um duro teste em Las VegasHÉCTOR VIVAS / GETTY IMAGES VIA AFP

Problema mental ou técnico? Após um início de temporada sólido, Oscar Piastri viu o seu desempenho cair drasticamente nos últimos dois meses, ao ponto de o seu colega na McLaren, Lando Norris, lhe ter retirado a liderança do campeonato mundial de Fórmula 1.

É uma travagem difícil de justificar na reta final da luta pela coroa. Os números ilustram na perfeição esta clara quebra de forma do australiano, tanto em corrida como na qualificação.

Nas primeiras 15 provas da temporada, o piloto natural de Melbourne tinha conquistado cinco pole positions e cinco segundos lugares na grelha. Contudo, nos últimos seis Grandes Prémios, nunca partiu da primeira linha.

O fim de semana em Bacu marcou um verdadeiro ponto de viragem, já que Piastri, que já estava longe na grelha (nono) após o acidente na qualificação, ficou parado na partida e rapidamente caiu para último, antes de embater contra um muro algumas curvas depois.

O abandono, que o australiano atribuiu a "erros parvos", pôs fim a uma excelente sequência de 34 corridas consecutivas a somar pontos.

Estamos perante uma relação de causa e efeito? Piastri, praticamente irrepreensível até então, multiplicou os erros em Bacu logo após a polémica surgida em Monza.

"Acho estranho"

Em Itália, a McLaren pediu a Piastri que deixasse Norris passar depois de este ter tido problemas na troca de pneus. O australiano tinha garantido o segundo lugar, mas a equipa ordenou-lhe que cedesse a posição ao britânico. Este pedido injustificado levantou suspeitas de favoritismo pelo inglês, embora tanto a McLaren como o australiano tenham rejeitado essa ideia.

Sem essa ordem, Piastri teria aumentado a sua vantagem na liderança do campeonato para 37 pontos. Em vez disso, saiu de Itália com 31 pontos sobre Norris e, provavelmente, algum ressentimento em relação à equipa.

"É inexplicável. Podes não estar satisfeito com a tua equipa, mas não podes esquecer como conduzir de um fim de semana para o outro", sublinhou o piloto francês Pierre Gasly, da Alpine, à AFP.

"Teve um desempenho excelente durante todo o ano, estava a menos de uma décima do colega de equipa e, de repente, nas últimas corridas, está a seis décimas! Acho estranho", acrescentou, alimentando a teoria da conspiração.

No entanto, na véspera do Grande Prémio de Las Vegas, que se vai disputar na noite de sábado, Piastri afirmou na quinta-feira que compreendia as razões para os seus resultados dececionantes nos últimos dois meses, embora não as tenha explicado.

Entre a espada e a parede

"Em Austin e no México, algo fundamental não funcionava, daí a falta de ritmo. O fim de semana em Bacu foi o que foi", afirmou o australiano. "Mas nas outras corridas, foi uma combinação de várias pequenas coisas que não funcionaram, embora o ritmo fosse bastante bom".

Com as costas contra a parede, Piastri indicou, contudo, que não tenciona mudar a forma como vai abordar os três últimos fins de semana da temporada. "Vou manter a mesma abordagem, tentar tirar o máximo do carro, porque isso vai ajudar-me a vencer corridas e a lutar pelo campeonato", explicou.

"Agora vai ser difícil vencer (o título). Mas esta mentalidade de enfrentar cada corrida com vontade de dar tudo é a atitude certa".

Embora tenha reconhecido que as últimas semanas não foram tão produtivas como as anteriores, o australiano considerou que isso lhe permitiu aprender. "Fui especialmente consistente na primeira metade da temporada. Embora agora as coisas não estejam a correr tão bem, não acho que devesse ter feito algo diferente ultimamente", sublinhou. "Procuro sempre aprender com cada erro".

Com 24 pontos atrás de Norris e apenas três corridas por disputar, o aplicado australiano precisa de retomar o bom caminho este fim de semana em Las Vegas se não quiser ver o título fugir-lhe das mãos.