O piloto de 39 anos surpreendeu o mundo do automobilismo ao decidir deixar a Mercedes, onde corria desde 2013 e com a qual conquistou seis dos seus sete títulos mundiais. Também tinha renovado em agosto por duas épocas, até ao final de 2025, mas tinha uma cláusula que lhe permitia sair mais cedo.

Hamilton aterrará dentro de menos de um ano em Maranello, a casa da lendária Scuderia, uma aliança que roubará as atenções no paddock.

O primeiro piloto negro da F1

Nascido a 7 de janeiro de 1985 em Stevenage, uma cidade dormitório a norte de Londres, os seus pais divorciaram-se quando ele tinha dois anos. O pai, originário da ilha caribenha de Granada, introduziu-o no karting e financiou os seus primeiros passos no desporto automóvel através da acumulação de empregos.

Apoiado desde adolescente pela McLaren, Hamilton tornou-se o primeiro piloto negro da F1 em 2007. O fenómeno conquistou o seu primeiro título mundial em 2008, aos 23 anos, com a equipa britânica.

Seguiu-se um período de menor sucesso entre o quarto e o quinto lugar no Campeonato do Mundo (2009-2013). Também teve desentendimentos com o pai e pediu-lhe que deixasse de gerir a sua carreira.

Luta pela igualdade

Uma mudança de cenário trouxe-o de volta ao sucesso desportivo: em 2014, entrou numa nova dimensão com a Mercedes, que dominava com motores híbridos.

Desde então, e até 2020, só deixou escapar um título, contra o companheiro de equipa Nico Rosberg, em 2016. Mas, nas últimas três épocas, foi subjugado pelo empurrão de Max Verstappen, o atual dominador da Fórmula 1.

Apesar de colecionar recordes (vitórias, pole positions, pódios...) e de ainda aspirar a quebrar o empate com o lendário Michael Schumacher com um recorde de oitavo título mundial, Hamilton é também o único piloto cuja voz tem peso para além do desporto automóvel.

A estrela referiu-se ao racismo em várias ocasiões, confessando ter tido de o enfrentar. O piloto não hesitou em utilizar a sua notoriedade para defender a diversidade: "O mais importante é que o meu percurso seja acompanhado por uma luta pela igualdade".

Muitas vezes descrito como uma "pop star", com os seus fatos e acessórios de marca, jóias vistosas e tatuagens, o inglês é conhecido pelo seu estilo de vida jet-set e é também o piloto mais popular nas redes sociais.

"Ele é uma personalidade global e quer usar a sua voz para fazer a diferença. Ele lidera essa luta com a mesma paixão e o mesmo poder que tem para a corrida", disse o chefe da Mercedes, Toto Wolff, na altura da penúltima renovação do contrato do piloto mais bem pago da grelha.

Moda e música

Wolff compreendeu-o bem: uma das chaves do sucesso é deixar o seu campeão livre. Livre para saltar de para-quedas, para colaborar com criadores de moda ou com estrelas da música (Christina Aguilera).

Enobrecido pela Rainha Isabel II no final de 2020, Sir Lewis é também um defensor do bem-estar dos animais e do ambiente. Em 2017, tornou-se vegan. Apesar de ter abandonado o seu jato privado cor de rubi em 2019, continua a aparecer a conduzir hot rods pelas ruas do Mónaco, onde vive, e vai a festas de gala por todo o mundo sempre que a sua ocupação o permite.

O choque entre a sua posição e o seu estilo de vida leva por vezes a contradições, mas o britânico é assim:"A nossa pegada de carbono é certamente mais elevada do que a do cidadão lambda, mas isso não significa que devamos ter medo de falar de coisas que podem ter um impacto positivo".

Quanto à sua vida privada, Hamilton, um católico fervoroso como o seu ídolo Ayrton Senna, é mais frequentemente visto com o seu fiel buldogue francês Roscoe do que com potenciais parceiras, depois de uma relação mediática com a cantora Nicole Scherzinger.