Embora estreantes como o francês Isack Hadjar, na Racing Bulls, ou o italiano Kimi Antonelli, na Mercedes, tenham somado mais pontos por disporem de carros mais competitivos, o antigo piloto da Ferrari considera o seu compatriota o melhor estreante do ano.
- Como avalia o momento do automobilismo na América Latina com a ascensão de Gabriel Bortoleto ou do argentino Franco Colapinto?
- O automobilismo na América Latina vinha a passar por dificuldades. Não tínhamos pilotos brasileiros ou argentinos nos últimos anos na Fórmula 1. Agora temos um brasileiro, Bortoleto; um argentino, Colapinto; e há outros brasileiros com possibilidade de chegar lá, como o (Rafael) Câmara ou o (Felipe) Drugovich. Sem dúvida, há uma evolução.
- Como vê a temporada de Bortoleto, considerado por muitos o melhor piloto da sua geração?
- É um piloto que conheço desde criança. Evoluiu imenso. Sempre foi muito rápido, mas talvez um pouco inconstante quando era mais novo. Teve uma evolução notável na Fórmula 3 e na Fórmula 2, conquistando títulos logo no primeiro ano, e demonstra talento para estar na Fórmula 1 e construir uma carreira sólida durante muitos anos.
Existem outros pilotos como Hadjar, que está a fazer uma época sensacional, ou Kimi Antonelli, um jovem que conheço desde o kart e que também está a realizar uma boa temporada. Mas se tiver de escolher o melhor estreante, escolho o Bortoleto.
"O talento certo"
- O Brasil teve campeões míticos como Ayrton Senna, Nelson Piquet ou Emerson Fittipaldi e figuras de longa carreira como Rubens Barrichello e o próprio Massa, mas esteve sem piloto principal na F1 entre 2017 e 2024. O que aconteceu?
- Talvez não tivéssemos um piloto com o nível necessário para chegar e permanecer, como o Rubinho, eu próprio ou outros nomes de referência que nos antecederam; Fittipaldi, Piquet e Senna. Não é fácil. Só existem 20 lugares. Por isso, é preciso ter o piloto certo, com o talento certo, a mentalidade certa e, claro, a base certa.
- O que representa o regresso do mexicano Sergio Pérez à F1 em 2026?
- É um piloto com muitos anos de Fórmula 1 e bons resultados em várias equipas. Tem muito apoio no seu país, não só de adeptos, mas também de patrocinadores. Merece estar na Fórmula 1. Embora vá correr por uma equipa nova (Cadillac), cujo desempenho na estreia é uma incógnita, é importante.
"Que venham mais!"
- As promessas da região têm de sair para o estrangeiro muito jovens, com 12 ou 13 anos, para sonhar com a F1. Isso é um obstáculo?
- Para mim, foi uma aprendizagem incrível ir tão novo para a Europa. Eu não tinha 12 ou 13 anos, tinha 18, e fui viver sozinho (para Itália, para competir na Fórmula Renault). Não sabia a língua e tive de aprender a trabalhar com pessoas de culturas diferentes. É assim no desporto. Se és brasileiro, sabes que para chegar à Fórmula 1 ou à Fórmula Indy tens de ir para a Europa ou para os Estados Unidos. Deixas muita coisa para trás e sentes saudades da família, mas quando tens um objetivo, um sonho, consegues ir mais longe do que imaginas.
- Como tem sido o impacto da entrada de patrocinadores latino-americanos?
- Com apoio, temos mais hipóteses de impulsionar pilotos que, apesar do talento, talvez não tenham oportunidades financeiras para competir. Por isso, é muito positivo. Que venham mais!.
