Numa entrevista à Reuters antes do Grande Prémio do Catar de domingo, o emiradense sugeriu que os pilotos se limitassem ao que fazem melhor.
"Temos de lhes dizer? Quando algo muda nas equipas, eles dizem-nos? Nós temos regras, seguimos as nossas regras. Não seguimos as regras de outras pessoas. É tão simples quanto isso", respondeu Ben Sulayem quando questionado sobre a saída surpreendente do diretor de corridas Niels Wittich antes do Grande Prémio de Las Vegas, que decidiu o título no fim de semana passado.
Wittich disse que não se demitiu e a FIA também não deu qualquer explicação pública sobre o motivo da saída repentina, para além de dizer que foi para procurar novas oportunidades. O comissário Tim Mayer, filho do antigo patrão da McLaren, Teddy, e a diretora de corridas da Fórmula 2, Janette Tan, também saíram nos últimos dias.
O piloto da Mercedes, George Russell, presidente da Associação de Pilotos de Grandes Prémios (GPDA), disse na quinta-feira que os pilotos queriam clareza e compreensão "do que se está a passar e de quem vai ser despedido a seguir".
Ben Sulayem, antigo piloto de ralis e eleito presidente da FIA em 2021, respondeu: "Dizemos-lhes como devem conduzir? Dizemos-lhes qual deve ser a sua estratégia? Não é assunto deles. Lamento... Sou piloto. Respeito os condutores. Que vão e que se concentrem no que fazem melhor, que é correr".
A GPDA emitiu uma declaração no mês passado, em resposta à repressão da FIA aos palavrões, apelando a Ben Sulayem para que os tratasse como adultos e tivesse cuidado com a sua linguagem para com eles.
Transparência
A GPDA também apelou à transparência financeira e disse que todas as partes interessadas, incluindo pilotos e equipas, deveriam determinar em conjunto como e onde o dinheiro das multas é gasto, com alguns a sugerir que poderia ajudar a financiar comissários profissionais.
"Eles falam e depois dizem 'onde é que põem o dinheiro, porque é que não fazemos isto?' Os condutores recebem mais de 100 milhões. Pergunto-lhes em que é que o gastam? Não. Isso é com eles. Estão no seu direito... Nós fazemos o que quisermos com o dinheiro. É assunto nosso. O mesmo se passa com eles e o seu dinheiro. É assunto deles", atirou.
Ben Sulayem disse que os pilotos tinham o seu número de telemóvel e que não tinha nada a esconder. Afirmou que "vivia gratuitamente" na cabeça dos críticos nos meios de comunicação e que não precisava deles nem se importava com o que diziam. Também rejeitou qualquer sugestão de que a FIA estivesse em crise e a sofrer um êxodo de pessoal sob a sua liderança.
Apesar da posição "não ter nada a ver com isso", o dirigente dos Emirados Árabes Unidos disse mais tarde que 10,3 milhões de euros tinham sido investidos em corridas de monolugares de formação no ano passado.
"Acham mesmo que eu vou desperdiçar o dinheiro? Isto não é comercial. É o dinheiro dos membros e eu fui eleito para o salvaguardar", afirmou.
Ben Sulayem afirmou que 64 funcionários se juntaram à FIA, em 2023, e 92, em 2024.
"Fui eleito para arranjar a FIA e estou a arranjá-la. Estou muito satisfeito com a nossa nova equipa. Muito feliz. Herdei uma FIA com um custo operacional negativo de 23 milhões de euros e onde está agora? Este será o primeiro ano em que teremos mais", apontou.