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Marc Márquez, o Fénix que apostou no vermelho para voltar a reinar no MotoGP

Marc Márquez, campeão do Mundo de MotoGP
Marc Márquez, campeão do Mundo de MotoGPAFP

Um extraterrestre regressou do inferno. Marc Márquez tornou-se o Fénix do MotoGP esta época, ao recuperar o seu trono, com o sétimo título na categoria rainha conquistado este domingo, no circuito japonês de Motegi, que lhe permite igualar a marca do arquirrival Valentino Rossi.

Dominador quase absoluto nos circuitos esta época, o catalão de 32 anos mal deixou as migalhas para os seus rivais e já faz parte do restrito grupo de três pilotos em toda a história que foram pelo menos sete vezes campeões da categoria rainha, juntamente com a lenda Giacomo Agostini e Valentino Rossi.

A sua carreira estelar, que começou com o primeiro título mundial de MotoGP em 2013, com apenas 20 anos, sofreu uma interrupção brusca e longa a partir de 2020, após uma queda terrível no circuito de Jerez, na primeira corrida do ano e, apesar de ter tentado regressar algumas semanas depois, perdeu toda a época.

Os problemas físicos, os acidentes e a falta de meios fizeram com que ficasse 1.043 dias sem vencer, mas no início de setembro de 2024, perante o seu público espanhol, como quando começou a sua descida aos infernos, ressurgiu para vencer o Grande Prémio de Aragão, o primeiro desde outubro de 2021.

No final de 2023, deixou a Honda, a equipa com a qual conquistou os seus seis títulos mundiais entre 2013 e 2019, para se juntar à poderosa Ducati, na sua versão satélite com a Gresini.

"Sabia que se naquele ano não fosse competitivo, a minha carreira terminaria", admitiu Márquez esta semana.

Após os primeiros sinais positivos da época passada (3.º no Mundial), a sua mudança este ano para a equipa oficial da Ducati foi o impulso definitivo.

Lista de recordes

O catalão, nascido em 1993 em Cervera, numa família apaixonada por motos - o seu irmão mais novo Álex é atualmente o segundo na classificação geral do MotoGP -, dominou quase sem interrupção a categoria rainha na última década.

Entre 2013 e 2019, apenas o compatriota Jorge Lorenzo conseguiu tirar-lhe um título, em 2015, um ano que também se destacou pela intensa rivalidade entre Márquez e Rossi, detentor de sete títulos na categoria rainha conquistados entre 2001 e 2009.

Como 'Il Dottore', Márquez compete contra a história do motociclismo: campeão mundial em 125 cc (atual Moto3) em 2010 e Moto2 em 2012, tornou-se em 2013 o mais jovem da história a vencer uma corrida na categoria rainha.

Também detém o recorde de pole positions (74), o de líder mais jovem do mundial, o mais jovem a alcançar seis títulos da categoria rainha...

Pilotagem mais madura

A sua atitude supostamente perigosa em pista esteve na origem da sua rivalidade com Rossi - que se retirou em 2021 - e ainda hoje lhe vale vaias e assobios dos muitos fãs do gigante italiano.

O 93, o seu número de corrida, tornou-se o emblema de todos os seus seguidores, que agitam bandeiras com este número nos circuitos para competir com os 46 erguidos pelos fãs de Rossi.

As suas batalhas em pista com um jovem Márquez que só pensava em destroná-lo foram o grande atrativo da competição na última década.

"Se todos os pilotos correrem assim, sem qualquer respeito pelos seus rivais, este desporto vai tornar-se muito perigoso e vai acabar mal", denunciava o seu rival italiano em 2018.

"Tenho medo quando estou em pista com Márquez", chegou a dizer.

E o espanhol defendia-se: "Uma coisa é certa: nunca, em toda a minha carreira, bati intencionalmente noutro piloto".

Agora, mais maduro, o catalão garantiu este verão ter "mudado" o estilo de pilotagem.

"Já não posso pilotar de forma agressiva volta após volta. Isso obriga-me a adaptar-me à minha condição física, mesmo que esteja bem", explicou no final do GP da República Checa.

Igualando Rossi, Marc Márquez vai procurar no próximo ano uma oitava coroa mundial para empatar com outro gigante do seu desporto, o italiano Giacomo Agostini, e o seu recorde absoluto de oito títulos na categoria rainha.