Naana Oppon diz que "adora ver o mundo de pernas para o ar" enquanto salta e se contorce na pista de 25 metros, em que apenas as mãos e os pés podem tocar na superfície.
"Por muito que se tenha de manter a concentração, há também uma sensação de liberdade e é muito divertido", disse à AFP.
"É um desporto que envolve muitas capacidades. É um desporto muito baseado na força e foi isso que me atraiu", acrescentou.
Oppon diz que era uma "rapariga muito ativa" e aos quatro anos começou a praticar tumbling, uma disciplina de ginástica de trampolins que está sob a égide da Federação Internacional de Ginástica.
Os seus progressos foram tão rápidos que foi descrita pelos treinadores como o Usain Bolt da modalidade e comparada à superestrela da ginástica americana Biles.
Não é de surpreender que ela se identifique fortemente com a americana quatro vezes medalhista de ouro olímpica e diz que espera "absolutamente" poder ser tão inspiradora quanto Biles.
"No ginásio, as pessoas que fazem tumbling não se parecem comigo, nem os negros nem as pessoas de cor. A forma como Biles se comporta tem sido uma grande inspiração", afirmou Oppon.
"Penso que já inspirei definitivamente a comunidade negra e as pessoas de cor a experimentar o tumbling. Qualquer pessoa pode participar", explicou.
Oppon admite que poderia inspirar ainda mais pessoas se ganhasse uma medalha nos campeonatos mundiais, que se realizam na cidade inglesa de Birmingham, de quinta-feira a domingo.
"Penso que é realista ganhar uma medalha por equipas ou individual", afirmou.
"Seria muito importante ganhar uma medalha, pois significaria que todo o trabalho árduo e os sacrifícios feitos por mim e pela minha família valeram a pena", acrescentou.
O sonho do Cirque du Soleil
Para que Oppon pudesse realizar o seu sonho, teve de levar uma vida muito diferente da de uma adolescente normal.
"Fiz bastantes sacrifícios, especialmente a minha vida social e o convívio com os amigos", disse.
"Também tenho andado um pouco atrasada nos trabalhos escolares porque tenho estado a treinar em dois ginásios no último ano e meio. No entanto, acho que no final tudo se equilibra", defendeu.
Os seus pais, a mãe Antonia e o pai Paul, também se sacrificaram muito, chegando a ter dois empregos cada um para financiar despesas que ascendem a cerca de 700 libras (850 dólares) por mês - uma vez que o tumbling não recebe o financiamento que os desportos olímpicos recebem.
No entanto, Antonia, funcionária de um supermercado, desistiu de um dos seus empregos para poder levar Oppon a um dos ginásios, que fica bastante longe da sua casa.
Paul continua a ter dois empregos e Oppon diz que a irmã também a apoia na perseguição do seu objetivo.
O título britânico, em setembro, deixou-a orgulhosa por ter compensado o tempo e os esforços de ambos.
"Estou muito, muito orgulhosa de mim própria, porque não era bem o que eu esperava fazer", disse.
"Estava apenas à espera de dar o meu melhor, mas fiz ainda melhor do que isso e fiquei em primeiro lugar. Foi um resultado muito bom", assumiu.
Afinal, Oppon não estava assim tão atrasada nos seus trabalhos escolares e, apesar de estar "muito, muito nervosa" com os seus exames GCSE, obteve resultados "muito bons".
Oppon diz que, embora esteja concentrada no seu desporto - os Mundiais são o auge da sua disciplina, uma vez que não faz parte da categoria de trampolins nos Jogos Olímpicos - também está atenta ao que está para vir depois da escola.
Mais tarde, pensa "aprender linguagem gestual" e ser fisioterapeuta desportiva ou psicóloga desportiva.
"Gostaria de tirar um ano de férias depois da escola e juntar-me ao Cirque du Soleil", disse.
"Seria uma experiência realmente fantástica fazer parte disso. Afinal de contas, o tumbling é uma parte importante disso", lembrou.
