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Nenhuma menção aos Paralímpicos no livro oficial dos Jogos Olímpicos: atletas e Comité descontentes

Os anéis olímpicos deste verão, em Paris
Os anéis olímpicos deste verão, em ParisTHOMAS SAMSON/AFP
O livro oficial dos Jogos Olímpicos de Paris, atualmente disponível nas livrarias, não inclui uma única página sobre os Jogos Paralímpicos, o que indignou o Comité Paralímpico Francês e vários atletas.

O título, "Paris 2024, o livro oficial dos Jogos Olímpicos", e os anéis anunciam a cor: só tratará dos Jogos Olímpicos que se realizaram de 26 de julho a 11 de agosto.

"É uma mancha na paisagem. Não agrada aos atletas", foi a reação do Comité Paralímpico Francês (CPSF) quando entrevistado pela AFP esta sexta-feira.

"As pessoas gostariam, sem dúvida, de ter visto uma foto de Aurélie Aubert (campeã olímpica de boccia) ou de Alexis Hanquinquant (ouro no paratriatlo)", acrescentou a porta-voz do CPSF.

Desde o início, o Comité Organizador dos Jogos de Paris tentou aproximar o mais possível as duas provas, apesar de uma ser gerida a um nível superior pelo COI (Comité Olímpico Internacional) e a outra pelo IPC (Comité Paralímpico Internacional). Dois organismos internacionais diferentes, duas marcas diferentes e, por conseguinte, direitos diferentes.

Questionado sobre este impasse, o Comité Organizador dos Jogos Olímpicos declarou que "este livro é um produto comercial sob licença de Paris-2024 e não um documento oficial do Comité Organizador".

O Comité recorda igualmente o prazo de produção do livro, que foi entregue a 2 de setembro, ou seja, antes do final dos Jogos Paralímpicos.

Stéphane Houdet, o campeão olímpico de ténis em cadeira de rodas, denunciou um "enorme fracasso" à France Inter.

"Ontem falei com Hugo Sport, que me disse que só tinham assinado um contrato com o COI e que estavam convencidos de que a Federação Francesa de Desportos para Deficientes ia publicar um livro sobre os Jogos Paralímpicos", acrescentou na RMC Sport. A estação de rádio também relatou a insatisfação de Mickael Jérémiasz, antigo jogador de ténis em cadeira de rodas e chefe de missão da delegação paraolímpica.

Segundo a CPSF, a federação de desportos para deficientes não está a preparar nenhum livro.

O para-triatleta Alexis Hanquinquant falou recentemente à AFP sobre o legado dos Jogos de Paris, lamentando o abandono das horas suplementares de desporto no ensino secundário e apelando às empresas para que continuem a apoiar os desportistas.