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"O desporto não é um instrumento de sanções", insiste o presidente da UCI

David Lappartient, presidente da UCI
David Lappartient, presidente da UCIHAROLD CUNNINGHAM / GETTY IMAGES EUROPE / Getty Images via AFP

O presidente da UCI, David Lappartient, insistiu esta sexta-feira que o desporto "não deve ser um instrumento de sanções", numa altura em que a presença de Israel nas corridas está a ser debatida, estabelecendo uma distinção com a Rússia, cujas equipas foram proibidas.

"O COI confirmou a nossa posição, que é a de que o desporto não é um instrumento de sanção, mas sim um instrumento ao serviço de um ideal, que é o de aproximar as pessoas com o objetivo de promover a paz. E a paz não se consegue através da exclusão", declarou o francês à margem do Campeonato do Mundo de Kigali, no dia seguinte à renovação do seu mandato por mais quatro anos.

No contexto da guerra em Gaza, foram feitos apelos à retirada da equipa Israel Premier Tech, cuja presença provocou grandes manifestações na recente Vuelta, bem como da equipa israelita que participa nestes Campeonatos do Mundo e nos Campeonatos da Europa na próxima semana em França.

"Os atletas israelitas, tal como os atletas palestinianos e todos os atletas do mundo, são bem-vindos às nossas competições", insistiu Lappartient, refutando as acusações de duplicidade de critérios com a Rússia, que foi banida da cena internacional.

"O Comité Olímpico Russo está hoje suspenso porque incorporou nos seus estatutos os quatro oblastos que pertencem à Ucrânia e porque a Rússia atacou a Ucrânia durante a trégua olímpica votada por unanimidade pelas Nações Unidas. Portanto, não é diretamente por causa da guerra. Caso contrário, infelizmente, muitos mais países estariam suspensos", acrescentou.

Em relação à equipa PT de Israel, Lappartient reiterou que era "muito claro que tinha o direito de participar" nas corridas.

"Sei que o Governo espanhol queria que eu a retirasse (da Vuelta), mas com que base legal? E se começarmos por excluir uma equipa, no ano seguinte será outra, sobre outro assunto", disse.

O presidente da UCI voltou a lamentar "o facto de uma prova de ciclismo poder ser tomada como refém".

"Que as pessoas que estão a protestar saltem para a estrada e derrubem os ciclistas é totalmente inaceitável. Ao mesmo tempo, o Primeiro-Ministro apoiou os manifestantes e não é colocando lenha na fogueira que poderemos garantir a segurança das nossas corridas", concluiu.