O clube no qual também surgiram Neymar e Rodrygo vive uma seca de dez anos sem conquistar um grande título. Nesse período, viu rivais como o Flamengo e o Palmeiras a agigantarem-se enquanto passa por uma crise financeira e institucional.
O declínio é evidenciado pelas várias proibições da FIFA para contratar jogadores devido a falta de pagamentos a outros clubes e uma dívida que, em 2020, era superior a 88 milhões de euros.
Isto num clube que, liderado pelo Rei, ganhou tudo em 1962 e 1963. Nesse período, foi bicampeão brasileiro, da Taça Libertadores e Mundial, com vitórias sobre o Benfica de Eusébio e o Milan de Giovanni Trapattoni e Cesare Maldini.

"Contratar um jogador pagando 1,5 milhões por mês é muito fácil, o difícil é pagar. O Santos, infelizmente, passou por esse tipo de erro", disse o presidente do Peixe, Andrés Rueda, à Gazeta Esportiva em agosto.
Seca de títulos
Rueda assumiu a presidência do Santos em dezembro de 2020, quando o clube não podia contratar jogadores devido a uma sanção da FIFA, apesar das receitas milionárias pelas vendas de atletas surgidos da formação, como Neymar (2013 para o Barcelona) e Rodrygo (2018 para o Real Madrid).
A restrição para contratações já não existe e as dívidas diminuíram, de acordo com o presidente.

Mas a seca de títulos é o que mais frustra a claque santista, a nona maior do Brasil com 2,2 milhões de adeptos, segundo um inquérito publicado pelo jornal O Globo em julho.
"A claque tem todo direito de fazer isso (reclamar). Não tem que estar preocupada se o clube tem ou não dinheiro. Querem o melhor para o clube e ver a equipa sempre a ganhar", afirmou Rueda.
Desde 2012, quando derrotou a Universidad de Chile na Supertaça Sul-Americana com Neymar em campo, o Santos não levanta um grande troféu.
De lá para cá, os adeptos tiveram que se contentar com três títulos do Campeonato Paulista (2012, 2015, 2016), dois vice-campeonatos brasileiros (2016, 2019), uma final perdida da Taça do Brasil (2015) e outra da Libertadores (2020). A última vez que o clube conquistou o Brasileirão foi em 2004.
Chegou menino, saiu como rei
Muito pouco para a lembrança de Pelé, que ganhou os dois Mundiais de Clubes do Santos, duas das três Libertadores e seis (cinco deles consecutivos, entre 1961 e 1965) dos seus oito títulos do campeonato brasileiro.

O melhor jogador da história, que vestiu apenas três camisolas em 21 anos de carreira (Santos, New York Cosmos e Seleção Brasileira), marcou 1.091 golos em 1.116 jogos pelo Peixe.
Pelé, que chegou ao Santos com apenas 15 anos em 1956, permaneceu no clube até 1974, período em que correu o mundo ao lado de outros craques como Coutinho, Gilmar, Pepe e Zito.
"Veio menino para o Santos, na Vila Belmiro começou e saiu daqui como Rei. Passou a ser idolatrado não só pela nação santista, mas todo o povo brasileiro e todos os simpatizantes do futebol", afirmou Rueda no dia da morte do eterno ídolo.

Na Vila Belmiro, com capacidade para 16 mil pessoas, o corpo de Pelé será velado num evento aberto ao público de segunda a terça-feira. Nesse último dia, será sepultado num cemitério de Santos, numa cerimónia reservada à família.