Nas últimas épocas, as principais ligas europeias têm assistido ao renascer de velhos históricos. Clubes com uma longa tradição e adeptos extraordinários, que não ganhavam um título há décadas, voltaram a fazê-lo. Vejamos os mais importantes.
Nápoles (Itália)
Depois da gloriosa década de 80, com Diego Armando Maradona como herói absoluto, acompanhado por Ciro Ferrara, De Napoli, Carnevale ou Careca, em que ganhou uma Taça UEFA (1988-1989) e dois Scudetti (86-87 e 89-90), o Nápoles atravessou uma viagem no deserto.
Este facto foi atenuado por três títulos da Taça de Itália. Na época 2011-2012 com Hamsik, Cavani e Lavezzi, em 2013-2014 também com o eslovaco, com Reina, Callejón, Insigne e Higuaín e em 2019-2020, novamente com Insigne, mas para além disso com Di Lorenzo, Fabián e Mertens.
No entanto, o jackpot nacional, o título da Serie A, o Nápoles tinha passado 33 anos sem o ganhar. Há dois anos, na temporada 2022-2023, a capital da Campânia explodiu de júbilo depois de vencer o campeonato com autoridade e merecidamente. Spalletti, o atual selecionador italiano, foi o arquiteto a partir do banco e, em campo, as estrelas foram Kvaratskhelia e Osimhen.
Contra todas as probabilidades, o Nápoles repetiu o seu sucesso esta época. E fê-lo com outros jogadores: Antonio Conte como treinador e Scott McTominay e Romelu Lukaku em campo. A Azzurra acaba de conquistar o seu quarto Scudetto e regressou à elite do futebol italiano para ficar.
Na próxima época, regressam à Liga dos Campeões, onde esperam melhorar o resultado dos quartos de final da época de 2022-2023.
Newcastle (Inglaterra)
Os Magpies conquistaram a Taça da Liga em Wembley, a 16 de março, derrotando o Liverpool por 2-1 na final. Foi o primeiro título nacional do Newcastle em 70 anos, desde a conquista da sua sexta Taça de Inglaterra em 1954-1955. O clube também venceu a Taça das Feiras em 1969, derrotando na final o Ujpest Dozsa, da Hungria.
O projeto de Yasir Al-Rumayyan deu frutos, com Eddie Howe ao leme e grandes jogadores como Burn, Trippier, Tonali, Bruno Guimarães e Alexander Isak. Depois de se ter qualificado para a Liga dos Campeões há duas épocas e de ter sido vice-campeão da Taça da Liga, contra o Manchester United, no mesmo ano, os Toons confirmaram que não estão para brincadeiras.
A verdade é que o Newcastle teve uma equipa notável na década de 1990, que ficou aquém do sucesso em várias ocasiões. Nas épocas de 95-96 e 96-97, foi vice-campeão da Premier League, depois de ter sido derrotado pelo Manchester United no sprint final. A primeira equipa era liderada por Les Ferdinand e David Ginola e a segunda pelo lendário Alan Shearer, bem como por David Batty no meio-campo.
Depois, um segundo lugar na Taça de Inglaterra contra o Arsenal em 97-98 e outro em 98-99 contra o Manchester United, chegando à final graças a Shearer, que viveu os melhores momentos da sua carreira no Newcastle.
Athletic Bilbao (Espanha)
A época passada foi histórica em Bilbau. O Athletic conquistou a Taça do Rei pela primeira vez em 40 anos, depois de vencer o Maiorca nos penáltis, na final em Sevilha. O penálti de Berenguer entrou para o livro de ouro do clube, depois de um empate 1-1 no tempo regulamentar.
A barcaça desceu mais uma vez o rio Nervión, numa receção esmagadora aos campeões. Com exceção das Supertaças de Espanha de 2015 e 2021, ambas conquistadas frente ao Barcelona, o Athletic Bilbao não ganhava um título há quatro décadas.
Desde que aquela lendária equipa treinada por Javier Clemente, que incluía estrelas como Zubizarreta, Goikoetxea, Manu Sarabia, Dani e o atual selecionador nacional Luis de la Fuente, venceu a liga na época de 1982-1983 e fez a dobradinha (liga e taça) em 1983-1984, que não se tinha vivido algo semelhante na capital da Biscaia.
Pelo meio, seis finais da Taça do Rei perdidas (1985 contra o Atlético de Madrid; 2009, 2012 e 2014 contra o Barcelona, 2020 contra a Real Sociedad e 2021 novamente contra o Barcelona) e o mítico vice-campeonato em 97-98 com Luis Fernández no banco e Julen Guerrero, Joseba Etxeberria, Urzaiz ou Ziganda em campo.
Além disso, os encarnados foram vice-campeões da Liga Europa contra o Atlético de Madrid em 2012. Foi o seu segundo vice-campeonato continental, depois da Liga dos Campeões de 1977, quando perdeu para a Juventus a duas mãos. Atualmente, a equipa liderada pelos irmãos Williams e com Ernesto Valverde no banco, terminou a época em quarto lugar, o que significa que vai disputar a próxima edição da Liga dos Campeões. Na Liga Europa, perderam nas meias-finais com o Manchester United, o que os privou de jogar a "sua" final em San Mamés.
Bolonha (Itália)
Em Itália, o Bolonha conquistou a Taça de Itália desta época, depois de vencer o AC Milan na final com um golo solitário de Dan Ndoye no Olímpico de Roma.
Os Felsinei quebraram um jejum de 51 anos sem vitórias, que remontava à temporada 73-74, quando venceram a competição a eliminar.
Os emilianos, que têm sete Scudetti em seu nome, conquistados entre 1924 e 1964, experimentaram um renascimento nos últimos anos.
Na época de 2023-2024, Thiago Motta levou o Bolonha de volta à primeira divisão 60 anos depois, um marco que não era alcançado desde a campanha de 1964-1965. Os Rossoblù terminaram a época numa honrosa quinta posição, o que, devido ao desempenho das equipas italianas na Europa, garantiu um bilhete para a Liga dos Campeões.
Uma equipa liderada por Zirkzee (agora no Manchester United) e Orsolini no ataque, e com jogadores que deram um nível extraordinário, como Skorupski na baliza, Riccardo Calafiori (que no verão assinou pelo Arsenal), Lucumí, Freuler, Ferguson ou Giovanni Fabian. Esta época, chegaram jogadores como o espanhol Juan Miranda, Jens Odgaard, Thijs Dallinga ou Remo Freuler, que mantiveram a equipa viva até ao fim.
Crystal Palace (Inglaterra)
As taças nacionais são normalmente os torneios mais propensos a surpresas e a Taça de Inglaterra coroou esta época o Crystal Palace, que derrotou o Manchester City na final em Wembley, com um golo solitário de Eberechi Eze.
O título foi o primeiro nos seus 164 anos de história. Anteriormente, o clube tinha sido vice-campeão da Taça por duas vezes. Na época 1988-1989, quando perdeu para o Manchester United no play-off (1-0) após um empate 3-3 no primeiro jogo, e em 2015-2016, perdendo 1-2 para os Red Devils.
Estugarda (Alemanha)
Na Alemanha, o Estugarda acaba de conquistar a sua quarta taça, ao vencer o Arminia Bielefeld por 2-4 na final disputada no Estádio Olímpico de Berlim. Marcadores: Nick Woltemade, Enzo Millot, por duas vezes, e Deniz Undav. Os Roten não conquistavam um título desde a conquista do pentacampeonato da Bundesliga na temporada 2006-2007. A última conquista da Taça da Alemanha foi na temporada 96-97, quando o clube derrotou o Energie Cottbus na final, com dois golos de Élber.
Além disso, o Estugarda conquistou duas Taças Intertoto e foi vice-campeão da Taça UEFA em 1989 (perdendo a final para o Nápoles) e da Taça dos Vencedores das Taças em 1998 (perdendo para o Chelsea).
Bayer Leverkusen (Alemanha)
Sem sair da Alemanha, temos o Bayer Leverkusen, que esta época está de mãos vazias, à exceção da Supertaça conquistada em agosto, mas que na época anterior fez história com Xabi Alonso no banco e jogadores como Grimaldo, Tah, Frimpong, Wirtz, Boniface e Schick.
O Die Werkself conquistou o primeiro título da Bundesliga da sua história, a sua segunda Taça (a primeira foi em 92-93) e foi vice-campeão da Liga Europa, perdendo com a Atalanta no jogo decisivo. Em 1988, venceu a Taça UEFA, derrotando o Espanhol nos penáltis na final, naquele que foi, juntamente com a Taça da Alemanha de 1993, o seu único título até ao ano passado.